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segunda-feira, 13 de agosto de 2018

FUNDAMENTOS DE UMA COSMOVISÃO CRISTÃ


Revisão Literária

OS ASPECTOS FUNDAMENTAIS DE UMA COSMOVISÃO CRISTÃ


Cosmovisão é uma lente, através da qual um homem enxerga as coisas ao seu redor. Esta, determina a sua relação com a realidade, influenciando diretamente em seus pensamentos e ações. Trata-se de pressupostos, concepções acerca de algumas questões fundamentais, que direcionam as ações de um determinado indivíduo. C. S Lewis, com razão afirma: as diferentes crenças sobre o universo levam a diferentes comportamentos.[1]
Este pequeno trabalho tem como objetivo, versar sobre os principais elementos formadores da cosmovisão cristã.
Para tanto, deve-se determinar primariamente, quais são os principais elementos que formam uma cosmovisão, seja ela cristã ou não. Quanto a este assunto, este trabalho comunga da posição de Ronald Nash, que afirma serem os elementos mais importantes de uma cosmovisão, o que se crê acerca dos seguintes aspectos: Deus, a realidade, o conhecimento, a moralidade e a humanidade.[2]

1.    A VISÃO CRISTÃ ACERCA DE DEUS

O primeiro e mais importante elemento formador de uma cosmovisão é o que se crê acerca da origem de todas as coisas. Tal elemento é o mais importante, pois determina os demais elementos de uma cosmovisão. O que se crê acerca da origem de todas as coisas, certamente influencia o que pensamos acerca das mesmas. Segundo Kuyper, a relação fundamental do homem com Deus é requerida como a primeira condição de um sistema de vida real.[3]
Algumas perguntas a serem respondidas acerca deste assunto são: Qual a origem primeira de toda a realidade? Deus existe? Deus é um ser pessoal, ou uma força ou poder impessoal? Quantos deuses existem?
Os testemunhos bíblicos realçam que Deus é a origem de tudo e de todos.[4] Portanto, a visão cristã acerca da origem é clara e dogmática. A fé cristã afirma que todas as coisas foram criadas por Deus. Os cristãos crêem que Deus inventou e fabricou o universo, como um homem que faz um quadro ou compõe uma canção[5]. Este Deus criador de todas as coisas é um Deus pessoal, que pensa, ama, e age, e, portanto, as coisas criadas são expressões de seu ser, o que faz delas, em última instância, coisas boas.  
É este aspecto da cosmovisão cristã que fundamenta todos os outros aspectos posteriores. A visão da realidade, do homem, e da moralidade, são extremamente influenciadas pela existência de um Deus pessoal que criou livre e soberanamente todas as coisas que existem.

2.    A VISÃO CRISTÃ ACERCA DA REALIDADE

A realidade é uma realidade criada. Ao contrário do que pensam alguns sistemas de vida, o cristianismo não enxerga a matéria como um elemento eterno. Esta é uma clara implicação da crença no fato de que Deus criou todas as coisas ex nihilo.  A existência da realidade, então, para a fé cristã, não se deve ao acaso, mas ao propósito eterno de um ser pessoal supremo. Kuyper, afirma que, segundo o calvinismo, um sistema de vida cristão, é o decreto de Deus o fundamento e a origem das leis naturais.[6]
Um outro aspecto da visão cristã acerca da realidade, que deve ser considerado, e que a difere do Deísmo, é o relacionamento do Criador com a sua criação. Ao contrário do Deísmo, que entende que Deus, embora tenha criado todas as coisas, afastou-se delas, o cristianismo afirma que o Criador se relaciona de maneira direta com a sua criação. 
Para a nossa fé bíblica e para a nossa orientação nos dias de hoje, o que importa é apenas isto:este Deus – apesar de sua “transpessoalidade” – é um autêntico interlocutor, amigo do homem e absolutamente confiável, um parceiro a quem podemos dirigir a palavra.[7]

3.    A VISÃO CRISTÃ ACERCA DO HOMEM

A visão cristã acerca do homem está intrinsecamente ligada com a sua visão acerca de Deus. Se Deus é o criador de todas as coisas, o homem é parte desta criação. Portanto, o homem é um ser criado, e consequentemente não autônomo, e que está sob a autoridade de seu criador.
Além do fato de ser o homem, criado, a cosmovisão cristã lida com um paradoxo ao seu respeito. A grandeza do homem e a sua miséria. Grandeza, por ter sido criado à imagem e semelhança do Criador, com o propósito de dominar a criação e desenvolve-la para a Sua glória. Miséria, por rebelar-se contra o Criador, e não ter se mantido no estado em que fora criado.
Por isso, a cosmovisão cristã reconhece a necessidade humana de perdão e redenção e enfatiza que a benção da salvação é possível por causa da morte e ressurreição de Cristo.[8]  

4.    A VISÃO CRISTÃ ACERCA DA ÉTICA

A concepção cristã a respeito da ética e da moralidade é conseqüência dos aspectos anteriores, principalmente de sua visão acerca de Deus. A existência de um ser pessoal de quem toda a realidade procede, é o fundamento da ética cristã.
A cosmovisão cristã considera que o decreto de Deus é fundamento e origem, não somente das leis naturais e físicas, mas também das leis espirituais e morais que regem o universo[9].
O Teísmo cristão insiste na existência de leis morais universais.[10] Ele contraria qualquer relativismo ou subjetivismo ético ou moral. Para a cosmovisão cristã, não é o homem, ou a sociedade, que define os padrões morais para sua época. Mas, há padrões morais universais e atemporais que regem a vida no universo. O homem, sendo criado, está sobre a autoridade do seu criador, e, portanto, sujeito às leis morais estabelecidas por ele, quando da criação do universo.

5.    A VISÃO CRISTÃ ACERCA DO CONHECIMENTO

Basicamente, a visão cristã acerca do conhecimento contraria o ceticismo. Ao contrário dos céticos, que afirmam que o conhecimento de algo é inatingível, e que, portanto, a verdade não existe, para o cristão, o conhecimento é possível, e por isso a verdade existe e pode ser conhecida. Para o cristianismo, não somente o conhecimento da realidade criada é uma possibilidade, mas também o conhecimento de Deus. Esta possibilidade é fruto da revelação de Deus ao homem.
O homem pode conhecer a Deus, porque Deus se revelou a ele. A primeira fonte de revelação são as próprias obras de sua mão. Mas devido à rebeldia do homem contra Deus, uma revelação proposicional foi dada por Deus, e esta registrada na Escritura Sagrada. Esta é, portanto, a expressão da vontade de Deus, e das leis morais estabelecidas por ele na criação, fundamento da ética cristã como vimos acima.
Desta forma a Escritura é o meio através do qual o homem pode conhecer verdadeiramente a Deus, a si mesmo, e a realidade que o rodeia.

CONCLUSÃO:

Como dissemos no início deste trabalho, os elementos de uma cosmovisão são o que se crê acerca dos seguintes aspectos: Deus, a realidade, o conhecimento, a moralidade e a humanidade. O que se crê acerca destas coisas determinará a relação de um individuo com a realidade ao seu redor.
Os elementos de fé citados acima, são os elementos básicos da fé cristã, e que devem dirigir a vida de alguém que se denomina um cristão. Assim, pode-se perceber, através deste arrazoado, o que é ser um cristão autêntico.  Ser um cristão de fato é possuir uma cosmovisão como esta descrita acima. Não apenas crer nestes elementos supracitados, mas viver dirigido por eles. Viver na certeza da existência de um Deus que a tudo criou. Que se relaciona com a sua criação e possui um propósito para a mesma. Que estabeleceu leis naturais e morais, que regem a vida no universo.  Viver na certeza de que somos seres criados, e, portanto dependentes e sujeitos à autoridade daquele que é o Criador. Ser cristão é também ter a certeza de que é possível conhecer a Deus e relacionar-se com ele através da sua revelação, expressão da sua vontade à humanidade.
Por fim, percebe-se também nesta exposição, que o cristianismo fornece ao ser humano respostas satisfatórias às perguntas essenciais da vida. As perguntas sobre o homem, o mundo, a origem. Perguntas estas, com as quais todo o ser humano se deparou ou há de se deparar em algum momento de sua existência. O por que e para que de si mesmo e de todas as coisas demais. 


 
BIBLIOGRAFIA


KUNG, Hans. Por que ainda ser cristão hoje?. Campinas, SP: Verus, 2004.

KUYPER, Abraham. Calvinismo. São Paulo: Cultura Cristã, 2002.

LEWIS, C. S. Cristianismo puro e simples. São Paulo: ABU. 1985.

NASH, Ronald H. Worldviews in conflict. Grand Rapids, Michigan: Zondervan, 1992.

  
OBS.: O autor deste artigo não foi informado na fonte. Por isso não consta nesta publicação.


[1] LEWIS, C. S. Cristianismo puro e simples. São Paulo: ABU. 1985. p. 40.
[2] NASH, Ronald H. Worldviews in conflict. Grand Rapids, Michigan: Zondervan, 1992. p. 26.
[3] KUYPER, Abraham. Calvinismo. São Paulo: Cultura Cristã, 2002. p. 30.
[4] KUNG, Hans. Por que ainda ser cristão hoje?. Campinas, SP: Verus, 2004. p. 33.
[5] LEWIS, C. S. Cristianismo puro e simples. p. 20.
[6] KUYPER, Abraham. Calvinismo, p. 122.
[7] KUNG, Hans, Porque ainda ser cristão hoje?. p. 32.
[8] NASH, Ronald H. Worldviews in conflict, p. 51.
[9] Cf: KUYPER, Abraham, Calvinismo, p. 122-123.
[10] NASH, Ronald H. Worldviews in conflict, p. 42.


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