“Os
domingos são complicados para os bebês”, disse um membro da igreja, com
simpatia, quando me entregou a minha filha chorosa. Esta é uma verdade
universal reconhecida. Aos domingos, a agenda das sonecas, cuidadosamente
organizada nos outros seis dias, se curva e depois se encaixa sob as restrições
dos cultos matinal e vespertino. Aos domingos, as interações tranquilas da vida
familiar desvanecem diante do ruído de uma congregação inteira. Aos domingos,
punhados de cereais preenchem a lacuna entre uma refeição atrasada e outra. Aos
domingos, as coisas são diferentes.
A
interrupção semanal do domingo muitas vezes deixa pais cristãos desanimados e
cansados. Ao colocarmos os nossos pequeninos na minivan após o culto, ficamos
nos perguntando se os domingos são bons para as crianças. Pode parecer muito
mais fácil ficar em casa e manter a rotina habitual.
É
claro que devemos ter compaixão dos nossos filhos todos os dias das suas vidas.
Reconhecemos que eles são fracos e satisfazemos as suas necessidades físicas e emocionais
com amor e misericórdia. Lembramos de trazer os cereais e aquele pedaço
reconfortante de cobertor esfarrapado. Mas não podemos escapar do fato de que
aos domingos tudo é diferente. E isto, realmente, é uma coisa boa.
Se o Senhor disse que esse dia é
abençoado (Êxodo 20.11) e o criou para o nosso bem (Marcos 2.27), então,
podemos nos alegrar nele, não apenas por nós mesmos, mas também pelos nossos
pequeninos. O dia que vem com prescrições e provisões para filhos e filhas,
patrões e empregados, animais e convidados, também vem com bênção para os
bebês. Aos domingos, o Senhor nos ensina – até mesmo ao mais jovem de nós –
algo sobre si mesmo e sobre a sua graça.
Deus é o Senhor do tempo
Aos
domingos, nós reconhecemos que Deus é o autor e o governador do próprio tempo.
Na criação, Deus fez o tempo. Ele separou a luz das trevas e estabeleceu o
ciclo diário de manhã e tarde (Gênesis 1.3-5). Na criação, Deus também
organizou esses dias num padrão de seis e um (Gênesis 2.1-3): seis dias para
trabalho e recreação comuns, um dia para descanso (Êxodo 20.11).
Por
mais tentador que pareça crer que somos mestres do nosso próprio tempo –
manipulando cuidadosamente um quebra-cabeça interconectado de entradas no
Google – nós não o somos. Deus é aquele que criou o tempo, que nos colocou nele
e nos uniu por ele, e é Deus quem nos dirige de maneira a usá-lo corretamente.
Quando nos submetemos ao seu padrão de seis e um, reconhecemos que Deus é o
Senhor do tempo.
Também para os nossos filhos, a interrupção
do domingo é uma chance de lembrar que até mesmo os nossos horários estão
debaixo da autoridade do Senhor. Uma vez por semana o Senhor invade a nossa
rotina e nos lembra que os momentos das sonecas e do lanche não são
irrevogáveis, nem são determinados por nossos próprios desejos. Em todas as
coisas servimos ao Senhor.
O povo de Deus é um povo corporativo
Aos domingos afirmamos que o povo de
Deus é um povo corporativo. Não somos discípulos solitários, seguindo a Cristo
num caminho solitário para a santidade e o céu. Nós somos uma igreja. Cristo
veio para redimir e aperfeiçoar todo o seu corpo (Efésios 4.1-16). Quando nos
reunimos como igreja, lembramos que nós, que pertencemos a Cristo, também
pertencemos ao corpo do qual ele é a cabeça.
Aos domingos, o silêncio dá lugar ao
canto congregacional, a solidão desaparece numa multidão de rostos, e a
Palavra, lida em círculos privados, é agora a Palavra pregada em público. Para
os nossos filhos, os domingos são cheios de novos sons, novos cheiros e novas
pessoas. Esta é uma oportunidade para aprender que Deus não é meramente o
Senhor de indivíduos ou famílias, mas ele é o Senhor de uma vasta multidão de
pessoas – tantas que nem mesmo um adulto seria capaz de contar todas elas
(Apocalipse 7.9). Para os pequeninos, a igreja reunida parece esmagadoramente
enorme. Do ponto de vista da eternidade, ela é.
Descansar é melhor do que dormir, comer é melhor do que
fazer um lanche
O
domingo nos é dado como um dia de descanso – um lembrete do descanso de Deus na
criação e uma antecipação do descanso eterno dos santos no céu. Mas o descanso
do dia do Senhor não é simplesmente uma soneca da tarde prolongada. O
verdadeiro descanso se encontra em fazer uma pausa em nosso trabalho ordinário
e, como a Confissão de Fé de Westminster explica, realizar “exercícios públicos
e privados de adoração e obras de necessidade e misericórdia”. Nessas
atividades reabastecemos as nossas almas. Aos domingos, Deus nos dá um descanso
ainda melhor do que dormir.
O
domingo também é um dia de festa. Os puritanos costumavam chamar o dia do
Senhor de “o dia da feira da alma”. Da mesma forma como um mercado expõe
prateleiras transbordando de carne, pães e produtos nutritivos, assim também o
dia do Senhor oferece suprimentos doces e nutritivos para as nossas almas.
Quando nos reunimos para cultuar ao Senhor na assembleia dos santos, aprendemos
com a sua Palavra e crescemos em nosso amor por ele.
Tudo
isso são boas novas para os nossos filhos pequenos. Os domingos podem
significar cochilos interrompidos e refeições atrasadas, mas nossos filhos
estarão trocando provisões terrenas por algo muito melhor para as suas almas
imortais. Aos domingos, tudo é rearranjado para que eles possam ouvir a Palavra
proclamada no poder do Espírito. Aos domingos, cada coisa comum ocupa um lugar
menor em favor da “única coisa necessária” (Lucas 10.42).
Muitas vezes eu me pergunto a respeito
das crianças cujos pais as trouxeram a Jesus, para que ele orasse por elas
(Mateus 19.13-15). Provavelmente, algumas tiveram que perder suas sonecas e
almoçar posteriormente. Elas podem ter ficado agitadas e superestimuladas pela
multidão. Mas, pelo resto de suas vidas, elas saberiam que mamãe e papai as
trouxeram para Jesus. Pelo resto de suas vidas, elas seriam mudadas porque o
Senhor as tomou em seus braços e intercedeu por suas almas.
A
cada domingo, pais cristãos têm a oportunidade de levar seus pequeninos a
Jesus. Pode quebrar toda a rotina semanal. Mas essa é uma coisa boa.
Por: Megan Hill
Fonte: https://voltemosaoevangelho.com
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