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quinta-feira, 26 de abril de 2012

OS USOS DA LEI DE ACORDO COM A REFORMA


Apesar de termos caído e pecado, este conhecimento natural de Deus não foi aniquilado: ele foi deturpado. Calvino ensinou que no homem encontram-se apenas as ruínas da imagem de Deus. Ele não disse que já não se pode encontrar nada, mas sim que são ruínas. Afinal, fomos criados à Sua Imagem (Gn 1.27); e mesmo caídos, continuamos sendo criaturas de Deus, amadas por Ele. Daí surge uma das doutrinas fundamentais da Reforma Protestante: aquela concernente à lei e ao evangelho, como articulada na Formula da Concórdia (luteranismo) os nas Institutas (calvinismo).
1.    Usus politicus (usus legis civilis) - A lei como orientação, regendo a vida política e civil de uma sociedade. A função da lei é impedir que o homem de faça o que bem entende. Aqui se fala da utilidade pública da lei até a história humana chegar a seu fim por intervenção divina. “este uso ou oficio político é necessário para que o homem e a comunidade tenham tranquilidade, e para impedir a desordem e o caos” (Calvino, As Institutas, vol II, 1985, p. 119).
2.    Usus elenchthicus legis (Theologicus) – a lei como um apelo a conversão, ou seja, revelar os pecados do omem e levá-lo a Cristo. Este uso (função da lei moral) pode ser comparado a um espelho... isso significa que a lei sempre acusa. Assim, Deus usa a lei para nos mostrar que somos pecadores perdidos, revelando nossa condição desesperadora ante a santidade dEle (Rm 3.19,20).
Enquanto o legalista acredita que a lei é um meio pelo qual o homem pode justificar-se, o cristão crê que a função fundamental da lei é revelar nossos pecados e conduzir-nos a Cristo – usus paedagogicus: a lei é um pedagogo que nos leva ao Salvador (Gl 3.24). A função da lei é fazer um apelo à conversão e ao arrependimento, calando toda boca e tornando todos culpáveis diante da santidade de Deus.
3.    Usus tertus in renatis – o uso da lei para os renascidos pode ser comparado a uma regra. A principal função é orientar os cristãos em sua conduta moral. A lei não foi eliminada, pelo contrario, foi consolidada para o cristão. Quando se diz que a lei foi cumprida em Cristo porque Ele é o fim da lei (Rm 10.4), isto significa que o pecador recebe a justificação e a libertação da maldição da lei, mas não significa que a lei deixou de ter validade moral (ler Rm 3.31). Porém, devemos evitar cair no legalismo ou no antinomismo. “Embora a lei não seja nosso salvador, ela é o nosso guia”. Melanchthon diz que os regenerados necessitam da lei para obter apoio e direção, pois estão afligidos por fraquezas e caem com facilidade. Para Calvino os fiéis tiram proveito da lei, pois “ela lhes é um ótimo instrumento para fazê-los entender melhor e mais precisamente, dia a dia, qual é a vontade de Deus, a que aspiram, e firmá-los no conhecimento desta” (Calvino, citado por A. Biéler, O Pensamento Econômico e Social de Calvino, 1990, p. 292).
Próximo artigo: O LUGAR E A FUNÇÃO DA CONSCIÊNCIA NA ÉTICA CRISTÃ
Em meio ao povo evangélico, existem muitas interpretações errôneas quanto ao lugar e à função da consciência. Isso resulta da falta de ensino adequado e da carência de pesquisa bíblica consciente, além da influencia do secularismo. 
Do Livro “A ÉTICA DOS DEZ MANDAMENTOS” Um modelo da ética para os nossos dias, De Hans Ulrich Reifler – Vida Nova.

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