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quinta-feira, 15 de abril de 2010

RESENHA DO LIVRO "IDE E FAZEI DISCÍPULOS"

RESENHA

José Francisco do Nascimento

GREENWAY, Roger S. Ide e fazei discípulos – Uma introdução às missões cristãs. São Paulo: Cultura Cristã, 2001. 207 p.


Embora a ordem “Ide fazei discípulos”, seja do primeiro século da era cristã, hoje o desafio continua o mesmo para os discípulos de Jesus. Em um mundo cada vez mais cético, os que abraçaram a fé em Jesus Cristo devem proclamar as verdades do evangelho constantemente. Embora o “ide” seja para todos, os missionários e evangelistas têm maior responsabilidade, pois eles têm chamados especiais que visam alcançar todas as nações. Na igreja da era pós-moderna o desafio para cumprir a tarefa de evangelizar o mundo é bem maior do que no principio. Hoje, o índice populacional a nível mundial, cresce assustadoramente. Enquanto que o número de missionários e evangelistas para cumprir a missão dada pelo Mestre não acompanha o mesmo ritmo. Outro problema é de ordem financeira, no preparo dos missionários; Há pouco investimento nesta obra grandiosa.

Roger S. Greenway, (B. D. Th. M., Calvin Theological Seminary) é professor de Missiologia no Calvin Seminary e autor de vários livros, inclusive Ide e Fazei Discípulos.

O livro “Ide fazei discípulos”, apresenta seis verdades sobre missões que desafiam o leitor:

1) Jesus ordenou que seus discípulos levassem o evangelho ao mundo todo;

2) O Espírito Santo desperta missionários de todas as nações, raças e povos;

3) A Bíblia é a autoridade máxima para se fazer missões;

4) Missões exigem conhecimento e preparo para o ministério missionário;

5) O cristão deve ensinar o que aprende na bíblia sobre missões;

6) No coração do cristão deve haver um desejo ardente em obediência a Deus, para que Ele seja adorado em todo lugar.

A obra está dividida em três partes. A primeira com três capítulos abordando o tema: “O mundo para o qual Cristo nos envia”. No primeiro ele fala de desafios e dificuldades que enfrentam aqueles que fazem missões como:

a) o crescimento da população mundial;

b) as migrações para as cidades e

c) as barreiras culturais entre outras.

Para ele, os missionários são cooperadores na obra de Deus e co-participantes no testemunho com Espírito. Em seguida, Roger apresenta alguns motivos errados e outros certos para se fazer missões. Dentre os errados, alguns são mais perigosos como: a busca da auto-satisfação, o egoísmo, e a promoção pelo trabalho que realiza. Entre os certos cita a obediência ao chamado visando à glorificação daquele que o chamou. Ele chama a atenção para o sentimento que deve arder no coração do missionário apontando o alvo da motivação para cumprir os propósitos de Deus.

Na segunda parte do livro, que vai do capítulo quatro a onze, Roger apresenta a base bíblica para se fazer missões. Nesta o autor trata da importância de se fundamentar o trabalho de missões nos princípios bíblicos. Primeiro aponta as base no Antigo Testamento numa perspectiva da distinção entre a religião bíblica e todas as demais religiões. Depois no Novo Testamento numa visão cosmológica abordando questões como a natureza de Deus versos natureza dos seres humanos. Ainda trata sobre o povo escolhido para testemunhar e cumprir o propósito divino. Em seguida, ele fala de “Missões nos quatros evangelhos” colocando Jesus no centro dos escritos e do ensino missionário. Fala do contexto social de Atos vivido por aqueles que foram os primeiros missionários focalizando a oposição sofrida por eles, a forma como era anunciada a palavra, os meios que os primeiros missionários usavam e os lugares onde pregavam. Sobre o ministério do “Espírito Santo” o autor aponta qual seu papel em missões, e a importância de se possuir os dons para o ministério missionário. Depois trata especificamente dos métodos que o apostolo Paulo usou para anunciar a palavra do evangelho; confronta o evangelho de Jesus Cristo com os ensinos brilhantes e vitoriosos de outras religiões pagãs, onde há sinceridade, mas em coisas falsas e vãs. A verdade bíblica coloca Cristo como único e suficiente para salvar os seus de todas as raças, tribos e povos. Conclui a segunda parte focalizando algo muito importante e imprescindível para que a obra missionária alcance bons resultados: “A oração, que é a nossa arma poderosa em Deus para vencer obstáculos”. (Cl 4:3-4; 2Ts 3:1-2).

A terceira parte vai do capítulo doze até o vinte e aborda especificamente as questões que envolvem missões. Nesta, o autor trata de um tema polêmico em nossos dias e principalmente em algumas igrejas tradicionais: “os ministérios de oração, a cura e exorcismo”. O assunto apesar de ser polêmico é pertinente, pois quem quer fazer missões mundiais precisa no mínimo, conhecer sobre o assunto. Em seguida trata sobre da organização, do crescimento equilibrado da igreja e da formação de líderes capacitados. Cita o apóstolo Paulo como exemplo excelente em treinar líderes, e aponta algumas qualidades especiais concedida pelo Espírito Santo que os líderes devem possuir (At 18.18). Nos capítulos seguintes o autor apresenta de alguns desafios urbanos como: Pobreza, diversidade social, étnica cultural, pluralismo religioso, etc. E algumas diretrizes para se obter sucesso no envolvimento com missões urbanas; “Pela praticidade de palavras e ações”. Apresenta sete conselhos práticos e diz que o trabalho de missões inclui uma serie de fatores como o preparo contínuo do agente missionário. Para Roger, “o trabalho de missões numa igreja pode até ser feito sem o pastor, mas se o pastor for comprometido com missões tudo será diferente”. O pastor deve ser preparado e dá o exemplo na evangelização ensinando e pregando, como também direcionando os membros a fazer o mesmo. Ele aborda outro assunto que mexe com toda estrutura da igreja: dinheiro para missões. Porém não haverá trabalho missionário se não houver sustento. Ele diz que “os sistemas de sustento” podem diferir de igreja para igreja, mas a responsabilidade é uma só em todo o mundo. - sustentar o missionário que é ao mesmo tempo, investir no reino de Deus (Fp 4.17).

Nos três capítulos finais, ele trata da ética dos que evangelizam e fazem missões apontando pontos positivos e outros negativos e formas que devem ser evitadas na evangelização; sugere algumas normas que facilitam a comunicação do evangelho e coloca sobre os missionários a responsabilidade de ser pacificadores mundiais. De forma peculiar trata fala dos conflitos entre os cristãos de todo mundos dizendo que tais conflitos só causam danos ao trabalho missionário. Finalmente enfatiza a importância do preparo missionário apontando as ferramentas necessárias e diz que o chamado é para todos os cristãos, mas do missionário é especial, pois este deve sentir profundo entusiasmo e um fogo ardente do Senhor. Antes de finalizar o livro ele põe um apêndice com sugestões evangelísticas.

Ide e fazei discípulos é obra simples, de fácil compreensão e de grande utilidade para grupos de estudos, seminarista e missionários que desejam aprender algo simples com profundidade. Em algumas colocações o autor foi infeliz; o leitor deve analisá-las a luz da fé reformada. Citamos como exemplo: a ênfase dada ao termo “batismo com Espírito Santo e chamar o Espírito Santo de arrombador de portas”. (cap. 7).

Recomendamos o livro “Ide e Fazei Discípulos” aos leitores e estudantes de missões e evangelismo, e a aqueles que desejam conhecer um assunto tão relevante em nossos dias. O seu conteúdo acrescentará conhecimento amplo àqueles que realmente se interessam pela obra missionária, a fim de cumprirem a ordem do Mestre. Certamente, ele servirá no mínimo, como um introdução ou guia sobre o assunto. Portanto, desejamos boa leitura.


*Jose Francisco é Seminarista do 3º ano de teologia nos STNe - Teresina - Pi.

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