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domingo, 29 de abril de 2012

A Depravação Humana


Por R. C. Sproul

Um ponto comum de debate entre os teólogos concentra-se na pergunta: os seres humanos são basicamente bons ou basicamente maus? A base sobre a qual o argumento se move é a palavra basicamente. É um consenso praticamente universal que ninguém é perfeito. Aceitamos a máxima que diz que "errar é humano".

(Jeremias 17.9; Romanos 8.1-11; Efésios 2.1-3; Efésios 4.17-19; 1 João 1.8-10)

 
Aquele que pratica pecado é escravo
do pecado que pratica
A Bíblia diz que "todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Rm. 3.23). A despeito desse veredicto da falência humana, em nossa cultura dominada pelo humanismo ainda persiste a idéia de que o pecado é algo periférico ou tangencial à nossa natureza. De fato, somos maculados pelo pecado. Nosso registro moral é repreensível. Mesmo assim, de alguma maneira pensamos que nossas obras más residem na extremidade ou na periferia do nosso caráter e nunca penetram o âmago. Basicamente, conforme se supõe, as pessoas são inerentemente boas.

Depois de ser resgatado do cativeiro no Iraque e de ter experimentado em primeira mão os métodos corruptos de Sadam Husseim, um refém americano declarou: "A despeito de tudo que suportei, nunca perdi a confiança na bondade básica das pessoas", Talvez esta visão se apóie em parte sobre a tênue escala da bondade e da maldade relativa das pessoas. Obviamente, algumas pessoas são muito mais perversas do que outras. Perto de Sadam Hussein ou de Adolf I Hitler, o pecador comum fica parecendo santo. Entretanto, se olharmos para o padrão supremo de bondade — o caráter santo de Deus —, perceberemos que aquilo que parece ser bondade básica no padrão terreno, é extrema corrupção.

A Bíblia ensina a depravação total da raça humana. Depravação total significa corrupção radical. Temos de ter cuidado para ver a diferença entre depravação total e depravação absoluta. Ser completamente depravado significa ser o mais depravado possível. Hitler era extremamente depravado, mas ainda poderia ter sido pior do que era. Eu sou pecador. Mas poderia pecar com mais freqüência e com mais gravidade do que faço. Não sou absolutamente depravado, mas sou totalmente depravado. Depravação total significa que eu e todas as demais pessoas somos depravados ou corrompidos na totalidade do nosso ser. Não existe nenhuma parte de nós que não tenha sido tocada pelo pecado. Nossa mente, nossa vontade e nosso corpo estão afetados pelo mal. Proferimos palavras pecaminosas,praticamos atos pecaminosos e temos pensamentos impuros. Nosso próprio corpo sofre a destruição do pecado.

Talvez depravação radical seja um termo melhor do que “depravação total” para descrever nossa condição caída. Estou usando a palavra radical não tanto no sentido de extremo, mas com um sentido mais próximo do seu significado original. Radical vem da palavra latina para “raiz” ou âmago”. Nosso problema com o pecado é que ele está enraizado no âmago do nosso ser. Permeia todo nosso coração. O Pecado está no nosso âmago e não simplesmente no exterior da nossa vida, e por isso a Bíblia diz:

Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. Romanos 3. 10-12

É por causa dessa condição que a Bíblia dá o seu veredito: estamos “mortos em nossos delitos e pecados” (Ef 2.1); estamos “vendidos à escravidão do pecado” (Rm 7.14); somos “prisioneiros da lei do pecado” (Rm 7.23) e somos “por natureza filhos da ira” (Ef 2.3). Somente por meio do poder transformador do Espírito Santo podemos ser tirados desse estado de morte espiritual. É Deus quem nos vivifica, quando nos tornamos feitura dele(Ef 2.1-10).

"Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais outrora andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos de desobediência, entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como também os demais. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, (Ef 2.1-4).
Retirado do site:
http://www.hermeneuticaparticular.com/2011/03/depravacao-humana.html

quinta-feira, 26 de abril de 2012

OS USOS DA LEI DE ACORDO COM A REFORMA


Apesar de termos caído e pecado, este conhecimento natural de Deus não foi aniquilado: ele foi deturpado. Calvino ensinou que no homem encontram-se apenas as ruínas da imagem de Deus. Ele não disse que já não se pode encontrar nada, mas sim que são ruínas. Afinal, fomos criados à Sua Imagem (Gn 1.27); e mesmo caídos, continuamos sendo criaturas de Deus, amadas por Ele. Daí surge uma das doutrinas fundamentais da Reforma Protestante: aquela concernente à lei e ao evangelho, como articulada na Formula da Concórdia (luteranismo) os nas Institutas (calvinismo).
1.    Usus politicus (usus legis civilis) - A lei como orientação, regendo a vida política e civil de uma sociedade. A função da lei é impedir que o homem de faça o que bem entende. Aqui se fala da utilidade pública da lei até a história humana chegar a seu fim por intervenção divina. “este uso ou oficio político é necessário para que o homem e a comunidade tenham tranquilidade, e para impedir a desordem e o caos” (Calvino, As Institutas, vol II, 1985, p. 119).
2.    Usus elenchthicus legis (Theologicus) – a lei como um apelo a conversão, ou seja, revelar os pecados do omem e levá-lo a Cristo. Este uso (função da lei moral) pode ser comparado a um espelho... isso significa que a lei sempre acusa. Assim, Deus usa a lei para nos mostrar que somos pecadores perdidos, revelando nossa condição desesperadora ante a santidade dEle (Rm 3.19,20).
Enquanto o legalista acredita que a lei é um meio pelo qual o homem pode justificar-se, o cristão crê que a função fundamental da lei é revelar nossos pecados e conduzir-nos a Cristo – usus paedagogicus: a lei é um pedagogo que nos leva ao Salvador (Gl 3.24). A função da lei é fazer um apelo à conversão e ao arrependimento, calando toda boca e tornando todos culpáveis diante da santidade de Deus.
3.    Usus tertus in renatis – o uso da lei para os renascidos pode ser comparado a uma regra. A principal função é orientar os cristãos em sua conduta moral. A lei não foi eliminada, pelo contrario, foi consolidada para o cristão. Quando se diz que a lei foi cumprida em Cristo porque Ele é o fim da lei (Rm 10.4), isto significa que o pecador recebe a justificação e a libertação da maldição da lei, mas não significa que a lei deixou de ter validade moral (ler Rm 3.31). Porém, devemos evitar cair no legalismo ou no antinomismo. “Embora a lei não seja nosso salvador, ela é o nosso guia”. Melanchthon diz que os regenerados necessitam da lei para obter apoio e direção, pois estão afligidos por fraquezas e caem com facilidade. Para Calvino os fiéis tiram proveito da lei, pois “ela lhes é um ótimo instrumento para fazê-los entender melhor e mais precisamente, dia a dia, qual é a vontade de Deus, a que aspiram, e firmá-los no conhecimento desta” (Calvino, citado por A. Biéler, O Pensamento Econômico e Social de Calvino, 1990, p. 292).
Próximo artigo: O LUGAR E A FUNÇÃO DA CONSCIÊNCIA NA ÉTICA CRISTÃ
Em meio ao povo evangélico, existem muitas interpretações errôneas quanto ao lugar e à função da consciência. Isso resulta da falta de ensino adequado e da carência de pesquisa bíblica consciente, além da influencia do secularismo. 
Do Livro “A ÉTICA DOS DEZ MANDAMENTOS” Um modelo da ética para os nossos dias, De Hans Ulrich Reifler – Vida Nova.

SERMÃO EM EFÉSIOS 1.1-2

INTRODUÇÃO: 
Vivemos tempos difíceis para anunciar a mensagem do Evangelho. Não são poucos os que se apresentam como mensageiros de Cristo. Porém apresentam uma mensagem desvirtuada do verdadeiro poder de Deus. Prega-se muito sobre bênção para a vida física, emocional e financeira. Mas quando se pergunta por santidade, fidelidade as Escrituras e sobre as doutrinas cristãs, nos decepcionamos com as respostas. Que mensagem você quer ouvir? Qual programa lhe agrada mais? o que você gosta de ler? E se perguntamos: você é uma pessoa santa? Qual resposta ouvimos de pronto?
ELUCIDAÇÃO:
Autor: O apóstolo Paulo (1.1; 3.1). Data: 60-62 d.C.; Ocasião: O aprisionamento mencionado em 3.1; 6.20 é o mesmo referido em Cl 4.3, 10, 18. É provável que se refira aos dois anos de prisão domiciliar de Paulo (60-62 d.C.) em Roma, a qual é relatada em At 28. Os temas e a linguagem comuns a outras cartas paulinas são abundantes em Efésios; suas semelhanças verbais com Colossenses são especialmente notáveis.
Propósito: Ensinar aos cristãos em Éfeso a maravilha e as implicações prática de ser a igreja em Cristo.  Assim como a carta aos Romanos, Efésios fornece uma compressão única da teologia de Paulo, pois foi escrita quando Paulo pôde dar-se ao luxo de não ter de tratar de uma controvérsia local importante. O que se destaca em Efésios é a reverência com a qual o mistério da igreja é contemplado. Efésios descreve a igreja como a nova humanidade de Deus. Ela obedece a um grande propósito divino no mundo: proclamar Cristo e trazer homens à unidade nEle. Conciliação de todos em Cristos. (BÍBLIA DE GENEBRA).
1 Paulo, apóstolo de Cristo Jesus por vontade de Deus, aos santos que vivem em Éfeso e fiéis em Cristo Jesus,  2 graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.

A MENSAGEM DE BENÇÃO “NUMA SAUDAÇÃO”
1.     O MENSAGEIRO DA BÊNÇÃO
a.     Paulo, apóstolo de Cristo Jesus; à Privilégio e obrigação = comissionado, procurador que substitui quem o mandou (2Co 5.16) .
b.      Por vontade de Deus;à Não permissão e sim autoridade (5, 9, 11).
O ministério apostólico cessou após morte do último. Autoridade das Escrituras é única e infalível. Regra de fé e prática.
Paulo apresenta-se como o remetente da carta. É apóstolo não por inspiração própria, ou por usurpação, nem mesmo por qualquer indicação do homem, mas por vontade de Deus. A igreja não nomeia apóstolos; eles são chamados por Deus.
2.     OS DESTINATÁRIOS DA BÊNÇÃO
a.     Os santos que vivem em Éfeso;à hagioi = Separados p/ Deus.
b.     Os Fiéis em Cristo Jesus, à pistoi = tem fé em Cristo. Fidelidade;
Paulo indica os destinatários da carta. Éfeso, capital da Ásia Menor, tinha mais 300 mil hab. A palavra Santo não quer dizer uma pessoa que não peca. Os santos não são pessoas mortas canonizadas, mas pessoas vivas separadas por Deus para viver uma vida diferente. E fiéis são todos aqueles que confiam em Cristo.
3.     O CONTEÚDO DA BÊNÇÃO
a.     Graça; à a graça é a fonte.
b.      Paz;à a paz é o sorriso de Deus que faz presente no coração dos redimidos.
Paulo roga bênçãos especiais para os destinatários. “A graça é causa da salvação, e a paz é o resultado dela. Essas bênçãos não emanam do homem; nem mesmo fluem da igreja. Elas só podem ser dadas por de Deus”. (Rev. Hernandes Dias).  Elas tem origem em Deus o Pai (Tg 1.17).
4.     A PROCEDÊNCIA DA BÊNÇÃO
a.     Da parte de Deus, nosso Pai;à.
b.     E do Senhor Jesus Cristo;à redime o coração, segurança da reconciliação por meio do sangue de Cristo, que é a verdadeira integridade e prosperidade espiritual. (Jo 14.27; Fp 4.7).
Paulo fala da procedência da bênção. A graça é pronunciada sobre os santos e crentes efésios. Esta palavra pode às vezes indicara bondade, como uma qualidade ou atributo de Deus ou do Senhor Jesus Cristo. Também pode descrever estado de salvação; e ou, a gratidão dos crentes pela salvação recebida ou ao espontâneo e imerecido favor de Deus, sua amorosa e gratuita bondade em operação, a salvação concedida aos pecadores sobrecarregados de culpa.


APLICAÇÕES:
1.     Embora não exista mais o apostolado, o cristão é um discípulo chamado por Deus para cumprir um propósito na formação do povo de Deus em todo mundo.
2.     Para cumprir esse propósito ele conta com a graça salvadora de Deus que proporciona paz no coração do pecador redimido.
3.     Essa mensagem é poderosa e produz resultados porque a procedência da mesma vem daquele que é poderoso para fazer cumprir tudo que lhe apraz. Tudo que glorifica seu santo nome.
Conclusão:
Queridos irmãos, se nós temos uma mensagem poderosa (as Sagradas Escrituras), porque vem do próprio Deus, devemos obedecer ao Ide de Jesus para anunciar o evangelho, que é o poder de Deus (Rm 1.16).
Somos discípulos, temos uma mensagem graciosa, uma mensagem que traz benefícios eternos, pois vem de Deus. Resta-nos ler, ouvir e praticar essas verdades. Amém.


Rev. José Francisco é pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil em Ipanguaçu - RN

quarta-feira, 18 de abril de 2012

RAZÕES PARA A ÉTICA CRISTÃ


Investigações as razões ou justificativas para a ética cristã, o porquê de analisá-las e o modo como considera-la. Como tais razões influenciam a conduta humana. Quatro motivos para fazer ética cristã
1. O motivo antropológico
A ética é indispensável porque faz parte da experiência humana. O homem está se desenvolvendo, está se decidindo diariamente, na cultura, na tecnologia moderna, no crescimento populacional das cidades, na agropecuária. Como um ser indefinido, continua progredindo e a se definir. Ele vive no meio, entre a liberdade e a dependência do instinto. As boas intenções fazem parte do ser humano. O homem desenvolve-se de humanitas (mínimo de humanidade) para humanitas  (máximo de humanidade). Em qualquer lugar que exista seres humanos, eles diferenciam entre o certo e o errado, entre o bem e o mal... O homem mais primitivo, tal como o mais civilizado, julga suas decisões.
2.  O motivo sociológico
Uma sociedade precisa de estrutura e ordem para sobreviver. O individuo precisa limitar suas ações em favor do próximo: sinais de trânsito, relações paternais, questões matrimoniais, convivência comunitária. Precisa refletir sobre seus próprios atos e atitude para sobreviver, e isso independe de cultura, educação, nível social, religião e ideologia.
3.  O motivo teológico
Em todos os homens existe uma consciência fundamental do bem e do mal (lei da Criação). Bom é o que visa o bem-estar, mau é o que o impede.
A pregação do evangelho não só tem seu ponto de partida no vácuo da ética do homem, mas também retrata este vazio a fim de e conscientizá-lo para receber uma nova mentalidade e consciência formadas pela Bíblia. Para que o homem seja justificado pela fé em Cristo Jesus, ele precisa primeiro ouvir o evangelho, a fim de reconhecer sua culpa e perdição. Diante de Deus. Além do evangelho, ele precisa ouvir também a lei, que conduz a Cristo (ler Gl 3.24).
4. O motivo individua e natural
Todo individuo é sensível, tem sentimentos pessoais, tem consciência daquilo que considera certo. Essa consciência de uma justiça geral é comum em todas as culturas do mundo. Somos quase cegos em relação a nós mesmos, mas somos altamente sensíveis em relação ao próximo. Nós justificamos sempre, mas acusamos o outro.
Dentro da filosofia e da ética, esse fenômeno recebe o nome de direito ou conhecimento natural, ou lei natural (do latim  lex naturae). Sobre isso, a Bíblia fala muito bem no texto de Romanos 2.14 e 15.

Do Livro “A ÉTICA DOS DEZ MANDAMENTOS” Um modelo da ética para os nossos dias, De Hans Ulrich Reifler – Vida Nova.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

IMPLICAÇÕES METODOLÓGICAS DA ÉTICA CRISTÃ


Em termo metodológicos, nossa ética é teológica, cristã e evangélica.
1.      Teológica
Significa que a única maneira de se conhecer e fazer ética cristã é conhecer o Deus vivo. Ou seja, todo nosso estudo da vida moral do homem e de seu ideal será determinado e controlado pelo conhecimento de Deus e de sua auto-revelação nas Sagradas Escrituras, única fonte de autoridade da verdade – ética teocêntrica.
2.      Cristã
Por definição, a ética cristã é condicionada a Cristo, em quem encontramos a mais perfeita revelação da vontade de Deus... somente Cristo faz com que a ética cristã seja verdadeiramente ética cristã. Nossa vida Cristã é a vontade de Deus em Cristo Jesus, como se encontra revelada nas sagradas escrituras.
A centralidade da obra redentora e restauradora de Cristo é fundamental para nosso viver diário (2Co 5.15).
3.      Evangélica
Nossa reflexão ética parte do evangelho, das boas novas que Jesus Cristo pregou e viveu. O fundamento não é a igreja, mas tão somente o evangelho confiado a Igreja. Ela surge da revelação, compreensão e interpretação do evangelho. Portanto, a Bíblia é a única fonte e norma de ensino e prática cristã.


SISTEMAS ÉTICOS
A ética legalista: consiste em dar prioridade a um conjunto de regras e leis pré-fabricadas que supostamente capaz de orientar, não pelo espirito de seu sentido, mas pela letra morta de sua formulação, pela conduta mecânica e pela obediência cega do homem e m cada situação. A moralidade legalista é e grande parte negativa.
A ética antinômica – falta de lei. Permite que cada individuo se torne sua própria diretriz e norma, tomando decisões morais sem levar em conta qualquer princípio ou padrão, em que conduz ao liberalismo.
A ética teonomica - O Deus da Bíblia é o elemento decisivo nas resoluções éticas do cristão... a teonomica obedece a Deus, tendo uma noção de resposta, de relacionamento pessoal, de comunhão entre Deus e o homem numa realidade comunitária. Deus – Homem – Bíblia (Gl 5.6; 6.15; 2Co 5.15).

RELAÇÕES BÁSICAS DA ÉTICA CRISTÃ
O teólogo luterano Otto Dilschneider Afirma que a “ética evangélica tem a ver com a personalidade do e tão somente com ser humano e tão somente com ela. Todas as outras coisas deste mundo permanecem intocadas por esse ethos evangélico. As coisas do mundo não entram em sentido ético na zona de exigência dos imperativos éticos”. (O. Dilschneider, Die evangelische Tat, Bertelsman, 1940, p. 87).
Essa perspectiva é extremamente individualista e protecionista. Ela mantem o status quo da sociedade, pois o cristão não pode se conformar com a comunidade onde vive; pelo contrario, deve cumprir sua função de ser sal e luz, a fim de transformá-la através da presença real de Cristo, que determina suas relações com as estruturas sociais mundiais, estaduais, municipais e domesticas e com o seu próprio Criador.
A ética cristã verdadeiramente evangélica considera que o senhorio de Cristo é uma realidade presente na vida dos renascidos (2Co 5.15;10.5;Gl 2.20). Estes proclamam e vivem o senhorio de Cristo em todas suas relações interpessoais. Quando Zaqueu aceitou o Senhor Jesus como Salvador, não mudou apenas seu relacionamento com Deus, mas também com o próximo. Ele pagou restituições de até 400% às pessoas a quem havia enganado antes de sua conversão (Lc 19.8).
Por isso a ética cristã envolve várias relações básicas que podem ser agrupadas em forma trigonal, cujo centro é a perfeita revelação da Palavra de Deus.
                                                              Deus
                                                          (ética teísta)
                                          
                                                                     
Fluxograma: Fita perfurada: A      Ω                              




                                           ego                                         próximo   
                                   (ética individual)                                  (ética social)
Partindo deste quadro, podemos ver que a ética cristã trabalha com as seguintes relações básicas:
1. Ética individual (ego – ego): auto conservação, cultura própria, direção própria;
2. Ética social (ego – próximo):
a) ética social geral: deveres do individuo para com a sociedade (trabalho, trânsito, raça, cultura, economia, viúvas, viciados, menores, hospitais, relações nacionais e internacionais); e
b) ética domestica: relação matrimonial, relação paternal e filial, relação trabalhista;
3. Ética teísta (ego – Deus): devoção do intelecto a Deus, devoção do coração a Deus (1Ts 5.23).

Do Livro “A ÉTICA DOS DEZ MANDAMENTOS” Um modelo da ética para os nossos dias, De Hans Ulrich Reifler – Vida Nova.