RESENHA
José Francisco do Nascimento
Veith Jr., Gene Eduard. Deus em
ação: A vocação cristã em todos os
setores da vida. São Paulo. Cultura cristã, 2007. 127p
Gene Eduard Veith, Jr. é autor e co-autor de vários livros notáveis sobre
o cristianismo e cultura, incluindo tempos
pós-modernos, da cultura cristã. Também é editor de cultura da revista
World, é conferencista e contribui para um grande número de periódicos.
Deus em ação enfatiza o ensino
da doutrina da vocação mostrando o que Deus faz em sua soberania por meio de
nosso chamado em todos os sentidos da vida. Seja nos lares, no trabalho, na
igreja ou na sociedade. É um livro que leva o leitor a descobrir que Deus está agindo,
e tem um propósito vocacional em todas as áreas comuns da vida do seres humanos.
Conhecer a doutrina da vocação nos conduzirá a uma vida cristã mais estruturada
espiritualmente no pensar e no agir.
Gene Eduard neste livro expõe a doutrina da vocação e a maneira como aplicá-la
de forma prática a vida pós-moderna. A obra está distribuída em onze capítulos.
Do primeiro ao quarto, ele aborda a vocação do cristão, como Deus opera o
propósito da vocação e como descobrir a vocação. Do capítulo cinco até o final
do livro ele trata especificamente das implicações nos diversos setores da
sociedade, seja no trabalho, na família, como cidadão e na igreja. O livro faz
uma abordagem do ponto de vista ético, realista e final, apontando o nosso
descanso em Cristo. No
capitulo introdutório Gene Edward levanta alguns questionamentos como: “Qual o objetivo da vocação, como descobrir, como Deus chama para diferentes tarefas e como ele age diariamente no
que fazemos. Ele responde esses questionamentos nos próximos capítulos”. Numa
perspectiva reformada, especificamente Luterana de enxergar a vocação como uma
manifestação da ação de Deus no trabalhador, no cidadão ou no pai de família. O
autor instiga a uma reflexão sobre o agir de Deus, por meio da providência em
todos e para todos. São verdades que conduz o leitor a perceber com clareza “o
propósito da vocação” nos relacionamentos, demonstrando o amor de Deus ao
próximo. (Mt 25.40).
Descobrir vocação não é tarefa fácil. Porém, sabemos que todos de alguma
forma têm uma vocação ou múltiplas vocações dentro da vocação. Segundo Gene
Edward, “ninguém escolhe a vocação, não
depende de nós, e sim de Deus (p. 41)”. Seja no âmbito secular ou religioso,
somos convocados por ela. O capítulo 4 lança forte luz para o entendimento da
doutrina da vocação, esclarecendo como Deus age e por quem Ele age. Os próximos
capítulos (5 a
8) são mais específicos, pois trata da vocação no trabalho, na família e na
igreja, numa perspectiva bíblica para a vida do cristão.
“Após a queda o trabalho que era pra ser só bênção, passou ser também
visto como uma maldição. Ele pode causar
satisfação, mas também pode ser frustrante, inútil e exaustivo” (p. 50). “Embora
o cristão esteja no mundo, não pode se comportar em conformidade com o mundo.
A partir do momento em que enxergamos a
presença de Deus... e percebemos que ele está agindo [...] teremos encontrado a
nossa vocação” (p. 53).
Isso ajuda nos relacionamentos entre cristão e não cristão. Pois diante
de Deus todos são iguais, seja senhores ou servos. Todos nascem numa família. Este
princípio foi instituído por Deus em Adão e Eva. Hoje os estudos antropológicos
afirmam que “A família é à base de toda a cultura”. Portanto a vocação familiar
dá sustentação às demais vocações, pois ela se entrelaça entre os membros da
família: no pai, na mãe e nos filhos, cada um com sua função distinta. O apóstolo
Paulo compreendeu e ensinou essa doutrina muito bem, comparando com a união de
Cristo e sua igreja (Ef 5 28-33). O autor uma colocação interessante quando diz:
“Embora a autoridade dentro da família e
em outras vocações seja real, esse não é o objetivo da vocação” (p. 71).
Outro assunto abordado que é relevante, é o nosso comportamento como cidadão
diante do estado. Como cristãos precisamos refletir e compreender a dimensão da
submissão às autoridades constituídas por Deus (Rm. 13). Em um sistema
democrático o cristão tem oportunidade de governar mesmo sem assumir cargos
políticos. Podendo fazer isso obedecendo e lutando por justiça para todos. Na
igreja, a vocação se restringe mais para o campo espiritual. Embora todos
tenham dons, “Cristo age de maneira poderosa na vocação do pastor”. Tudo isso
está dentro do propósito e da providência de Deus. O chamado na igreja tem algumas
implicações, pois exige deixar o mundo do pecado, para fazer parte da
comunidade santa, embora cheia de diversidades é um organismo vivo; pois é o
corpo de Cristo. Os três últimos capítulos, A ética da vocação.
Conhecer a ética vocacional é viver na luz, pois em todos os aspectos da
vida reflete a doutrina da vocação. Ela abrange todas as áreas da vida, seja
âmbito espiritual ou material. O autor frisa que “A reforma colocou a doutrina da vocação bem no centro do ensino”. (p.104).
O pecado da falta de amor ao próximo, do orgulho, da ganância, do egoísmo,
etc., vida a vocação. Essa forma que tudo que fizermos e que dá contra os
princípios da palavra de Deus é pecado e assim fere a vocação. Outro aspecto
importante é a autoridade para exercer vocação dentro das normas legalmente e
estabelecidas o que concede tanto responsabilidade, privilégios quantos limites
e liberdade então quando alguém tenta fazer algo que é da sua área vocacional,
está ferindo e agindo fora da vocação. Graças a Deus que apesar de nós ele
cumpre seu propósito em nós e através. Neste livro fica claro que seguir uma
vocação não é tarefa fácil. Mas através das provações, tribulações, e nos
fracassos, o cristão está consciente da sua dependência de \Deus. Porém nós só
reconhecemos essa dependência quando oramos e nos submetemos a sua vontade de
fato a oração é um caminho a ser trilhado pela vocação, em busca da resposta de
Deus, seja para aprovação ou não. Neste capitulo dez ele cita Lutero, inclusive
enfatizando a importância da oração para ele. Ele une dois elementos
importantes para a vida dos cristãos “a oração e a fé” esses dois são
inseparáveis, aqui está à diferença em o que serve a Deus e o que não serve.
Finalmente na conclusão ele aborda sobre como podemos descansar na
vocação. O trabalho é bíblico, nele nós desenvolvemos nossas vocações. O
descanso vem depois do trabalho. Na vocação quando ficamos atribulados por
causa da tarefa diária, podemos ter certeza que encontramos refrigério e
descansamos em Cristo. A
pergunta final é: “como o cristão poder influenciar na cultura novamente a
doutrina da vocação como foi na reforma”. O chamado da vocação não exige,
necessariamente troca de funções no trabalho na verdade ele nos guia a
desenvolve tudo para a gloria de Deus que é quem nos chama.
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