INTRODUÇÃO:
Sincera comunhão com Deus se
desfruta através do amor à sua Palavra que é a maneira de Deus comunicar-se com
a alma através de seu Espírito Santo. Os que amam a Santa Palavra de Deus são
bem-aventurados, porque são preservados de contaminação (v. 1), porque se
tornam santos na prática (vv. 2,3) e guiados a ir a Deus sincera e intensamente
(v. 2). Oração e louvor, bem como toda sorte de atos e sentimento devocionais,
perpassam esses versículos como os raios da luz solar refletidos através da
folhagem de uma árvore frondosa. O crente deve desejar um viver santo, porque é
isso que Deus ordena e isso deve trazer conforto, coragem e dependência
espiritual.
ELUCIDAÇÃO:
Com seu estilo poético, em forma de
acróstico, (um relacionamento entre as
primeiras letras de diferentes versos do versículo), o Salmo 119, com seus
176 versículos, é, de longe, o mais longo do Saltério. Sua extensão pode ser
atribuída à notável devoção do autor à lei de Deus e à sua formidável estrutura
poética – o mais longo acróstico encontrado na Bíblia. É um dos Salmos de sabedoria
composto de vinte e duas estrofes de oito versos, uma estrofe para cada letra
sucessiva do alfabeto hebraico, com todos os versos de cada estrofe começando
com a letra hebraica em particular. O número de versos pode estar ligado às
oito palavras: “testemunhos”, “preceitos”, “estatutos”, “mandamentos”,
“juízos”, “palavra” e “promessa”. O
tema é a Escritura, especificamente a obediência à lei, com todas as oito
palavras sendo usadas livremente como sinônimos... O Salmo 119 é uma incrível
realização poética... Reflete beleza dentro dos limites de uma forma de
expressões particularmente exigente.
Enquanto expressa o seu amor pela lei e o seu desejo
de obedecer a ela, o salmista também reconhece as suas próprias falhas.
Elemento de lamentação e petição entrelaçam-se com expressões de confiança e
declarações de inocência. (Bíblia de
Genebra, p. 780).
AS
BEM-AVENTURANÇAS PROVINDAS DA LEI DO SENHOR
1.
AMOR
A LEI DO SENHOR (vv. 1-3: “Bem-aventurados
os irrepreensíveis no seu caminho, que andam na lei do SENHOR. Bem-aventurados
os que guardam as suas prescrições e o buscam de todo o coração; não praticam
iniquidade e andam nos seus caminhos”).
a)
Pureza
no caminho – os imaculados desejam ardentemente ser santo.
Nosso desejo por felicidade não é maior que o se sermos perfeitamente santos.
Uma benção pertence aos que ouvem, leem e entendem a Palavra do Senhor; não
obstante, uma benção maior advém da real obediência a ela e concretiza em nosso
andar e conversação o que aprendemos em nosso exame das Escrituras. A mais genuína bem-aventurança consiste na
pureza de nosso caminho e de nossa caminhada santa e prudente (Sl 1.1,2).
1) Facilmente
pode sobrevir-nos impureza mesmo em nossas coisas santas! É possível
achegarmo-nos para os cultos maculados em nossa consciência. Lamentável é que
nos salpicamos a santa vereda com nosso egoísmo, nossa vanglória, nossa
obstinação e nossa carnalidade.
2) Seu
andar, sua vida cotidiana, é de obediência ao Senhor. Quer comam, quer bem,
quer façam qualquer outra coisa, tudo fazem no nome de seu grande Mestre e
Modelo. Vida santa é um andar, um progredir constante, um avançar sereno, um
preservar contínuo. A lei do Senhor não é enfadonha.
b) Santos na
prática – vida nutrida por zelo íntimo
pela glória de Deus. Se guardarmos os testemunhos de Deus, eles por sua vez nos
guardarão. Eles são de real valor e dignos de ser guardados, pois “em os guardar há grande recompensa”.
Portanto, devemos guardar a Palavra de Deus com cuidado e vigilância, porque
ela são seus testemunhos. Ele nos
deu, mas ainda são dele. E o buscam de todo o coração –
significa o ardente desejo de ter comunhão com Deus de maneira mais intima,
segui-lo plenamente, manter a mais perfeita união com a sua mente e vontade,
promover sua glória e compreender plenamente tudo o que ele é para os corações
santos.
c) Não amam a
iniquidade – bem-aventurados
devem ser todos aqueles de quem se pode afirmar sem reserva e sem explicação.
Os que seguem a Palavra de Deus não amam a iniquidade; a regra é perfeita, e se
ela for constantemente seguida não haverá erro. O genuíno povo de Deus não
pratica a iniquidade: são honestos, íntegros e no que tange à justiça e
moralidade, são inculpáveis.
d) Andam em seus
caminhos – inclinam-se não só para os
grandes princípios da lei, mas também para os mínimos detalhes de preceitos
específicos. A mais segura maneira de abster-se do mal é vivendo totalmente
ocupado na prática do bem. O cristão, embora sejam falhos e frágeis, todavia odeiam
o mal e não se permitirão viver nele; amam as veredas da verdade, da justiça e
da genuína piedade, a habitualmente andarão nelas.
2.
DILIGÊNCIA NA LEI DO SENHOR – (vv. 4-6: “Tu
ordenaste os teus mandamentos, para que os cumpramos à risca. Tomara sejam
firmes os meus passos, para que eu observe os teus preceitos. Então, não terei
de que me envergonhar, quando considerar em todos os teus mandamentos”).
a)
Ordenanças Santas –
Os preceitos de Deus requerem criteriosa
obediência, não sua observação por acidente. Sua lei demanda o amor de todo o
nosso coração, de toda a nossa mente, de toda a nossa alma e de toda nossa
força; uma religião displicente não contém nada disso. Quando tivermos feito
tudo, nos sintamos servos inúteis. Como um profissional se ergue para fazer
tanto quanto possa, assim devemos ser solícitos em servir ao Senhor o máximo
que pudermos. Nosso Mestre merece servos diligentes.
Alguns são diligentes em superstição e indispostos a
cultuar; é nosso dever ser diligentes em observar os preceitos do Senhor. Deus
não nos ordenou ser diligentes em fazer
preceitos, mas em guardá-los. Há quem
põe jugo em seu próprio pescoço e faz algemas e normas para outros; mas uma
diretriz sábia se satisfaz com as normas da Santa Escritura. Quando o coração
se avoluma em amor pela santidade, mais interesses pessoais têm nela.
b)
Inspirações Santas –
os mandamentos divinos devem inspirar o tema de nossas orações. Precisamos
pedir ao Senhor que realize em nós suas obras, do contrário jamais cumpriremos
seus mandamentos. O v. 5, expressa um lamento de dor do salmista por sentir que
não guardava os preceitos de Deus diligentemente; é o clamor do fraco que pede
socorro a alguém que podia ajudá-lo. É a petição da fé de alguém que ama a Deus
e confia nela para receber a graça.
Nossos caminhos são, por natureza, opostos ao caminho de
Deus, e é preciso que nos deixemos orientar pelo Senhor, do contrário seremos
destruídos. “Oh, que meus caminhos sejam
orientados em guardar teus preceitos”.
c)
Regozijo Santo –
O pecado traz vergonha, e quando o se vai, dissipa-se o motivo para
envergonhar-se. Que grande livramento é este! Alguns preferem a morte que a
vergonha. Quando tiver respeito por
todos teus mandamentos – se ao cometer iniquidade ninguém sentir vergonha
de mim, eu mesmo me sentirei envergonhado. A desobediência de nossos pais os
tornou nus e confusos. Nós também teremos sempre motivos de sentir-nos confuso,
até que o pecado seja vencido, e cada dever, cumprido.
Não existe numa vida santa motivo algum para
envergonhar-se; alguém pode envergonhar-se de seu orgulho, de sua opulência, de
seus próprios filhos; porém jamais se envergonhará de haver em tudo respeitado
a vontade do Senhor seu Deus. “Oh, santificação que nos põe novamente no caminho
de Deus”! Então meu coração se
alegrará... Quando eu obedecer teus estatutos e honrar teu santo nome (Dr.
Watts).
3.
GRATIDÃO PELA LEI DO SENHOR - (vv. 7,8: “Render-te-ei graças com integridade de coração, quando tiver aprendido
os teus retos juízos. Cumprirei os teus decretos; não me desampares jamais”).
a)
Coração
íntegro e grato - Da oração ao louvor nunca é uma jornada longa demais
nem difícil. Quem ora por santidade um dia há de louvar agradecido pela
felicidade. Prefere considerar a Deus como o único digno de seu louvor. Seu
coração será íntegro, se o Senhor instrui-lo para em seguida poder louvar seu
Mestre. Alguns louvam com lábios falsos e fingidos, o qual o Senhor abomina.
Porém existe a música comparável àquela que brota de uma alma purificada que
permanece eu sua integridade. O coração íntegro certamente bendirá o Senhor;
b)
Coração
instruído - Quando tiver aprendido os teus retos juízos – precisamos aprender a louvar; aprender que podemos
aprender louvar; e louvar quando tiver aprendido. Quando estivermos abertos ao
aprendizado, então o Senhor poderá ensinar-nos os teus juízos. A mente purificada admirará os juízos do Senhor. Os
juízos do Senhor são mais desejáveis que o ouro depurado (Sl 19.10). Um coração
se revela instruído na apresentação do louvor.
c)
Coração
humilde – “Louvar-te-ei”
está em íntima parceria com “Guardarei”.
Vem seguido de uma humilde oração por auxílio divino: “Oh, não me desampares completamente”. O salmista sente sua própria
incapacidade e treme de medo de ficar sozinho, e tal medo é agravado pelo
horror ante a possibilidade de cair em pecado. Que o Senhor nos conceda um
coração humilde, mas cheio de excelência para que sejamos “perfeitos e
íntegros, em nada deficientes”.
O Senhor jamais esquecerá seus
servos completamente, e bendito seja o seu Nome, porque ele nunca quer fazer
isso. Se aspirarmos guardar seus estatutos, ele nos guardará; sim, sua graça
nos levará a cumprir sua lei.
APLICAÇÃO
1.
Amar a lei do Senhor significa se
entregar em santidade, dizendo não ao pecado, a iniquidade;
2.
Ser diligente significa observar os
mandamentos como algo santo e proveitoso para a vida santa.
3.
Gratidão é viver com integridade
bendizendo ao Senhor por todos os seus benefícios.
CONCLUSÃO
Há
uma descida abrupta do monte de bênção, que começa no 1º versículo, ao quase
pranto deste 8º versículo; todavia isso é espiritual e experimentalmente um
decidido e gracioso crescimento; pois
da simples admiração da benevolência de Deus chegamos ao ardente anelo por ele,
anelando comunhão com ele e vendo-nos dominados por intenso horror em não
desfrutá-la. Que bem-aventurança procede da observância dos estatutos do
Senhor!
Ipanguaçu-Rn, 04 de
Agosto de 2013 – Pr. José Francisco.
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