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sexta-feira, 24 de agosto de 2018

O SEXTO MANDAMENTO: NÃO MATARÁS


CAIM BRIGA COM SEU IRMÃO – DAVI SE RECUSA A MATAR SAUL.
INTRODUÇÃO: O sexto mandamento enfatiza a santidade da vida. Deus dá uma determinação bastante objetiva, proibindo o assassinato, ou seja: nenhum indivíduo tem o direito de tirar a vida do outro. As leis que emanam de Deus não são entre si. Nesse sentido, as determinações dadas ao governo constituído de Israel, delegando o poder de exercitar a pena capital, não significam quebra do sexto mandamento, mas uma forma de executar justiça quando esse mandamento não foi cumprido.
Nesse estudo queremos examinar o que significa "não matarás" e o que está envolvido nessa determinação, para nós crentes, no sentido de que estejamos ativamente cumprindo o mandamento, e não apenas por omissão.
Vamos analisar as ações de Caim e de Davi, em duas situações bem específicas e conhecidas, que retratam a desobediência da quebra e a benevolência que caracteriza o cumprimento do sexto mandamento.
A santidade da vida é uma determinação divina e isso é evidente no sexto mandamento. A inferência desse mandamento é que todas as ações que prejudiquem a integridade física do próximo são passos preliminares de atentado à vida e constituem quebra do sexto mandamento.
Essa visão bíblica de santidade da vida, encontrada neste mandamento e em outras passagens da Palavra de Deus, contrasta com os costumes dos povos pagãos daquela época, que rodeavam a nação de Israel, onde a vida humana era algo considerado sem valor ao ponto de muitas cerimônias religiosas prescreverem o sacrifício humano, de forma banal e corriqueira.
Mas o contraste não está segregado ao passado. Contemporaneamente, o Cristianismo continua diferindo em sua compreensão do valor da vida, com a postura religiosa e genocida de muitos povos. Temos testemunhado as barbaridades cometidas em Ruanda, Burundi e outros países africanos e europeus, onde a etnia e identificação religiosa é causa suficiente para a perda da vida ou mutilação até de crianças de berço. Em alguns desses países as execuções em massa, por facões e machados, atingiram mais de um milhão de pessoas. Na Argélia, muçulmanos "fundamentalistas" têm massacrado aldeias inteiras, semeando o terror e a insegurança. Na Indonésia e no Timor, multidões inflamadas por slogans muçulmanos, têm perseguido cristãos, queimado igrejas e assassinado centenas de pessoas.
Talvez o caso mais aberrante dos tempos modernos tenha sido o da Alemanha nazista, onde métodos de execução em massa foram aperfeiçoados. Mas, na medida em que a sociedade ocidental vai perdendo certos princípios cristãos de sua legislação e abraça uma visão cada vez mais abrangente de permissividade e impunidade, observamos a vulgarização da vida, com o aumento gradativo da criminalidade e da violência.
O fundamento bíblico para a proibição ao assassinato é que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26). Essa é a razão principal para que sua vida deva ser respeitada (Gn 9.6). A Palavra de Deus trata com extrema severidade os assassinos e as pessoas violentas. O sexto mandamento declara de forma sucinta e objetiva o erro e o pecado de se atentar contra a vida de outrem.
II. O PRIMEIRO ASSASSINATOO CARÁTER EA DESOBEDIÊNCIA DE CAIM
Gn 4.1-16 relata o primeiro assas­sinato. Obviamente a pessoa de Caim e o incidente registrado, antecedem a formalização da lei moral de Deus, conforme encontramos nos dez mandamentos. No entanto, o caráter de Deus não muda. Sua lei moral reflete esse caráter e a sua justiça. O registro desse incidente ocorre também para nos ensinar que é errado uma pessoa matar outra. Deus já abominava a violência na face da terra, consequência nefasta do pecado de Adão. O ato pecaminoso de Caim demonstra a quebra dos princípios colocados no sex­to mandamento. Ao estudarmos o incidente, podemos extrair as seguintes lições:
A.  O pecado de Caim começou com uma desobediência
Deus havia prescrito a forma pela qual ele devia ser adorado. Caim queria fazer as coisas do seu modo. Quantas vezes desprezamos a Palavra de Deus e passamos a fazer o que pensamos, ou o que queremos, do nosso modo, sem nos importarmos com o que ele prescreve para o nosso bem?
B.  Uma pergunta que incomoda
"por que Deus não aceitou o sacrifício de Caim? Afinal, ele parecia sincero, em seus propósitos..." Análise do incidente, entretanto, mostra que a questão é muito mais profunda do que apenas uma preferência divina entre os tipos de oferendas de Caim e de Abel. A essência do caráter dos ofertantes e a devoção a Deus, da parte de cada um é de grande importância, na compreensão do que se passou. Existem, em adição, outras passagens bíblicas que nos mostram quem era realmente Caim e de onde procedeu o seu sacrifício. Por exemplo, Hb 11.4 nos fala que Abel agiu pela fé. A inferência é que Caim não foi motivado pela fé.
C. O caráter e a predisposição de Caim
O próprio texto, no v. 6, nos trás uma luz adicional sobre essa questão. Deus pergunta: por que estás irado? Em vez de se humilhar perante o Criador, ele se irou contra Deus. O v. 7 aprofunda a nossa percepção sobre ele. Deus deixa antever que o submete a um teste e chama atenção para o seu mal procedimento, colocando sobre seus ombros a responsabilidade de autodomínio (se todavia procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo). No v. 8, o texto registra que ... se levantou Caim contra Abel, seu irmão, e o matou.
D. Filho de Satanás
1 João 3.11-12 nos diz, em adição, que Caim era ... do maligno..., significando que ele não possuía Deus em seu coração e era filho de Satanás.
E. O caminho da ganância
Judas 11, falando sobre o caráter e ações dos ímpios, menciona o ... caminho de Caim..., identificando este com o caminho dos ímpios e descrevendo-o como sendo um caminho cheio de ganância.
F.  O mal exemplo imitado
O resultado das ações inauguradas por Caim não tardou. Ele abriu caminho para o desrespeito à vida. Em Gn 6.11 lemos que logo ... a terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus, e encheu-se a terra de violência. Por causa dessa violência, Deus executou julgamento e destruiu a todos, exceto a Noé e à sua família.
Os capítulos 24 e 26 de 1 Samuel relatam duas ocasiões em que Davi esteve prestes a tirar a vida de Saul, que o perseguia com inveja e rancor, mas teve respeito por sua vida e a poupou. Veja as circunstâncias e fatos desses incidentes:

O perigo que Davi sofria era real
Saul possuía três mil homens escolhidos, contra os seiscentos esfarrapados de Davi. A Bíblia nos diz, ainda, que o negócio de Saul – ou seja sua prioridade e ocupação principal - era "tirar a vida" de Davi (23.15) e que ele "maquinava o mal" contra Davi (23.9).
Davi já havia sido ungido rei pelo profeta Samuel
Isso significa que quanto mais cedo Saul morresse, mais cedo seria ele rei de fato. A tentação para realmente tirar a vida daquele que o perseguia e o atormentava, também nesse sentido, devia ser grande (16.12 e 13).
Davi possuía o temor do Senhor em seu coração
Por essa razão (24.5-7) não quebrou o sexto mandamento e arrependeu-se até de ter cortado a vestimenta de Saul.
Davi respeitava a Deus
No segundo incidente (cap. 26) Davi mais uma vez poupa a vida de Saul (9 a 11), por respeito a Deus.

IV. JESUS CRISTO E O SEXTO MANDAMENTO
Jesus ensina que por trás da quebra do sexto mandamento está o ódio que as pessoas vão alimentando em seu coração umas pelas outras. Temos a tendência de irmos armazenando mágoas recolhidas que só se agravam com o passar dos dias. No Sermão do Monte (Mt 5.21-26) ele nos mostra que quebramos o sexto mandamento quando temos ódio por nosso irmão.
Jesus enfatiza a importância da re­conciliação para a prática sincera da religião verdadeira. Ele nos diz que antes mesmo de nos chegarmos a Deus, para adorá-lo, devemos nos reconciliar com nossos desafetos. Vemos, portanto, que para desobedecer o sexto mandamento, no seu sentido mais amplo, não precisamos sair por aí atirando assassinando pessoas. Podemos quebrá-lo só em atitudes. Como anda o nosso coração para com os nossos irmãos?
Nada tem contribuído mais para a desobediência ao sexto mandamento e para a intensificação da violência do que a diluição das punições estabelecidas pelo criador para os crimes contra a vida. A sociedade moderna se orgulha de ter uma "visão progressista", de ter caminhado a passos largos na compreensão dos direitos dos homens. No entanto, despreza as diretrizes divinas e coloca a sua compreensão das questões acima das prescrições e mandamentos de Deus. O humanismo substituiu o respeito e submissão ao Deus de toda sabedoria. O homem acha que sabe melhor do que o próprio Criador o que é melhor para si próprio e para a sociedade. Nem a própria fragmentação dessa sociedade, nem a visão pragmática moderna – que mostra que os princípios humanos são falhos e não funcionam na vida real, é suficiente para corrigir a cegueira espiritual que assola os homens. Para maior tristeza temos também muitos cristãos absorvendo pontos de vista do mundo, sem submetê-los ao crivo das instruções das Escrituras.
A pena de morte é um assunto atual. Ela é discutida em todos os setores da sociedade, mas raramente procura-se examinar, de forma isenta, o que a Bíblia realmente ensina a esse respeito. Dentro do nossos estudo, será que o sexto mandamento não elimina a possibilidade de aplicação da pena de morte? Não deveriam todos os evangélicos fazer coro com os que se posicionam contrário à aplicação dessa punição considerada tão bárbara e antiquada?
Os seguintes pontos podem nos orientar na formação de uma opinião bíblica sobre a questão:
a.  A pena de morte foi instituída no Antigo Testamento não porque Deus desse pouca vai idade à vida das pessoas, mas exatamente porque ele considera essas vidas extremamente importantes. Nesse sentido, perdia direito à sua própria vida qualquer um que ousasse atentar contra a criatura formada à imagem e semelhança do seu Criador. Esta foi a base da instituição da pena de morte, em Gn 9.6.
b.  Notamos, nesse mesmo trecho, que a pena de morte antecede a lei judicial ou civil da nação de Israel. Ou seja, na lei civil de Israel, temos desdobramentos e detalhamentos da pena capital, mas não o seu surgimento. Ela foi comandada à raça humana, em termos gerais, representada por Noé e seus descendentes, da mesma forma que o mandamento adâmico de "povoar a terra" é reafirmado, no v. 7, a Noé.
c.  O sexto mandamento não constitui uma proibição à pena de morte. Primeiro, é evidente que a pena de morte (nas várias situações registradas e prescritas) procede do mesmo Deus que deu o mandamento – essas determinações não são, portanto, contraditórias entre si. Segundo, do ponto de vista linguístico, "matar", no sexto mandamento, significa "assassinar". A proibição do mandamento é contra o assassinato por indivíduos e não contra uma execução pelos poderes constituídos, aplicada exatamente em função da quebra desse mesmo mandamento.
d.  A execução das sentenças nunca foi entregue, por diretrizes bíblicas, desqualificadamente a indivíduos ou organizações fora do governo estabelecido. Tais grupos não possuem nenhum direito sobre a vida de quem quer que seja, por mais legítima que venham a parecer as causas ou razões. A prova disso é a própria instituição das Cidades de Refúgio estabelecidas por Deus (Nm 35.9-34). Nessas cidades, até os assassinos confessos e declarados mereciam proteção temporária da fúria vingativa dos parentes próximos da pessoa assassinada, pois o direito de fazer pagar com a vida não fora dele­gado indiscriminadamente aos parentes e aos amigos da vítima, mas somente após o julgamento devido pelos anciãos – representando o governo constituído. Por esses princípios, o crente deve ser contra os grupos de extermínio e de linchamento, que, dando a aparência de execução de justiça, promovem na realidade a anarquia e a desconsideração pela vida, eliminando a possibilidade de verificação isenta dos fatos e dos possíveis crimes cometidos. Esses grupos e pessoas quebram, sem dúvida, o sexto mandamento.
e.  Não podemos, igualmente, defender a aplicação da pena de morte para todas as situações temporais prescritas na lei mosaica (por exemplo – pela quebra do sábado), pois a legislação civil de Moisés destinou-se a uma nação específica, numa época específica, dentro de específicas circunstâncias, com propósitos definidos da parte e supervisionados pelo próprio Deus.
f.    Parece-nos, entretanto, que a defesa da pena de morte, aplicada contra assassinatos, baseada nos princípios de Gn. 9.6, é uma atitude coerente com o horror à violência demonstrado na Palavra de Deus. A Bíblia é contra a impunidade que reina em nossos dias, contra o desrespeito à vida e contra a violência. Essa violência, que é fruto do pecado, é uma prova irrefutável da necessidade de regeneração do homem sem Deus e não pode ser combatida, com a mesma violência, por indivíduos ou grupo paramilitares, mas é responsabilidade do governo constituído. A Bíblia é pela lei e pela ordem, pelo respeito à propriedade e à vida, pelo tratamento da violência dentro dos parâmetros legais do governo.
g.  Esse entendimento parece igualmente substanciado pelo Novo Testamento. Quando Paulo escreve em Rm 13.1-5, sobre as atribuições do governo, percebemos que a pena de morte não é para ser aplicada por qualquer um, mas faz parte das atribuições de um governo sério, que... não traz a espada em vão. Essa á a autoridade que é delegada por Deus, contra os malfeitores.
h. Esse é, igualmente, o entendimento da Confissão de Fé de Westminster (cap. XXIII) e do Catecismo Maior (perguntas 135 e 136). As afirmações das res­postas a essas perguntas não deixam margens a dúvidas, que aqueles teólogos consideravam a pena de morte bíblica e aplicável. Estavam isentos e imunes dos argumentos humanistas que posteriormente viriam a permear as convicções éticas, práticas e teológicas do mundo evangélico. Além de outras considerações, a pergunta e resposta 135 diz que os deveres exigidos no sexto mandamento compreendem "...todo o cuidado e todos os esforços para preservar a nossa vida e a de outros"; e a 136, diz, com relação aos "... pecados proibidos no sexto mandamento": ...o tirar a nossa vida ou a de outrem, exceto:
a.   No caso da justiça pública
b.  No caso de guerra legítima
c.   No caso de defesa necessária
Muito mais poderia ser escrito a respeito deste assunto polêmico, mas qual é a sua conclusão? Ela é biblicamente defensável, ou reflete apenas a opinião da maioria, ou o humanismo da nossa era? Como podemos ativamente obedecer o sexto mandamento e promover a sua obediência?
P. 134. Qual é o sexto mandamento?
R. O sexto mandamento é: "Não matarás." Ref.: Êx 20.13.
P. 135. Quais são os deveres exigidos no sexto mandamento?
R.: Os deveres exigidos no sexto mandamento são todo empenho cuidadoso e todos os esforços legítimos para a preservação de nossa vida e a de outros, resistindo a todos os pensamentos e propósitos, subjugando todas as paixões, e evitando todas as ocasiões, tentações e práticas que tendem a tirar injustamente a vida de alguém; por meio de justa defesa dela contra a violência; por paciência em suportar a mão de Deus; sossego mental, alegria de espírito e uso sóbrio da comida, bebida, remédios, sono, trabalho e recreios; por pensamentos caridosos, amor. compaixão, mansidão, benignidade, bondade, comportamento e palavras pacíficos, brandos e corteses; a longanimidade e prontidão para se reconciliar, suportando pacientemente e perdoando as injúrias, dando bem por mal, confortando e socorrendo os aflitos, protegendo e defendendo o inocente.
Ref.: Ef 5.29; Mt 10.23; SI 82.4; Dt 22.8; Mt 5.22; Jr 26.15,16; Ef4.26; Pv 22.24,25; 1 Sm 25.32,33; Pv 1.10,11,15; Mt4.6,7; lRs 21.9,10,19; Gn 37.21,22; ISm 24.12; ISm 26.9-11; Pv 24.11,12; ISm 14.45; Lc 21.19; Tg 5.8; Hb 12.5; SI 37.8.11: lPe 3.3,4; Pv 17.22; lTs 5.16; Pv 23.20; Pv25.16;Pv 23.29,30; lTm5.23; Mt9.12; Is 38.21; SI 127.2; 2Ts 3.10,12; Mc6.31; lTm4.8; ICo 13.4,5; ISm 19.4,5;Rm 13.10; Pv 10.12; Zc 7.9; Lc 10.33,34; Cl 3.12; Rm 12.18: lPe3.8,9; ICo 4.12,13; Cl 3.13; Tg 3.17; lPe 2.20: Rm 12.20,21; Mt 5.24; lTs 5.14; Mt 25.35,36; Pv 31.8,9; Is 58.7.
P. 136. Quais são os pecados proibidos no sexto mandamento?
R.: Os pecados proibidos no sexto mandamento são: o tirar a nossa vida ou a de outrem. exceto no caso de justiça pública, guerra legítima, ou defesa necessária; a negligência ou retirada dos meios lícitos ou necessários para a preservação da vida; a ira pecaminosa, o ódio, a inveja, o desejo de vingança; todas as paixões excessivas e cuidados demasiados; o uso imoderado de comida, bebida, trabalho e recreios; as palavras provocadoras; a opressão, a contenda, os espancamentos, os ferimentos e tudo o que tende à destruição da vida de alguém. Ref.: At 16.28; Gn 9.6; Nm 35.31,33: Dt 20.1-20; Hb 11.32-34; Êx 22.2; Mt 25.42,43; Tg 2.15,16; Mt 5.22; Uo 3.15; Pv 10.12; Pv 14.30; Rm 12.19; Tg 4.1; Ef 4.31; Mt 6.3 1,34; Lc 21.34; Êx 20.9,10; 1 Pe 4.3,4; Pv 15.1; Pv 12.18: Is 3.15; Êx 1.14; Gl 5.15; Nm 35.16; Pv 28.17; Êx 21.18-36.

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