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quinta-feira, 30 de agosto de 2018

JESUS VENCEU A MORTE


Devocionário Cada dia – LPC Comunicações
“Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito. Vinde ver onde ele jazia” Mt 28.6

Jesus foi concebido pelo Espírito Santo no ventre de uma virgem, nasceu numa manjedoura, cresceu numa carpintaria e morreu numa cruz. Aquele que andou por toda a parte fazendo o bem e libertando os oprimidos do diabo, foi preso, acusado, condenado, pregado na cruz e sepultado, mas ressuscitou ao terceiro dia. Seu túmulo foi aberto de dentro para fora. Os grilhões da morte não puderam retê-lo. Ele arrancou o aguilhão da morte e matou a morte com sua morte, pois ressuscitou dentre os mortos como as primícias daqueles que dormem.

Agora a morte não tem mais a última palavra. A morte foi vencida e tragada pela vitória de Cristo. Jesus é a ressurreição e a vida. Aquele que nele crê não está mais debaixo do jugo da morte, o rei dos terrores, mas passou da morte para a vida. Não precisamos mais ter medo do amanhã, pois a morte não é o ponto final da existência. Caminhamos não para um túmulo gelado, mas para a gloriosa ressurreição.

Receberemos um corpo imortal, incorruptível, poderoso, glorioso, celestial, semelhante ao corpo da glória de Cristo. Podemos, então, dizer como Paulo: “Para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro”. Sua ressurreição é a garantia de que nós também ressuscitaremos. Ele é o primogênito dos mortos. Nós seguiremos suas pegadas!


A ÉTICA NOSSA DE CADA DIA


Todos nós tomamos diariamente dezenas de decisões, resolvendo aquilo que tem a ver com nossa vida, a vida da empresa e de nossos semelhantes. Ninguém faz isso no vácuo. Antigamente pensava-se que era possível pronunciar-se sobre um determinado assunto de forma inteiramente objetiva, isto é, isenta de quaisquer pré-concepções. Hoje, sabe-se que nem mesmo na área das chamadas ciências exatas é possível fazer pesquisa sem sermos influenciados pelo que cremos. Ao elegermos uma determinada solução em detrimento de outra, o fazemos baseados num padrão, num conjunto de valores do que acreditamos é certo ou errado. É isso que chamamos de ética: o conjunto de valores ou padrão pelo qual uma pessoa entende o que seja certo ou errado e toma decisões. Cada um de nós tem um sistema de valores interno que consulta (nem sempre, a julgar pela incoerência de nossas decisões...!) no processo de fazer escolhas. Nem sempre estamos conscientes dos valores que compõem esse sistema, mas eles estão lá, influenciado decisivamente nossas opções.
Os estudiosos do assunto geralmente agrupam as alternativas éticas de acordo com o seu princípio orientador fundamental. As chamadas ÉTICAS HUMANÍSTICAS tomam o ser humano como seu princípio orientador, seguindo o axioma de Protágoras, "o homem é a medida de todas as coisas". O hedonismo, por exemplo, ensina que o certo é aquilo que é agradável. Freqüentemente somos motivados em nossas decisões pela busca secreta do prazer. O individualismo e o materialismo modernos são formas atuais de hedonismo. Já o utilitarismo tem como princípio orientador o que for útil para o maior número de pessoas. O nazismo, dizimando milhares de judeus em nomes do que é útil, demonstrou que na falta de quem decida mais exatamente o sentido de "útil", tal princípio orientador acaba por justificar os interesses de poderosos inescrupulosos e o egoísmo dos indivíduos. O existencialismo, por sua vez, defende que o certo e o errado são relativos à perspectiva do indivíduo e que não existem valores morais ou espirituais absolutos. Seu principio orientador é que o certo é ter uma experiência, é agir — o errado é vegetar, ficar inerte. O existencialismo é o sistema ético dominante em nossa sociedade moderna, que tende a validar eticamente atitudes tomadas com base na experiência individual.
A ÉTICA NATURALÍSTICA toma como base o processo e as leis da natureza. O certo é o natural — a natureza nos dá o padrão a ser seguido. A natureza, numa primeira observação, ensina que somente os mais aptos sobrevivem e que os fracos, doentes, velhos e debilitados tendem a cair e desaparecer à medida em que a natureza evolui. Logo, tudo que contribuir para a seleção do mais forte e a sobrevivência do mais apto, é certo. Numa sociedade dominada pela teoria evolucionista não foi difícil para esse tipo de ética encontrar lugar. Cresce a aceitação pública do aborto (em caso de fetos deficientes) e da eutanásia (elimina doentes, velhos e inválidos).
Os cristãos entendem que éticas baseadas exclusivamente no homem e na natureza são inadequadas, já que ambos, como os temos hoje, estão profundamente afetados pelos efeitos da entrada do pecado no mundo. A ÉTICA CRISTÃ, por sua vez, parte de diversos pressupostos associados com o Cristianismo histórico. Tem como fundamento principal a existência de um único Deus, criador dos céus e da terra. Vê o homem, não como fruto de um processo evolutivo (o que o eximiria de responsabilidades morais) mas como criação de Deus, ao qual é responsável moralmente. Entende que o homem pecou, afastando-se de Deus; como tal, não é moralmente neutro, mas naturalmente inclinado a tomar decisões movido acima de tudo pela cobiça e pelo egoísmo (por natureza, segue uma ética humanística ou naturalística). Um outro postulado é o de que Deus enviou seu Filho Jesus Cristo ao mundo para salvar o homem. Mediante fé em Jesus Cristo, o homem decaído é restaurado, renovado e capacitado a viver uma vida de amor a Deus e ao próximo. A vontade de Deus para a humanidade encontra-se na Bíblia. Ela revela os padrões morais de Deus, como encontramos nos 10 mandamentos e no sermão do Monte. Mais que isso, ela nos revela o que Deus fez para que o homem pudesse vir a obedecê-lo.
A ÉTICA CRISTÃ, em resumo, é o conjunto de valores morais total e unicamente baseado nas Escrituras Sagradas, pelo qual o homem deve regular sua conduta nesse mundo, diante de Deus, do próximo e de si mesmo. Não é um conjunto de regras pelas quais o homem poderá chegar a Deus – mas é a norma de conduta pela qual poderá agradar a Deus que já o redimiu. Por ser baseada na revelação divina, acredita em valores morais absolutos, que são a vontade de Deus para todos os homens, de todas as culturas e em todas as épocas.
Autor: Rev. Augustus Nicodemus Lopes
* Artigo do Rev. Dr. Augustus Nicodemus Lopes, publicado na revista MACKENZIE, edição nº 3

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

O VÉU RASGOU DE ALTO A BAIXO


Devocionário Cada dia – LPC Comunicações
“Eis que o véu do santuário se rasgou [...]de alto a baixo; tremeu a terra, fenderam-se as rochas; abriram-se os sepulcros...” Mt 27.51,52

Jesus, o Filho de Deus, foi preso, acusado, julgado, condenado e pregado na cruz. No topo do Calvário proferiu sete palavras de vida: palavras de perdão, salvação, cuidado filial, agonia, desamparo, vitória e rendição. Ao render seu espírito ao Pai, o véu do santuário rasgou-se de alto a baixo; a terra tremeu, as pedras se fenderam, os sepulcros foram abertos e os mortos ressuscitaram. O véu do templo separava o lugar santo do santo dos santos, onde só o sumo sacerdote entrava uma vez por ano.

Com a morte de Cristo, todos os que creem nele são feitos sacerdotes e têm livre acesso à presença de Deus. Não precisamos mais de alguém que nos represente. O caminho foi aberto. Temos livre acesso ao trono da graça. Fomos reconciliados com Deus e feitos filhos de Deus. Seu sacrifício garantiu-nos redenção. Nós, que estávamos longe, fomos aproximados. Nós, que éramos escravos, fomos declarados livres. Nós, que estávamos mortos, recebemos vida.

O véu que nos impedia de entrar no santo dos santos foi rasgado de alto a baixo. A barreira foi removida. O obstáculo foi tirado. Ele é o nosso Mediador. Ele é a porta do céu, o novo e vivo caminho para Deus. Nele temos copiosa redenção. Em seu sangue temos completo perdão. Por sua morte recebemos vida eterna.


terça-feira, 28 de agosto de 2018

A EUTANÁSIA E O ABORTO (parte 2)

Aqueles que defendem a eutanásia não gostam de classificar o aborto como tal, mas existe muita semelhança, porque o aborto, como está sendo amplamente praticado em vários países do mundo ocidental, é o término de uma vida humana, baseado numa decisão utilitária de outra pessoa. Também diz-se que o feto não possui ainda "qualidade de vida". Podemos ver, assim, a semelhança da argumentação com a defesa da eutanásia. Não é nosso propósito tratar do aborto, mas esse é claramente contrário à palavra de Deus, que se refere ao feto como uma pessoa em vário trechos (ex.: Salmo 51.5; Lucas 1.41).

Qual Seria o Padrão Para Determinar o Término da Vida?
Os que defendem o término prematuro da vida dizem que a definição de interrupção da vida não é aleatória, mas segue certas regras pré-estabelecidas. Por elas o julgamento seria exercitado. Mas essas regras, quando examinadas, mostram-se subjetivas e realmente aleatórias. Por exemplo, os defensores do aborto dizem que o padrão de julgamento para sua execução é unicamente a mera vontade da mãe: "a mulher é dona de seu próprio corpo...", dizem e se a gravidez não tiver sido desejada a vida pode ser terminada. Nos abortos chamados de "terapêuticos" os pontos a considerar são a possibilidade de morte da mãe e a possibilidade de problemas físicos ou mentais, do bebê a nascer. É fácil de ver que assim que abrimos portas começamos a atravessar barreiras éticas estabelecidas pela Palavra de Deus e a tomar decisões egoístas, que não nos competem e que fogem à nossa capacidade de conhecimento. Se as definições nesse campo forem meramente práticas podemos, com facilidade, cair no que ocorre na Índia onde o aborto é praticado, ainda que ilegalmente, como base de seleção do sexo da criança. Semelhante definição é encontrada em muitas tribos de índios, que matam o primeiro recém-nascido se for do sexo feminino (a antiga prática da tribo Dâw, no norte do Amazonas, por exemplo, é a de deixar o primeiro recém-nascido, se do sexo feminino, ao relento para morrer por falta de cuidado).
Será que o padrão de término de uma vida pode ser assim subjetivamente estabelecido? Ele poderia ser dependente apenas da cabeça e das conclusões de cada um? Se esse padrão, ou essa maneira de gerarmos padrões, for aceita, o que impedirá de partirmos da eutanásia e aborto voluntário para a eutanásia e aborto imposto? O que impedirá que as pessoas virem vítimas, não apenas de seus próprios pecados e decisões erradas próprias, mas também de políticas populacionais, sociais, ou raciais, estabelecidos por um organismo maior – governamental ou eclesiástico? Vamos passar a defender o aborto obrigatório para diminuir os bolsões de pobreza? Não podemos esquecer o que já aconteceu na história. Na Alemanha Nazista do III Reich havia uma expressão: leibensunwertes Leben – "a vida que não vale a vida". Com esse moto justificou-se o genocídio e a matança de judeus, ciganos e pessoas aleijadas, pois a vida deles não "valia a pena ser vivida". Hoje em dia vemos a nossa sociedade usurpar o lugar de Deus e procurar passar a determinar sobre quem deve ou pode morrer, fugindo totalmente aos padrões estabelecidos por Deus, em Sua Palavra.

Alguns Pontos Essenciais a Lembrar.
No meio desse debate, vamos nos lembrar desses seguintes pontos essenciais que nos são ensinados na Bíblia:

a. A vida é uma dádiva preciosa de Deus (Gen 1.20-25).
b. A vida humana é especialmente preciosa, porque Deus fez o homem à sua imagem e semelhança. Devemos portanto preservá-la e não tirá-la (Gen. 1.26 e 9.5-6).
c. A morte não é o fim e nem uma fuga em si ao sofrimento, mas ela é o resultado do pecado (Rom. 6.23
d. Muitas vezes ela ocorre com sofrimento e dor, nos propósitos insondáveis de Deus, como tribulação e dor podem ocorrer sem relacionamento direto com a morte (2 Cor. 4.8-10).
e. Esse sofrimento nem sempre é uma conseqüência direta do pecado (João 9.3), mas ocorre para que Deus seja glorificado
f. O destemor da morte é uma característica do servo de Deus (Fil. 1.21).
g. É verdade que servos de Deus muitas vezes expressaram o desejo de morrer antes do tempo apontado por Deus, buscando encontrá-lo (Fil. 1.23), mas submeteram-se à vontade de Deus em suas vidas, sendo o exemplo maior o do nosso Senhor Jesus Cristo (Mat. 26.39).
h. O homem é limitado em sua perspectiva e não pode definir os seus passos pelos resultados que espera (pragmatismo) pois esses não lhe são conhecidos (Mat. 26.29
Os padrões éticos do crente são encontrados na Palavra de Deus e nela achamos todo o incentivo para valorizarmos a vida e nos empenharmos em preservá-la, suportando as tribulações com paciência e perseverança, para a Glória de Deus.
Conclusão
Como dissemos no início, eutanásia é um assunto complexo e nem todas as questões podem ser respondidas. Nossas experiências variam, mas as Escrituras fornecem uma âncora às decisões individuais que devem ser tomadas com a consciência tranqüila perante Deus. Os princípios são claros e devem ser observados, mas a aplicação específica nem sempre é tão evidente ou fácil. A maioria de nós terá que tomar decisões, cedo ou tarde, sobre o cuidado de nossos amados que podem se achar em situação de prolongado sofrimento. Outros trabalham em hospitais superlotados e mal equipados onde as possibilidades para salvar vidas são limitadas e escolhas são feitas a cada dia – quem deve ser salvo? Qual o caso mais grave? Quem melhor "potencial" de vida? Quem tem "pior qualidade" de vida? Como decidir o que não conhecemos? Podemos até nos encontrar em uma situação na qual seremos participantes involuntários das decisões de outras pessoas de maior autoridade.
É importante sabermos que não nos compete tomar a vida, mas temos, sim, o dever de preservá-la. Temos que nos lembrar que Deus ama aos Seus e está ciente dos seus sofrimentos e das suas dores. Ele pode nos sustentar e nas ocasiões em que tivermos de tomar decisões, vamos buscar a sua presença em oração, e, com a Palavra de Deus na mão, aplicar os Seus princípios.

Autor: Presb. Solano Portela.

O SEU ROSTO RESPLANDECEU


Devocionário Cada dia – LPC Comunicações
“E foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz” (Mt 17.2)

Antes de Jesus subir para Jerusalém, subiu a um alto monte com o fim de orar, levando consigo Pedro, Tiago e João. No topo daquela montanha, Jesus foi transfigurado na presença dos discípulos e apareceram, em glória, conversando com ele sobre sua partida para Jerusalém, Moisés e Elias. Os discípulos ficaram aterrados com a magnitude daquela revelação e Pedro, sem saber o que estava falando, disse: “Mestre, bom é estarmos aqui. Façamos três tendas, uma será tua, outra de Moisés e outra de Elias”.

Porque Jesus orou, seu rosto e suas vestes foram vazados pela luz aurifulgente da glória de Deus. Porque ele orou, o Pai o preparou antecipadamente para enfrentar a cruz. Porque ele orou, o Pai o defendeu, dizendo aos discípulos: “Este é o meu Filho amado, o meu eleito, a ele ouvi”. Porque Jesus orou, desceu do monte determinado a ir para Jerusalém e cumprir o plano eterno do Pai.

Porque Jesus orou estava revestido com poder para confrontar vitoriosamente as forças do mal que agiam no vale. Porque os discípulos não oraram, não discerniram a centralidade da pessoa de Jesus nem mesmo a centralidade da missão de Jesus. A transfiguração é uma antecipação histórica do que será a bem-aventurança eterna. No céu contemplaremos a sua face e seremos como ele é.


segunda-feira, 27 de agosto de 2018

A EUTANÁSIA

Salmo 31.5 "nas tuas mãos entrego o meu espírito; tu me remiste, SENHOR, Deus de verdade".

Mesmo que a maioria das correntes de pensamentos atribua valor à vida, o critério de valor difere muito em cada uma dessas. Muitas contradizem o ensinamento da Palavra de Deus levando a decisões meramente utilitárias quanto ao término da vida humana. Essa situação faz com que o servo de Deus necessite basear suas convicções sobre a rejeição da eutanásia naquilo que a Bíblia nos revela sobre essa questão fazendo-o assumir uma postura positiva na preservação da vida e no cuidado aos que sofrem.
Simplificadamente, definimos eutanásia como o esforço humano no sentido de apressar a morte própria, ou a de um parente ou de alguém que está em sofrimento. Ela é apresentada pelos defensores como sendo uma extensão dos direitos humanos, no sentido de que cada um deveria ter o direito a decidir sobre a própria vida. O assunto, entretanto, transcende o suposto direito ao suicídio, pois postula o direito de alguém decidir sobre a vida de outro, baseado em uma condição arbitrária e intangível – a existência ou não de qualidade naquela vida a ser terminada.
Quando tratamos de eutanásia, não estamos falando de pena de morte, que é a execução de uma sentença punitiva, retributiva, procedente de um tribunal legalmente estabelecido e seguindo procedimentos uniformes. É verdade que a pena de morte envolve a decisão sobre a vida de outros, mas eutanásia baseia-se na aferição subjetiva da vida que deveria ser terminada, examinando-se se ela perdeu o sentido, a qualidade ou o seu propósito.
Normalmente a maioria dos argumentos, tanto dos oponentes como dos defensores da eutanásia é baseada apenas na experiência e nos relatos de casos:
a. Os proponentes da eutanásia, apresentarão uma experiência após outra de dor, sofrimento, despesas indevidas, que sacrificaram os vivos e sãos, somente para resultar na inevitável morte.
b. Aqueles que se colocam contra a eutanásia, desfilam experiência após outra de casos aparentemente perdidos, de pessoas que se encontravam em extremo sofrimento e que só aguardavam (ansiosamente) a morte, para depois se recuperarem e viverem vidas produtivas e, principalmente, abençoadas para vários com quem mantiveram contato. 
Reconhecemos que sensibilidade e entendimento provêm da experiência, mas o cristão tem por dever procurar sua postura ética e firmar a sua reação perante os problemas existenciais que a sociedade lhe aponta, como resultado de um desejo intenso e sincero de conhecer o que a Palavra de Deus fala, indica ou infere sobre o assunto. O que terá a Bíblia a dizer sobre a Eutanásia? Encontramos casos de término abreviado ou induzido da vida, aprovados por Deus? O que terá a Palavra de Deus a nos ensinar sobre esse assunto?
Questões sobre a eutanásia são bastante complexas e não poderiam ser examinadas em todos os detalhes nesse espaço nem respondermos a todas. Gostaríamos, entretanto, de levantar alguns princípios bíblicos que podem nortear a nossa discussão e firmar nossas convicções.
1. A Relevância do Debate sobre a Eutanásia
Eutanásia é um assunto que vem recebendo cada vez mais atenção em todo o mundo. Você sabia que existe uma organização mundial chamada ERGO (Euthanasia Research & Guidance Organization -- Organização de Pesquisa e Direcionamento sobre a Eutanásia), que publica seus anúncios e trabalhos na Internet? Na realidade, existem tantas organizações defensoras da Eutanásia, que elas se estruturaram em uma federação mundial (a World Federation of Right to Die Societies, ou Federação Mundial das Sociedades do Direito à Morte). Nos Estados Unidos, o estado do Oregon promulgou uma legislação que permitia a eutanásia, em 1987, chamado de Ato de Morte com Dignidade. Esta lei foi, posteriormente, em 1994 e 1997, submetida a dois plebiscitos, que a repeliram. Vários estados, dos Estados Unidos, possuem atos legislativos que estão presentemente sendo questionados na Corte Suprema daquele país, equivalente ao nosso Superior Tribunal Federal. Na Austrália, o território do Norte emitiu legislação permitindo a eutanásia, em 1995. Essa lei foi, em 1997, repelida pelo Parlamento Federal Australiano. Em paralelo a tudo isso, provavelmente todos já acompanharam as notícias contemporâneas sobre o trabalho do médico norte-americano, Dr. Jack Kevorkian, inventor da máquina do suicídio, que auxiliou pessoalmente várias pessoas a encontrarem a morte. Este médico, presentemente, responde a vários processos criminais, em função de suas ações em favor da eutanásia.

2. O Valor da Vida.
O humanismo secular reconhece valor à vida, mas atribui a essa uma qualidade que é circunstancial (dependente das circunstâncias). Nesse sentido, a aferição subjetiva da qualidade de vida é determinante no julgamento se esta vida deve ser terminada ou não. A visão bíblica apresenta o valor da vida, como uma questão inerente ao fato de que ela é um dom de Deus. A própria criação da vida humana representa o ápice do trabalho criativo de Deus (Gn 1.26) e é chamado na Bíblia como sendo a "coroa da Criação". Como o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus o seu valor não se desvanece. 
A visão humanista identifica sofrimento como sendo um fator que diminui essa "qualidade" de vida, chegando a legitimar o término dessa, quer voluntariamente, quer pelo arbítrio ou determinação de outro, como, por exemplo, a de um parente próximo.
A visão bíblica, além de atribuir valor intrínseco à vida, e não circunstancial, possui outra visão do sofrimento. Ela reconhece que sofrimento não é algo desejável e pode diminuir o nosso desfrutar imediato desta vida, numa visão meramente temporal, como registra Paulo em 1 Co 1.8, "...a tribulação que nos sobreveio... foi acima das nossas forças, a ponto de desesperarmos até da própria vida". O sofrimento também pode ocorrer como resultado direto do pecado (Tg 4.8-9), mas, em várias ocasiões, ocorre dentro dos propósitos insondáveis de Deus, com a finalidade didática de nos ensinar alguma coisa. Nesse sentido, paradoxalmente, em vez de retirar qualidade da vida, pode adicionar qualidade real. O sofrimento pode fazer com que nos acheguemos e dependamos mais de Deus e capacitar, tanto ao que sofre como aos que dele precisam cuidar, ao aprendizado de lições preciosas para o crescimento conjunto dos fiéis, como ensina 2 Cr 1.3 e 4, que diz: "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda a consolação, que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, pela consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus". Com essa visão, pensando nos resultados benéficos, podemos até nos gloriar nas tribulações (Rm. 5.3-4).
Paulo também nos escreve que "aprendeu o segredo de estar contente em qualquer e toda situação" (Fl. 4.12). Não podemos confundir o direito de procurar a felicidade (dádiva de Deus aos homens), com o direito inexistente de se obter felicidade (prerrogativa da soberania de Deus). Ou seja, a ausência de felicidade aparente e temporal não diminui a qualidade de vida e não nos dá nenhuma prerrogativa sobre a decisão de vida ou morte, nossa e de outros, como defendem os proponentes da eutanásia.
3. Uma visão errada da morte.
Os proponentes da eutanásia olham a morte como uma "libertação" do sofrimento, mas possuem uma visão distorcida da existência, pois não consideram: 
• Que a morte é algo não natural, ou seja, é fruto do pecado e sobrevem ao homem em função da queda (Rm. 5.12).
• Que a morte dos justificados por Deus, pelo trabalho de Cristo Jesus, é "preciosa aos olhos do Senhor" (Sl 116.12) porque por ela já se encontrarão com o seu criador, mas em nenhuma passagem há aprovação para que essa morte seja apressada ou para que a vida seja terminada arbitrariamente, essa morte ocorre no seio da providência divina.
• Que a morte dos ímpios, longe de ser liberação de sofrimento, é o início do sofrimento eterno maior (Hb 9.27 e 10.31).
Qualquer compreensão meramente utilitária da vida e da morte, que não leve em consideração o fator "pecado" e o trabalho de redenção do nosso Senhor Jesus Cristo, não pode ser abraçado ou defendido pelo crente, pois fugirá aos ensinamentos da Palavra de Deus, nossa única regra de fé e de prática.
Continua... 4. "Eutanásia e aborto" 
Autor: Presb. Solano Portela

UMA PESCA MILAGROSA


Devocionário Cada dia – LPC Comunicações
“... mas sob a tua palavralançarei as redes” Lc 5.5

Jesus ensinava a uma grande multidão às margens do mar da Galileia. Os pescadores já lavavam suas redes depois de uma pescaria fracassada. Jesus vê o barco de Pedro ancorado, entra nele e ordena-o a afastar o barco da praia. Jesus transforma o barco num púlpito e a água no veículo de sua voz e dali ensina a multidão. Depois, Jesus ordena a Pedro a lançar as redes para pescar. Mas, este contesta-o, dizendo que haviam trabalhado a noite inteira sem nada terem apanhado. Um lampejo de fé, porém, irradia em seu coração e ele diz: “Mas, sob a tua palavra eu lançarei as redes”.

Quando as lança, movido pela fé em Jesus, um cardume começa a agitar-se nas redes, elas começam a se romper e aquele barco não pôde reter todo o produto da pesca milagrosa. Outro barco precisou ser acionado. Quando Pedro percebeu que não estava apenas diante de um dia de sorte, mas de um milagre insólito, deixa de lado o barco e os peixes e prostra-se aos pés de Jesus, dizendo: “Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador”.

Mas, Jesus diz a Simão: “Não temas; doravante serás pescador de homens”. Naquele momento Pedro foi capturado pela rede da graça e tornou-se um seguidor de Jesus, um discípulo, um apóstolo, um instrumento poderoso para levar milhares de pessoas a Cristo.


sábado, 25 de agosto de 2018

E O CEGO VOLTOU A VER


Devocionário Cada dia – LPC Comunicações
“E, ouvindo que era Jesus, o Nazareno, pôs-se a clamar: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim” (Mc 10.47).

Jesus estava passando por Jericó rumo a Jerusalém. Aquela era a última vez que o Mestre passaria por Jericó. Uma multidão o acompanhava, ouvindo seus ensinamentos. Um cego mendigo, à beira do caminho, ouvindo que era Jesus que passava, começou a clamar: “Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim”. A multidão tentou calar sua voz, mas ele gritava mais: “Filho de Davi, tem misericórdia de mim”. Jesus parou sua jornada e mandou chamá-lo. Disseram, então, para ele: “Tem bom ânimo; levanta-te, ele te chama”.

Bartimeu, contrariando a lógica do cego, levantou-se de um salto, lançou de si sua capa e foi ter com Jesus. O Senhor perguntou-lhe: “Que queres que eu te faça?”. O cego respondeu: “Mestre, que eu torne a ver”. Jesus lhe disse: “Vai, a tua fé te salvou. E, imediatamente, tornou a ver e seguia a Jesus estrada afora”. Bartimeu aproveitou sua última oportunidade. E não desistiu de clamar, mesmo quando repreendido pela multidão.

Ao ser chamado por Jesus, desvencilhou-se de sua capa, não permitindo que nenhum estorvo o privasse de ir ao encontro do Mestre. Foi a Jesus com fé e, por isso, recebeu luz em seus olhos e salvação para sua vida. Ao ser salvo pela graça, mediante a fé, imediatamente tornou-se um seguidor de Jesus, e passou a segui-lo estrada afora.


sexta-feira, 24 de agosto de 2018

O SEXTO MANDAMENTO: NÃO MATARÁS


CAIM BRIGA COM SEU IRMÃO – DAVI SE RECUSA A MATAR SAUL.
INTRODUÇÃO: O sexto mandamento enfatiza a santidade da vida. Deus dá uma determinação bastante objetiva, proibindo o assassinato, ou seja: nenhum indivíduo tem o direito de tirar a vida do outro. As leis que emanam de Deus não são entre si. Nesse sentido, as determinações dadas ao governo constituído de Israel, delegando o poder de exercitar a pena capital, não significam quebra do sexto mandamento, mas uma forma de executar justiça quando esse mandamento não foi cumprido.
Nesse estudo queremos examinar o que significa "não matarás" e o que está envolvido nessa determinação, para nós crentes, no sentido de que estejamos ativamente cumprindo o mandamento, e não apenas por omissão.
Vamos analisar as ações de Caim e de Davi, em duas situações bem específicas e conhecidas, que retratam a desobediência da quebra e a benevolência que caracteriza o cumprimento do sexto mandamento.
A santidade da vida é uma determinação divina e isso é evidente no sexto mandamento. A inferência desse mandamento é que todas as ações que prejudiquem a integridade física do próximo são passos preliminares de atentado à vida e constituem quebra do sexto mandamento.
Essa visão bíblica de santidade da vida, encontrada neste mandamento e em outras passagens da Palavra de Deus, contrasta com os costumes dos povos pagãos daquela época, que rodeavam a nação de Israel, onde a vida humana era algo considerado sem valor ao ponto de muitas cerimônias religiosas prescreverem o sacrifício humano, de forma banal e corriqueira.
Mas o contraste não está segregado ao passado. Contemporaneamente, o Cristianismo continua diferindo em sua compreensão do valor da vida, com a postura religiosa e genocida de muitos povos. Temos testemunhado as barbaridades cometidas em Ruanda, Burundi e outros países africanos e europeus, onde a etnia e identificação religiosa é causa suficiente para a perda da vida ou mutilação até de crianças de berço. Em alguns desses países as execuções em massa, por facões e machados, atingiram mais de um milhão de pessoas. Na Argélia, muçulmanos "fundamentalistas" têm massacrado aldeias inteiras, semeando o terror e a insegurança. Na Indonésia e no Timor, multidões inflamadas por slogans muçulmanos, têm perseguido cristãos, queimado igrejas e assassinado centenas de pessoas.
Talvez o caso mais aberrante dos tempos modernos tenha sido o da Alemanha nazista, onde métodos de execução em massa foram aperfeiçoados. Mas, na medida em que a sociedade ocidental vai perdendo certos princípios cristãos de sua legislação e abraça uma visão cada vez mais abrangente de permissividade e impunidade, observamos a vulgarização da vida, com o aumento gradativo da criminalidade e da violência.
O fundamento bíblico para a proibição ao assassinato é que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26). Essa é a razão principal para que sua vida deva ser respeitada (Gn 9.6). A Palavra de Deus trata com extrema severidade os assassinos e as pessoas violentas. O sexto mandamento declara de forma sucinta e objetiva o erro e o pecado de se atentar contra a vida de outrem.
II. O PRIMEIRO ASSASSINATOO CARÁTER EA DESOBEDIÊNCIA DE CAIM
Gn 4.1-16 relata o primeiro assas­sinato. Obviamente a pessoa de Caim e o incidente registrado, antecedem a formalização da lei moral de Deus, conforme encontramos nos dez mandamentos. No entanto, o caráter de Deus não muda. Sua lei moral reflete esse caráter e a sua justiça. O registro desse incidente ocorre também para nos ensinar que é errado uma pessoa matar outra. Deus já abominava a violência na face da terra, consequência nefasta do pecado de Adão. O ato pecaminoso de Caim demonstra a quebra dos princípios colocados no sex­to mandamento. Ao estudarmos o incidente, podemos extrair as seguintes lições:
A.  O pecado de Caim começou com uma desobediência
Deus havia prescrito a forma pela qual ele devia ser adorado. Caim queria fazer as coisas do seu modo. Quantas vezes desprezamos a Palavra de Deus e passamos a fazer o que pensamos, ou o que queremos, do nosso modo, sem nos importarmos com o que ele prescreve para o nosso bem?
B.  Uma pergunta que incomoda
"por que Deus não aceitou o sacrifício de Caim? Afinal, ele parecia sincero, em seus propósitos..." Análise do incidente, entretanto, mostra que a questão é muito mais profunda do que apenas uma preferência divina entre os tipos de oferendas de Caim e de Abel. A essência do caráter dos ofertantes e a devoção a Deus, da parte de cada um é de grande importância, na compreensão do que se passou. Existem, em adição, outras passagens bíblicas que nos mostram quem era realmente Caim e de onde procedeu o seu sacrifício. Por exemplo, Hb 11.4 nos fala que Abel agiu pela fé. A inferência é que Caim não foi motivado pela fé.
C. O caráter e a predisposição de Caim
O próprio texto, no v. 6, nos trás uma luz adicional sobre essa questão. Deus pergunta: por que estás irado? Em vez de se humilhar perante o Criador, ele se irou contra Deus. O v. 7 aprofunda a nossa percepção sobre ele. Deus deixa antever que o submete a um teste e chama atenção para o seu mal procedimento, colocando sobre seus ombros a responsabilidade de autodomínio (se todavia procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo). No v. 8, o texto registra que ... se levantou Caim contra Abel, seu irmão, e o matou.
D. Filho de Satanás
1 João 3.11-12 nos diz, em adição, que Caim era ... do maligno..., significando que ele não possuía Deus em seu coração e era filho de Satanás.
E. O caminho da ganância
Judas 11, falando sobre o caráter e ações dos ímpios, menciona o ... caminho de Caim..., identificando este com o caminho dos ímpios e descrevendo-o como sendo um caminho cheio de ganância.
F.  O mal exemplo imitado
O resultado das ações inauguradas por Caim não tardou. Ele abriu caminho para o desrespeito à vida. Em Gn 6.11 lemos que logo ... a terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus, e encheu-se a terra de violência. Por causa dessa violência, Deus executou julgamento e destruiu a todos, exceto a Noé e à sua família.
Os capítulos 24 e 26 de 1 Samuel relatam duas ocasiões em que Davi esteve prestes a tirar a vida de Saul, que o perseguia com inveja e rancor, mas teve respeito por sua vida e a poupou. Veja as circunstâncias e fatos desses incidentes:

O perigo que Davi sofria era real
Saul possuía três mil homens escolhidos, contra os seiscentos esfarrapados de Davi. A Bíblia nos diz, ainda, que o negócio de Saul – ou seja sua prioridade e ocupação principal - era "tirar a vida" de Davi (23.15) e que ele "maquinava o mal" contra Davi (23.9).
Davi já havia sido ungido rei pelo profeta Samuel
Isso significa que quanto mais cedo Saul morresse, mais cedo seria ele rei de fato. A tentação para realmente tirar a vida daquele que o perseguia e o atormentava, também nesse sentido, devia ser grande (16.12 e 13).
Davi possuía o temor do Senhor em seu coração
Por essa razão (24.5-7) não quebrou o sexto mandamento e arrependeu-se até de ter cortado a vestimenta de Saul.
Davi respeitava a Deus
No segundo incidente (cap. 26) Davi mais uma vez poupa a vida de Saul (9 a 11), por respeito a Deus.

IV. JESUS CRISTO E O SEXTO MANDAMENTO
Jesus ensina que por trás da quebra do sexto mandamento está o ódio que as pessoas vão alimentando em seu coração umas pelas outras. Temos a tendência de irmos armazenando mágoas recolhidas que só se agravam com o passar dos dias. No Sermão do Monte (Mt 5.21-26) ele nos mostra que quebramos o sexto mandamento quando temos ódio por nosso irmão.
Jesus enfatiza a importância da re­conciliação para a prática sincera da religião verdadeira. Ele nos diz que antes mesmo de nos chegarmos a Deus, para adorá-lo, devemos nos reconciliar com nossos desafetos. Vemos, portanto, que para desobedecer o sexto mandamento, no seu sentido mais amplo, não precisamos sair por aí atirando assassinando pessoas. Podemos quebrá-lo só em atitudes. Como anda o nosso coração para com os nossos irmãos?
Nada tem contribuído mais para a desobediência ao sexto mandamento e para a intensificação da violência do que a diluição das punições estabelecidas pelo criador para os crimes contra a vida. A sociedade moderna se orgulha de ter uma "visão progressista", de ter caminhado a passos largos na compreensão dos direitos dos homens. No entanto, despreza as diretrizes divinas e coloca a sua compreensão das questões acima das prescrições e mandamentos de Deus. O humanismo substituiu o respeito e submissão ao Deus de toda sabedoria. O homem acha que sabe melhor do que o próprio Criador o que é melhor para si próprio e para a sociedade. Nem a própria fragmentação dessa sociedade, nem a visão pragmática moderna – que mostra que os princípios humanos são falhos e não funcionam na vida real, é suficiente para corrigir a cegueira espiritual que assola os homens. Para maior tristeza temos também muitos cristãos absorvendo pontos de vista do mundo, sem submetê-los ao crivo das instruções das Escrituras.
A pena de morte é um assunto atual. Ela é discutida em todos os setores da sociedade, mas raramente procura-se examinar, de forma isenta, o que a Bíblia realmente ensina a esse respeito. Dentro do nossos estudo, será que o sexto mandamento não elimina a possibilidade de aplicação da pena de morte? Não deveriam todos os evangélicos fazer coro com os que se posicionam contrário à aplicação dessa punição considerada tão bárbara e antiquada?
Os seguintes pontos podem nos orientar na formação de uma opinião bíblica sobre a questão:
a.  A pena de morte foi instituída no Antigo Testamento não porque Deus desse pouca vai idade à vida das pessoas, mas exatamente porque ele considera essas vidas extremamente importantes. Nesse sentido, perdia direito à sua própria vida qualquer um que ousasse atentar contra a criatura formada à imagem e semelhança do seu Criador. Esta foi a base da instituição da pena de morte, em Gn 9.6.
b.  Notamos, nesse mesmo trecho, que a pena de morte antecede a lei judicial ou civil da nação de Israel. Ou seja, na lei civil de Israel, temos desdobramentos e detalhamentos da pena capital, mas não o seu surgimento. Ela foi comandada à raça humana, em termos gerais, representada por Noé e seus descendentes, da mesma forma que o mandamento adâmico de "povoar a terra" é reafirmado, no v. 7, a Noé.
c.  O sexto mandamento não constitui uma proibição à pena de morte. Primeiro, é evidente que a pena de morte (nas várias situações registradas e prescritas) procede do mesmo Deus que deu o mandamento – essas determinações não são, portanto, contraditórias entre si. Segundo, do ponto de vista linguístico, "matar", no sexto mandamento, significa "assassinar". A proibição do mandamento é contra o assassinato por indivíduos e não contra uma execução pelos poderes constituídos, aplicada exatamente em função da quebra desse mesmo mandamento.
d.  A execução das sentenças nunca foi entregue, por diretrizes bíblicas, desqualificadamente a indivíduos ou organizações fora do governo estabelecido. Tais grupos não possuem nenhum direito sobre a vida de quem quer que seja, por mais legítima que venham a parecer as causas ou razões. A prova disso é a própria instituição das Cidades de Refúgio estabelecidas por Deus (Nm 35.9-34). Nessas cidades, até os assassinos confessos e declarados mereciam proteção temporária da fúria vingativa dos parentes próximos da pessoa assassinada, pois o direito de fazer pagar com a vida não fora dele­gado indiscriminadamente aos parentes e aos amigos da vítima, mas somente após o julgamento devido pelos anciãos – representando o governo constituído. Por esses princípios, o crente deve ser contra os grupos de extermínio e de linchamento, que, dando a aparência de execução de justiça, promovem na realidade a anarquia e a desconsideração pela vida, eliminando a possibilidade de verificação isenta dos fatos e dos possíveis crimes cometidos. Esses grupos e pessoas quebram, sem dúvida, o sexto mandamento.
e.  Não podemos, igualmente, defender a aplicação da pena de morte para todas as situações temporais prescritas na lei mosaica (por exemplo – pela quebra do sábado), pois a legislação civil de Moisés destinou-se a uma nação específica, numa época específica, dentro de específicas circunstâncias, com propósitos definidos da parte e supervisionados pelo próprio Deus.
f.    Parece-nos, entretanto, que a defesa da pena de morte, aplicada contra assassinatos, baseada nos princípios de Gn. 9.6, é uma atitude coerente com o horror à violência demonstrado na Palavra de Deus. A Bíblia é contra a impunidade que reina em nossos dias, contra o desrespeito à vida e contra a violência. Essa violência, que é fruto do pecado, é uma prova irrefutável da necessidade de regeneração do homem sem Deus e não pode ser combatida, com a mesma violência, por indivíduos ou grupo paramilitares, mas é responsabilidade do governo constituído. A Bíblia é pela lei e pela ordem, pelo respeito à propriedade e à vida, pelo tratamento da violência dentro dos parâmetros legais do governo.
g.  Esse entendimento parece igualmente substanciado pelo Novo Testamento. Quando Paulo escreve em Rm 13.1-5, sobre as atribuições do governo, percebemos que a pena de morte não é para ser aplicada por qualquer um, mas faz parte das atribuições de um governo sério, que... não traz a espada em vão. Essa á a autoridade que é delegada por Deus, contra os malfeitores.
h. Esse é, igualmente, o entendimento da Confissão de Fé de Westminster (cap. XXIII) e do Catecismo Maior (perguntas 135 e 136). As afirmações das res­postas a essas perguntas não deixam margens a dúvidas, que aqueles teólogos consideravam a pena de morte bíblica e aplicável. Estavam isentos e imunes dos argumentos humanistas que posteriormente viriam a permear as convicções éticas, práticas e teológicas do mundo evangélico. Além de outras considerações, a pergunta e resposta 135 diz que os deveres exigidos no sexto mandamento compreendem "...todo o cuidado e todos os esforços para preservar a nossa vida e a de outros"; e a 136, diz, com relação aos "... pecados proibidos no sexto mandamento": ...o tirar a nossa vida ou a de outrem, exceto:
a.   No caso da justiça pública
b.  No caso de guerra legítima
c.   No caso de defesa necessária
Muito mais poderia ser escrito a respeito deste assunto polêmico, mas qual é a sua conclusão? Ela é biblicamente defensável, ou reflete apenas a opinião da maioria, ou o humanismo da nossa era? Como podemos ativamente obedecer o sexto mandamento e promover a sua obediência?
P. 134. Qual é o sexto mandamento?
R. O sexto mandamento é: "Não matarás." Ref.: Êx 20.13.
P. 135. Quais são os deveres exigidos no sexto mandamento?
R.: Os deveres exigidos no sexto mandamento são todo empenho cuidadoso e todos os esforços legítimos para a preservação de nossa vida e a de outros, resistindo a todos os pensamentos e propósitos, subjugando todas as paixões, e evitando todas as ocasiões, tentações e práticas que tendem a tirar injustamente a vida de alguém; por meio de justa defesa dela contra a violência; por paciência em suportar a mão de Deus; sossego mental, alegria de espírito e uso sóbrio da comida, bebida, remédios, sono, trabalho e recreios; por pensamentos caridosos, amor. compaixão, mansidão, benignidade, bondade, comportamento e palavras pacíficos, brandos e corteses; a longanimidade e prontidão para se reconciliar, suportando pacientemente e perdoando as injúrias, dando bem por mal, confortando e socorrendo os aflitos, protegendo e defendendo o inocente.
Ref.: Ef 5.29; Mt 10.23; SI 82.4; Dt 22.8; Mt 5.22; Jr 26.15,16; Ef4.26; Pv 22.24,25; 1 Sm 25.32,33; Pv 1.10,11,15; Mt4.6,7; lRs 21.9,10,19; Gn 37.21,22; ISm 24.12; ISm 26.9-11; Pv 24.11,12; ISm 14.45; Lc 21.19; Tg 5.8; Hb 12.5; SI 37.8.11: lPe 3.3,4; Pv 17.22; lTs 5.16; Pv 23.20; Pv25.16;Pv 23.29,30; lTm5.23; Mt9.12; Is 38.21; SI 127.2; 2Ts 3.10,12; Mc6.31; lTm4.8; ICo 13.4,5; ISm 19.4,5;Rm 13.10; Pv 10.12; Zc 7.9; Lc 10.33,34; Cl 3.12; Rm 12.18: lPe3.8,9; ICo 4.12,13; Cl 3.13; Tg 3.17; lPe 2.20: Rm 12.20,21; Mt 5.24; lTs 5.14; Mt 25.35,36; Pv 31.8,9; Is 58.7.
P. 136. Quais são os pecados proibidos no sexto mandamento?
R.: Os pecados proibidos no sexto mandamento são: o tirar a nossa vida ou a de outrem. exceto no caso de justiça pública, guerra legítima, ou defesa necessária; a negligência ou retirada dos meios lícitos ou necessários para a preservação da vida; a ira pecaminosa, o ódio, a inveja, o desejo de vingança; todas as paixões excessivas e cuidados demasiados; o uso imoderado de comida, bebida, trabalho e recreios; as palavras provocadoras; a opressão, a contenda, os espancamentos, os ferimentos e tudo o que tende à destruição da vida de alguém. Ref.: At 16.28; Gn 9.6; Nm 35.31,33: Dt 20.1-20; Hb 11.32-34; Êx 22.2; Mt 25.42,43; Tg 2.15,16; Mt 5.22; Uo 3.15; Pv 10.12; Pv 14.30; Rm 12.19; Tg 4.1; Ef 4.31; Mt 6.3 1,34; Lc 21.34; Êx 20.9,10; 1 Pe 4.3,4; Pv 15.1; Pv 12.18: Is 3.15; Êx 1.14; Gl 5.15; Nm 35.16; Pv 28.17; Êx 21.18-36.