O Credo Apostólico é o mais conhecido dos credos. É um breve resumo da fé
cristã, está de acordo com a Palavra de Deus, e é aceito desde a antiguidade
pelas igrejas de Cristo.
É usado hoje como expressão maior da fé cristã e o seu propósito é
expressar as verdades bíblicas essenciais.
Nunca a Igreja precisou tanto do Credo como hoje. Com tanta confusão
religiosa e doutrinária, a igreja precisa confessar, ensinar e defender aquilo
em que acredita, tendo como base a Bíblia Sagrada, única regra de fé e prática.
Conhecer um pouco da importância que tem os credos, especialmente o “Credo
apostólico” é interessante para que se possa entender que a fé possui um
conteúdo, que precisa ser confessado.
Creio que estamos vivendo o momento previsto por Paulo: Tempo em que não
suportarão a sã doutrina e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se
às fábulas (2Tm 4.3,4). A solução bíblica para este problema é a pregação da
Palavra de Deus, a sã doutrina. E uma das maneiras em que a sã doutrina está
sistematizada e pode ser estudada e pregada é através dos credos elaborados
pela Igreja Cristã através da História.
O Credo dos Apóstolos
continua a ser usado hoje como expressão maior da fé cristã. Neste trimestre
iremos utilizá-lo como esboço para o ensino doutrinário:
Creio em Deus Pai,
Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra.
Creio em Jesus Cristo,
seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo;
nasceu da virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado,
morto e sepultado; desceu ao Hades; ressurgiu dos mortos ao terceiro dia; subiu
ao céu; está sentado à mão direita de Deus Pai, Todo-Poderoso, donde há de vir
para julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo; na santa igreja universal; na
comunhão dos santos; na remissão dos pecados; na ressurreição do corpo; na vida
eterna. Amém.
QUE SÃO OS CREDOS
A palavra Credo é do latim "credo", que denota uma postura ativa
de "eu creio". Eu creio, logo, eu confesso (Credo, ergo confiteor). A
origem do credo está na natureza do crente. Segundo o ensinamento de Jesus
Cristo, registrado nos Evangelhos (Novo Testamento), a pessoa que desejasse
segui-lo deveria assumir um compromisso público. A confissão pública de fé e o
batismo com água marcavam o início da vida cristã do seguidor de Jesus. Veja o
exemplo nos versículos seguintes:
"Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu
o confessarei diante de meu Pai, que está no céu" (Mateus 10.32).
"Quem crer e for batizado será salvo" (Marcos 16.16).
Na Igreja Cristã
primitiva, da experiência de fé do crente, o credo passou a ser uma fórmula
fixa que resumia os artigos essenciais da religião cristã, sempre com a sanção
de uma autoridade eclesiástica. O propósito dos credos sempre foi o de
expressar verdades bíblicas essenciais. Os credos tiveram sempre quatro funções:
Confissão de fé recitada pelo fiel na hora do batismo (Rm 10.9,10).
Após o batismo servia como roteiro para a instrução catequética na
doutrina cristã.
Com o surgimento de tantas heresias, o credo tornou-se como uma chave para
a compreensão correta da Bíblia.
Durante o ato de culto, o credo passou a ser recitado como uma expressão
de adoração a Deus.
Os credos mais
importantes da Igreja Cristã, elaborados e aprovados nos primeiros séculos são:
Credo Apostólico, Credo Atanasiano, Credo Niceno-Constantinopolitano e Credo de
Calcedônia. Estes são eclesiasticamente chamados de "Credos
Ecumênicos", pois expressaram o pensamento doutrinário da Igreja
Primitiva como um todo, nos primeiros cinco séculos da era cristã. Também
porque receberam a sanção de concílios eclesiásticos e ecumênicos da Igreja
Cristã: Niceia (325 d.C.), Constantinopla (381 d.C.), Éfeso (431 d.C.) e Calcedônia
(451 d.C.).
O CREDO APOSTÓLICO
O Credo Apostólico tem a sua origem no Credo Romano Antigo (Século II),
sendo modificado através dos séculos por algumas injunções doutrinárias,
chegando à sua forma atual, por volta do sétimo século.
Observe que a sua estrutura é trinitária, ou seja, é uma confissão de fé
na
Trindade Divina. Em primeiro lugar, é afirmada a fé em Deus Pai,
Todo-Poderoso e Criador. Mas a parte essencial é a confissão a respeito de
Jesus Cristo, único Filho de Deus e Senhor nosso, com destaque aos eventos da
sua concepção, nascimento, sofrimento, crucificação, ressurreição, ascensão,
exaltação e juízo final.
Quando o Credo Apostólico afirma a realidade da humanidade e a
historicidade de Jesus, o objetivo é combater os argumentos dos marcionistas e
docéticos, os quais afirmavam que Jesus não foi uma pessoa plenamente humana.
Por outro lado, ao afirmar a concepção de Jesus como obra do Espírito Santo por
meio da virgem Maria e a sua exaltação após a ressurreição, o objetivo é
reafirmar a divindade de Jesus Cristo. Jesus Cristo era verdadeiramente Deus e
verdadeiramente homem.
A última parte declara a
fé na pessoa do Espírito Santo e na santa igreja universal, na comunhão dos
santos, no perdão dos pecados, na ressurreição do corpo e na vida eterna.
A NECESSIDADE DO CREDO
Geralmente, nos movimentos religiosos marcados pelo misticismo, os fiéis
se reúnem em torno de pessoas ou de um líder maior. Quando o líder fracassa, o
movimento chega ao fim. Leia os argumentos de Gamaliel (At 5.33-39).
A Igreja de Jesus Cristo tem como característica principal a
confessionalidade, ou seja, não se reúne em torno de pessoas, mas de doutrinas.
As pessoas passam, mas as verdades de Deus permanecem. Na Igreja Primitiva, os
cristãos "perseveravam na doutrina dos apóstolos" (At 2.42). Os
apóstolos morreram, mas a Igreja continua ensinando e vivendo as suas doutrinas
(Ef 2.19,20). O conteúdo da doutrina dos apóstolos foi fornecido por Jesus
Cristo (Jo 7.17; 1Co 11.23; 1 Jo 1.1-6; 2Pe 1.17-21). Jesus Cristo é o "espírito
da profecia" e reunir- se em torno de Jesus é reunir-se em torno da sua
Palavra. Ele vive e a sua Palavra permanece para sempre!
Nunca a Igreja precisou
tanto do Credo como hoje. Com tanta confusão religiosa e doutrinária, a Igreja
precisa confessar, ensinar e defender aquilo em que ela acredita. O pluralismo,
o relativismo, o subjetivismo, o pragmatismo e o mundanismo se têm infiltrado
na Igreja de forma avassaladora e impiedosa. Precisamos resistir à
secularização da Igreja, à profanação do sagrado (Fp 1.27; Jd 3; 2 Pe 3.16). A
pureza doutrinária é vital à sobrevivência da Igreja.
CONCLUSÃO
Philip Melanchton, grande reformador do século 16 disse: Nenhuma fé é
firme se não é mostrada em confissão. Não pode existir uma fé verdadeira em
Deus que não se expresse por meio de uma formulação doutrinária. Creio, logo
confesso.
É importante frisar que a autoridade dos credos não é absoluta e
infalível. A Bíblia é a única regra infalível e absoluta de fé e prática do
cristão. Como o Credo é uma formulação humana, a sua autoridade é secundária e
derivada da Bíblia.
PARA DISCUTIR
1.
Qual o valor do Credo Apostólico para a Igreja hoje?
2.
Existe alguma base bíblica para a formulação dos credos?
3.
O que significa a expressão "lutar juntos pela fé evangélica"
(Fp 1.27)?
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