INTRODUÇÃO: Um
homem visitava um hospício. O enfermeiro mostrava-lhe pacientemente os vários
setores daquela casa. Intrigado com a flagrante desproporção entre o número de
funcionários e o de enfermos ali internados, o visitante perguntou: - Vocês não
tem medo de que os internos se unam e agridam vocês? Afinal, eles são em número
muito maior! O enfermeiro respondeu: - Oh! Não, ninguém precisa ficar com medo.
Os loucos nunca se unem.
A
Igreja não é um hospício, apesar de algumas vezes parecer. Quando há brigas e
desarmonias entre irmãos, a igreja se torna um lugar insuportável. Mas
lembremos sempre que a igreja é um lugar de paz, e o nosso Deus não é de
confusão.
ELUCIDAÇÃO: Em efésios 4.1-6, Paulo fala da igreja como
uma unidade orgânica. Essa unidade não é externa, institucional ou o resultado
da engenhosidade humana. A unidade da Igreja é espiritual e foi criada pelo
Espírito Santo.
Os
três primeiros capítulos lidam com doutrina, nossas riquezas em Cristo,
enquanto os últimos três exploram o dever, nossas responsabilidades em Cristo.
Paulo usa mais de uma vez a
figura do corpo para descrever a unidade. Ele enumera quatro virtudes que
caracterizam o andar digno do cristão. A unidade não é criada, mas é preservada
(4.3). Ela já existe por obra de Deus, não do homem. Portanto, ecumenismo não
possui amparo na Palavra de Deus. A unidade da igreja não é construída pelo
homem, mas pelo próprio Deus triúno.
IGREJA,
LUGAR DE UNIDADE
De que maneira se dará essa unidade
cristã? Qual a minha parte?
1. O ESFORÇO
INDIVIDUAL NA UNIDADE (4.1-2);
Rogo-vos,
pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que
fostes chamados,
a) Com toda a humildade (v. 2) a palavra rega tapeinophrosine,
“humildade”, foi cunhada pela fé cristã. A humildade era desprezada pelos
Romanos, pois era sinal de fraqueza. – Francis Foulkes diz que “em Cristo, a humildade tornou-se uma
virtude”. Sua vida e morte foram serviço e sacrifício sem qualquer preocupação
quanto à reputação (Fp 2.6). Como o cristão é chamado a seguir seus passos, a
humildade ocupa uma parte insubstituível no caráter cristão”. Rev.
Hernandes Dias diz que a “humildade representa pôr Cristo em primeiro
lugar, os outros em segundo luar e o eu, em último lugar”. (Mt 11.29). William
Baclay diz que a humildade provém do conhecimento que temos de nós mesmos.
1. Quem sabe que veio do pó, é pó e voltará ao pó não pode ser orgulhoso. 2.
Confronto da própria vida com a vida de Cristo e 3. Criaturas totalmente
dependentes do seu Criador.
b)
Com toda mansidão,(4.2) a palavra
grega prautês, “mansidão” (gentil) não é sinônimo de
fraqueza; ao contrário, é a suavidade dos fortes, cuja força está sob controle.
O manso não insiste no seu direito nem reivindica sua própria importância ou
autoridade. Ela até abre Mao de seus direitos. Prefere sofrer o dano (1Co 6.7).
Ex.: Abraão e ló na escolha da terra. O
manso controla seu temperamento,
impulsos, língua e desejos. Tem domínio de si mesmo.
c) Com longanimidade, (paciência)
a paciência é tipicamente uma virtude cristã. Pois os gregos não a considerava
como virtude e sim como fraqueza. O paciente aguenta insultos, sofrimentos,
provocações, infortuno, sem amargura nem lamento. O amor que tudo suporta.
d) Suportando-vos uns aos outros em amor, (4.2) aqui
“suportar” não é aguentar o outro com resignação estoica (austero), mas servir
de amparo e suporte para o outro. Não faz com amargura, mas com amor. Suporta
em amor, isso manifesta a prática da paciência. Amar o próximo como a si mesmo.
2. A PRESERVAÇÃO DA UNIDADE (4.3)
Esforço
diligente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz;
a) A unidade da igreja não é preservada por decreto, ou por
decisões legais. Cada crente na sua forma de viver e agir é um instrumento de
preservação da unidade.
b)
CM = 135. Quais são os deveres exigidos no sexto mandamento?
R: Os deveres exigidos no sexto
mandamento são todo empenho cuidadoso e todos os esforços legítimos para a
preservação de nossa vida e a de outros, resistindo a todos os pensamentos e
propósitos, subjugando todas as paixões e evitando todas as ocasiões, tentações
e práticas que tendem a tirar injustamente a vida de alguém por meio de justa
defesa dela contra a violência; por paciência em suportar a mão de Deus;
sossego mental, alegria de espírito e uso sóbrio da comida, bebida, remédios,
sono, trabalho e recreios; por pensamentos caridosos, amor, compaixão,
mansidão, benignidade, bondade, comportamento e palavras pacíficos, brandos e
corteses, a longanimidade e prontidão para se reconciliar, suportando
pacientemente e perdoando as injúrias, dando bem por mal, confortando e
socorrendo os aflitos, e protegendo e defendendo o inocente.
3.
O
FUNDAMENTO DA UNIDADE (4.4-6)
a)
Um só Corpo (4.4). só existe uma igreja verdadeira, o corpo de
Cristo, formada de judeus e gentis, a única família no céu e na terra. Começa
na conversão e batismo pelo Espírito Santo. A igreja de Cristo é
supradenominacional.
b)
Um só Espírito (4.4). É o mesmo Espírito que habita na vida de cada
crente. “se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Ele” (Rm 8.9).
c)
Uma só Esperança (4.4). A esperança da volta gloriosa de Jesus, quando os
mortos em Cristo receberão um corpo de glória, e os vivos serão transformados e
arrebatados para encontrar o Senhor Jesus Cristo nos ares. Novo Céu e nova
terra.
d)
Um só Senhor (4.5). o mesmo Senhor que morreu por nós, ressuscitou e
vive por nós, um dia virá para nós. Perguntaram para Gandhi, líder espiritual
da Índia: “Qual é o maior impedimento para o cristianismo na Índia?” Ele
respondeu: “Os cristãos”. Confessar o senhorio de Cristo é um grande passo em
direção entre a unidade entre seu povo.
e)
Uma só Fé (4.5). Essa fé tanto é o conteúdo da verdade que cremos,
o nosso credo (Jd 3; 2Tm 2.2); como é nossa confiança pessoal em Cristo como
Senhor Salvador.
f)
Um só Batismo (4.5). Esse é o batismo pelo Espírito no corpo de Cristo
(1Co 12.13). Não se trata do sacramento do batismo que a igreja administra, mas
daquela operação invisível que o próprio Espírito Santo realiza. Paulo não está falando de forma (aspersão,
imersão e Efusão) de batismo, mas do sentido do batismo, que é a nossa união
com Cristo e sua igreja.
g)
Um só Pai (4.6). Deus é o Pai de toda a igreja, tanto a da terra,
como a do céu. Deus é sobre todos, age por meio de todos e está em todos. (Atos
17.26-28).
APLICAÇÕES:
1.
Como você se avalia no conceito de cristão
para lutar juntos pela fé evangélica?
2.
O que temos feito de bom que tem preservado a
unidade da Igreja de Cristo?
3.
Qual tem sido o meu/seu fundamento para
vivermos unidos na Igreja?
CONCLUSÃO:
Em síntese, podemos dizer
que a unidade da Igreja tem a sua origem na Trindade. Primeiro, o único Senhor,
cria a única família. Segundo, Jesus, o único Senhor, cria a única fé, a única esperança
e o único batismo. Terceiro, o único Espírito, vivifica e mantém vivo o único
corpo, a Igreja.
Rev. José Francisco - Pastor Efetivo da Igreja Presbiteriana do Brasil em Ipanguaçu-Rn
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