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terça-feira, 28 de agosto de 2018

A EUTANÁSIA E O ABORTO (parte 2)

Aqueles que defendem a eutanásia não gostam de classificar o aborto como tal, mas existe muita semelhança, porque o aborto, como está sendo amplamente praticado em vários países do mundo ocidental, é o término de uma vida humana, baseado numa decisão utilitária de outra pessoa. Também diz-se que o feto não possui ainda "qualidade de vida". Podemos ver, assim, a semelhança da argumentação com a defesa da eutanásia. Não é nosso propósito tratar do aborto, mas esse é claramente contrário à palavra de Deus, que se refere ao feto como uma pessoa em vário trechos (ex.: Salmo 51.5; Lucas 1.41).

Qual Seria o Padrão Para Determinar o Término da Vida?
Os que defendem o término prematuro da vida dizem que a definição de interrupção da vida não é aleatória, mas segue certas regras pré-estabelecidas. Por elas o julgamento seria exercitado. Mas essas regras, quando examinadas, mostram-se subjetivas e realmente aleatórias. Por exemplo, os defensores do aborto dizem que o padrão de julgamento para sua execução é unicamente a mera vontade da mãe: "a mulher é dona de seu próprio corpo...", dizem e se a gravidez não tiver sido desejada a vida pode ser terminada. Nos abortos chamados de "terapêuticos" os pontos a considerar são a possibilidade de morte da mãe e a possibilidade de problemas físicos ou mentais, do bebê a nascer. É fácil de ver que assim que abrimos portas começamos a atravessar barreiras éticas estabelecidas pela Palavra de Deus e a tomar decisões egoístas, que não nos competem e que fogem à nossa capacidade de conhecimento. Se as definições nesse campo forem meramente práticas podemos, com facilidade, cair no que ocorre na Índia onde o aborto é praticado, ainda que ilegalmente, como base de seleção do sexo da criança. Semelhante definição é encontrada em muitas tribos de índios, que matam o primeiro recém-nascido se for do sexo feminino (a antiga prática da tribo Dâw, no norte do Amazonas, por exemplo, é a de deixar o primeiro recém-nascido, se do sexo feminino, ao relento para morrer por falta de cuidado).
Será que o padrão de término de uma vida pode ser assim subjetivamente estabelecido? Ele poderia ser dependente apenas da cabeça e das conclusões de cada um? Se esse padrão, ou essa maneira de gerarmos padrões, for aceita, o que impedirá de partirmos da eutanásia e aborto voluntário para a eutanásia e aborto imposto? O que impedirá que as pessoas virem vítimas, não apenas de seus próprios pecados e decisões erradas próprias, mas também de políticas populacionais, sociais, ou raciais, estabelecidos por um organismo maior – governamental ou eclesiástico? Vamos passar a defender o aborto obrigatório para diminuir os bolsões de pobreza? Não podemos esquecer o que já aconteceu na história. Na Alemanha Nazista do III Reich havia uma expressão: leibensunwertes Leben – "a vida que não vale a vida". Com esse moto justificou-se o genocídio e a matança de judeus, ciganos e pessoas aleijadas, pois a vida deles não "valia a pena ser vivida". Hoje em dia vemos a nossa sociedade usurpar o lugar de Deus e procurar passar a determinar sobre quem deve ou pode morrer, fugindo totalmente aos padrões estabelecidos por Deus, em Sua Palavra.

Alguns Pontos Essenciais a Lembrar.
No meio desse debate, vamos nos lembrar desses seguintes pontos essenciais que nos são ensinados na Bíblia:

a. A vida é uma dádiva preciosa de Deus (Gen 1.20-25).
b. A vida humana é especialmente preciosa, porque Deus fez o homem à sua imagem e semelhança. Devemos portanto preservá-la e não tirá-la (Gen. 1.26 e 9.5-6).
c. A morte não é o fim e nem uma fuga em si ao sofrimento, mas ela é o resultado do pecado (Rom. 6.23
d. Muitas vezes ela ocorre com sofrimento e dor, nos propósitos insondáveis de Deus, como tribulação e dor podem ocorrer sem relacionamento direto com a morte (2 Cor. 4.8-10).
e. Esse sofrimento nem sempre é uma conseqüência direta do pecado (João 9.3), mas ocorre para que Deus seja glorificado
f. O destemor da morte é uma característica do servo de Deus (Fil. 1.21).
g. É verdade que servos de Deus muitas vezes expressaram o desejo de morrer antes do tempo apontado por Deus, buscando encontrá-lo (Fil. 1.23), mas submeteram-se à vontade de Deus em suas vidas, sendo o exemplo maior o do nosso Senhor Jesus Cristo (Mat. 26.39).
h. O homem é limitado em sua perspectiva e não pode definir os seus passos pelos resultados que espera (pragmatismo) pois esses não lhe são conhecidos (Mat. 26.29
Os padrões éticos do crente são encontrados na Palavra de Deus e nela achamos todo o incentivo para valorizarmos a vida e nos empenharmos em preservá-la, suportando as tribulações com paciência e perseverança, para a Glória de Deus.
Conclusão
Como dissemos no início, eutanásia é um assunto complexo e nem todas as questões podem ser respondidas. Nossas experiências variam, mas as Escrituras fornecem uma âncora às decisões individuais que devem ser tomadas com a consciência tranqüila perante Deus. Os princípios são claros e devem ser observados, mas a aplicação específica nem sempre é tão evidente ou fácil. A maioria de nós terá que tomar decisões, cedo ou tarde, sobre o cuidado de nossos amados que podem se achar em situação de prolongado sofrimento. Outros trabalham em hospitais superlotados e mal equipados onde as possibilidades para salvar vidas são limitadas e escolhas são feitas a cada dia – quem deve ser salvo? Qual o caso mais grave? Quem melhor "potencial" de vida? Quem tem "pior qualidade" de vida? Como decidir o que não conhecemos? Podemos até nos encontrar em uma situação na qual seremos participantes involuntários das decisões de outras pessoas de maior autoridade.
É importante sabermos que não nos compete tomar a vida, mas temos, sim, o dever de preservá-la. Temos que nos lembrar que Deus ama aos Seus e está ciente dos seus sofrimentos e das suas dores. Ele pode nos sustentar e nas ocasiões em que tivermos de tomar decisões, vamos buscar a sua presença em oração, e, com a Palavra de Deus na mão, aplicar os Seus princípios.

Autor: Presb. Solano Portela.

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