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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

RESENHA DO LIVRO "ALEGRE-SE OS POVOS

RESENHA
José Francisco do Nascimento

PIPER, John. Alegrem-se os povos – A supremacia de Deus em Missões. Tradução: Rubens Castilho. 1ª ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2001. 254 p.

Numa época em que o conceito sobre supremacia de Deus e soberana graça estão quase se perdendo no meio da grande massa de supostos evangélicos, este livro de John Piper colabora para despertar e até corrigir falhas graves no entendimento da verdadeira motivação que leva o cristão a evangelizar o mundo perdido que carece tanto ouvir a mensagem salvadora de Jesus.
John Piper é doutor em teologia e pastor titular da Bethlehem Baptist Church em Minneapolis, EUA, desde 1980; é um dos mais importantes escritores cristãos da atualidade. Tem escrito numerosos livros que chamam os leitores a difundir a paixão pela supremacia de Deus, em todas as coisas, para a alegria de todas as pessoas.
Nesta obra que contempla cinco capítulos, dividida em duas partes com o tema central sobre a supremacia de Deus em missões ele leva o leitor a reconhecer que Deus é supremo na obra missionária, seja no propósito, poder ou preço. A primeira parte com três capítulos e a segunda com dois, trazendo também um epílogo de Tom Steler no final do livro que enrique ainda mais a obra.
No primeiro capítulo, Piper leva o leitor a compreender que a obra missionária não representa o alvo fundamental da igreja, mas sim a adoração. Sua abordagem sobre a importância da adoração impactua, pois na igreja atual, muitos têm destacado a obra missionária como tarefa primordial da igreja. O autor, por meio de várias referências bíblicas e testemunhos, mostra que Deus é quem faz missões por amor de si mesmo visando tão somente glorificar o seu nome entre todas as nações.
O capítulo dois destaca a forma como se dar a verdadeira adoração, ou seja, “a supremacia de Deus nas missões por intermédio da oração”. Sua reflexão conduz o leitor a pensar em um campo de batalha como sendo um soldado vigilante de Cristo numa guerra constante. De forma concisa ele aborda a oração como o principal instrumento de guerra para vencer com poder e obter a paz. Há uma frase do autor que merece destaque, (p.60) “a oração humilha-nos como necessitados e exalta Deus como todo-suficiente”. Os cristãos atuais precisam voltar sua atenção para a oração e clamor até que Cristo volte. Assim, Deus será mais glorificado e a obra missionária triunfará quando houver mais oração.
O capitulo três aborda a “Supremacia de Deus nas missões por intermédio do sofrimento”. Através de testemunhos extra bíblico ocorrido na história de implantação de missões, como também referendando com exemplos bíblicos, o autor argumenta que a natureza do trabalho missionário exige o morrer por Cristo na tarefa de alcançar o objetivo proposto no coração do Senhor. O autor apresenta verdades sobre as aflições e sofrimentos que enfrentam aqueles que se empenham na obra missionária. Porém, ele lembra             que eles contam sempre com a presença de Jesus até o final. É um trabalho de amor a Deus, que ofereceu seu filho unigênito para sofrer, e até morrer em nosso lugar. Essa abordagem é interessante, pois entendemos que por meio do sofrimento que Deus é glorificado na vida daqueles que enfrentam a própria morte por conhecer a certeza da vida eterna, de gozo e paz. Porém o autor enfatiza com precisão que o mérito não está no sofrer por sofrer e sim em agradar a Deus (Fp 3.8).
A segunda parte trata sobre o “Reconhecimento de que Deus é supremo nas missões”. Trata da necessidade e da natureza da tarefa missionária em dois capítulos. O foco da supremacia de Cristo na consciência da fé salvadora, onde o autor discute por meio de perguntas e comentários sobre a necessidade plena do conhecimento da obra salvífica de Cristo. Piper cita alguns escritores famosos e suas posições  contrárias ao pensamento Reformado. É uma abordagem Exegética sadia, coerente e bíblica, algo nada fácil de ser exposto, aja vista a diversidade de opiniões no mundo contemporâneo-moderno. A pergunta que norteia toda a discussão está baseada em Romanos 10.14: 

“como podem eles crer sem um pregador”? Se a fé vem pelo ouvir a palavra de Deus, é necessário que alguém pregue. Por meio da pregação do evangelho “Deus reunirá todos os eleitos” de todas as tribos, línguas, povos e nações a medida que a obra missionária for acontecendo até a plenitude dos gentios entre todo o Israel seja salvo e o filho do homem desça com poder e grande glória.” (p.176).
No capítulo cinco ele aborda a “Supremacia de Deus entre todas as nações”. Trata-se de uma análise exegética sobre o entendimento dos termos “povo ou povos"? A tarefa é alcançar “pessoas ou nações”? Nesta análise textual da forma grega para a frase da grande comissão de Mt 28.20, “Todas as nações” o autor comenta exaustivamente sobre os termos: "povos alcançados e não-alcançados" para uma melhor compreensão textual. A abordagem leva a uma reflexão sobre a soberania de Deus na obra de missões visando à glorificação do seu Nome por meio da adoração entre todo povo (de Deus) de todas as nações, línguas. Ou seja, Deus está preparando para si um povo de todos os povos que estará apto a adorá-lo com liberdade e admiração superlativa (p. 235)
Algumas considerações breves sobre o conteúdo deste livro se fazem necessário: 1º) sobre a tradução de alguns termos como “paixão” no primeiro capítulo. Cremos, que devido à conotação que esta palavra tem em nosso contexto brasileiro, é um tanto negativo para se aplicar a Deus por está associado a paixão da carne. Porém entendemos que, provavelmente, o termo seja empregado por falta de uma outra palavra que se encaixe melhor. 2) Na análise exaustiva do capítulo cinco, apesar de contribuir para esclarecer e dá maior entendimento, tornar-se enfadonho para o leitor leigo, pois se trata de um livro sobre missões e não de um comentário exegético. Porém isso não tira o brilho do trabalho do autor que muito se esmerou para fazer um estudo minucioso no Velho e Novo testamentos sobre o assunto proposto.
O conteúdo de “Alegre-se os povos” enriquecerá a vida do estudante de teologia no conhecimento e envolvimento em missões. Talvez não seja um livro interessante nas mãos de um leitor leigo por causa conteúdo um tanto acadêmico. Porém pastores, líderes e estudantes de teologia devem, não somente ler, mas também praticar o ensino deste livro por trazer uma mensagem despertadora e atual para a liderança (e Igreja) que necessita tanto desse tipo de literatura.

Apresentada na Disciplina “Teologia de Missões” com o Profº Rev. José Alex Barreto. STNe – Set/2010

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