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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Correntes Milenistas - A-Milenista (1)


INTRODUÇÃO
 Diante do quadro que hoje se apresenta, no que diz respeito a interpretação do livro de Apocalipse, principalmente com relação as diversas correntes escatológicas que foram desenvolvidas neste último século, entendemos a necessidade de uma pesquisa teológica-filosófica disposta a analisar a escatologia contemporânea, a partir do livro de Apocalipse, com uma ênfase nas questão dos conceitos do milênio e suas correntes de pensamento.
Mostrar o significado dos termos Amilenismo, Pós-milenismo e Pré-milenismo, bem como o bojo de suas principais doutrinas e argumentações propostas para apoia-las, suas implicações na teologia atual com aspectos negativos e positivos de cada uma delas é o objetivo desta pesquisa.
Toda dificuldade reside quanto a interpretação em especial das passagens de Daniel 2 e Apocalipse 20, onde muitos tentaram explicar a volta de Cristo através de sistemas como os acima citados, a situação ainda é mais difícil quando passa do campo sobre a volta de Cristo para a natureza e forma da Segunda vinda, onde se dá as maiores diferenças entre as correntes contemporâneas da escatologia.
  
I.      O AMILENISMO

1.1    A APLICAÇÃO E SIGNIFICAÇÃO DO TERMO.
Normalmente se costuma criticar o amilenismo por acharem que ele é demasiadamente negativo, aplicando seus esforços principalmente em fazer oposição aos sistemas escatológicos de que discorda. Deixando de lado a questão de se esta crítica é verdadeira ou falsa, este trabalho pretende mostrar algumas afirmações positivas feitas por teólogos amilenistas.
O termo amilenismo não é muito apropriado ou adequado, pois sugere que os amilenistas não crêem em qualquer tipo de milênio ou simplesmente ignoram os seis primeiros versos de Apocalipse 20, que falam de um reino milenar. Nenhuma destas duas afirmações é verdadeira, afirma Anthony ª Hoekema[1]. Apesar de ser verdade que os amilenistas não crêem em um reino terreno literal de mil anos que se seguirá ao retorno de Cristo, o termo amilenismo não é uma descrição precisa do seu ponto de vista.
Alguns substituem o termo amilenismo pela expressão milenismo realizado, que com certeza, descreve a posição “amilenista” de forma mais precisa que o termo mais comum, já que os “amilenistas” crêem que o milênio de Apocalipse 20 não é exclusivamente futuro, mas está hoje em processo de realização. Porém, apesar de limitado utilizarei o termo mais comum, amilenismo
1.2 A HISTÓRIA DO AMILENISMO.
Alguns têm achado elementos amilenistas bem cedo na história da Igreja Cristã. Erickson afirma que "na Epístola de Barnabé, um tipo muito primitivo de escatologia amilenista"[2] pode ser percebido. O amilenismo tem estado presente, numa forma nem sempre diferenciada do pós-milenismo, durante longos períodos da história da Igreja.
Ainda que não tenha havido nenhum amilenismo radical nos primeiros séculos da Igreja, elementos amilenistas, no mínimo, provavelmente estavam presentes. Foi Agostinho, porém, aquele que sistematizou e desenvolveu a abordagem; o argumento mais significante que Agostinho fez é que o milênio não é primariamente temporal nem cronológico, seu significado, pelo contrário, se acha naquilo a que simboliza; Esta tradição continuou na Igreja nas vertentes católicas e protestantes até o século dezenove, quando o pós-milenismo foi desenvolvido pela primeira vez de modo total e abrangente se separando do amilenismo.
Com o declínio do pós-milenismo durante o século vinte, números consideráveis de pós-milenistas anteriores acharam necessário ajustar sua escatologia. Porque o pré-milenismo representava uma alteração por demais radical, a maioria optou pelo amilenismo. O surto do amilenismo, portanto, pode ser relacionado com os eventos que precipitaram a crise para o pós-milenismo. Para alguns, era claramente uma mudança de doutrina.; Para outros, era simplesmente adotar uma posição sobre um ponto-de-vista a respeito do qual não tinham tomado posição antes.
Hoje ,em nossos dias, na sua grande maioria, os conservadores dos grupos reformadores históricos são amilenistas (Presbiterianos e outros).

1.3 A ESCATOLOGIA AMILENISTA.
Este esboço cobrirá duas áreas da escatologia amilenista: A escatologia inaugurada - Aspecto da escatologia que já é  presente hoje, na era do Evangelho; E a escatologia futura.

1.3.1 A Escatologia Inaugurada:
A)Cristo conquistou a vitória decisiva sobre o pecado, a morte e Satanás. O dia mais importante na História, portanto, não é a Segunda Vinda de Cristo, que é ainda futura, mas a primeira vinda, que ocorreu no passado;
B)O Reino de Deus é ao mesmo tempo presente e futuro. Os amilenistas não crêem que o reino de Deus seja primeiramente um reino judeu envolvendo a restauração de forma literal do trono de Davi. E também não crêem que por causa da descrença dos judeus de sua época Cristo tenha adiado o estabelecimento do reino para a época de seu reino futuro no milênio, na Terra. Os amilenistas crêem que o reino de Deus foi fundado por Cristo na época de sua peregrinação na Terra,  está operante hoje na história e destina-se a ser revelado em sua plenitude no porvir;
C)Apesar do último dia ser ainda futuro, estamos hoje nos últimos dias. Os amilenistas entendem a expressão "últimos dias" não meramente como referência à época imediatamente anterior à volta de Cristo, mas como uma descrição do tempo entre a primeira e a segunda vinda de Cristo;
D)No que concerne aos mil anos de Apocalipse 20, estamos hoje no milênio. A posição amilenista sobre os mil anos de Apocalipse 20 implica em que os cristãos que vivem hoje estão gozando os benefícios do milênio, pois Satanás foi preso - estar preso não significa que não esteja ativo - por todo este período ele não pode enganar as nações e nem impedir a propagação do Evangelho e das missões. Um segunda implicação é que durante este período de mil anos as almas dos crentes que morreram estão já vivendo e reinando com Cristo no Céu enquanto esperam a ressurreição do corpo.

1.3.2 A Escatologia Futura:
A)Os "sinais dos tempos" aplicam-se tanto ao presente quanto ao futuro. Os amilenista crêem que a volta de Cristo será precedida de certos sinais, porém, estes sinais não devem ser encarados como se referissem exclusivamente a época logo antes da volta de Cristo. Eles tem estado presentes de alguma maneira desde o princípio da era Cristã;
B)A segunda vinda de Cristo será um único evento. Os amilenistas não encontram base bíblica para a divisão que os dispensacionalistas fazem da segunda vinda em duas etapas, com um período de sete anos. Compreendem a volta de Cristo como um evento único;
C)Na volta de Cristo haverá uma ressurreição geral tanto de crentes quanto de não crentes;
D)Após a ressurreição, os crentes ainda vivos serão repentinamente transformados e glorificados. A base deste ensino é o que Paulo diz em 1Cor.15:51,52;
E)Acontece então o "arrebatamento" de todos os crentes. Os crentes que acabaram de ressuscitar dos mortos, juntamente com os crentes ainda vivos que acabaram de ser transformados, serão agora arrebatados entre nuvens para o encontro com do Senhor nos ares (1Tes.4:17);
F)Segue-se o juízo final. Enquanto os dispensacionalistas costuma ensinar que haverá pelo menos três julgamentos distintos, os amilenistas discordam. Eles vêem evidências escriturísticas apenas para um único Dia do juízo, que ocorrerá na época da volta de Cristo. Todos os homens comparecerão então perante o trono de julgamento de Cristo;
G)Após o julgamento é introduzido o estado final. Os incrédulos e todos aqueles que rejeitaram a cristo passarão a eternidade no inferno, enquanto os crentes entrarão na glória eterna na nova terra.

1.4 ASPECTOS DO AMILENISMO.
Ao examinarmos as características do Amilenismo percebemos algumas semelhanças com o pós-milenismo e total discordância com o pré-milenismo. Isto gera alguns aspectos ,tanto positivos ,como negativos.

1.4.1 Pontos Positivos:
Do lado positivo, o amilenismo reconhece que a profecia e escatologia bíblicas fazem uso de grande quantidade de simbolismo. Os amilenistas, de modo geral, tem procurado levar a sério a natureza da literatura bíblica e tem perguntado o que esta sendo transmitido dentro daquele meio ambiente cultural, reconhecendo que o simbolismo pode estar presente e operante ainda quando não é obvio.
Em segundo lugar, o amilenismo tem procurado fazer exegese séria das passagens bíblicas relevantes, como Daniel 6 e Apocalipse 20.
E por fim o amilenismo, tem uma filosofia realista da história.

1.4.2 Pontos Negativos:
As maiores dificuldades do amilenismo se concentram na interpretação das duas ressurreições e um pessimismo sobre as condições da humanidade que antecedem a segunda vinda de Cristo.
A interpretação convencional amilenista é que há dois tipos diferentes de ressurreição, uma ressurreição espiritual e uma física, respectivamente. Mediante um exame pormenorizado, no entanto, pergunta-se se isto cria uma distinção onde não existe nenhuma.
O segundo e último aspecto negativo é que os amilenistas passam um pessimismo exagerado quando não acreditam num crescimento da justiça em escala mundial, um período de paz para humanidade e nem que a evangelização será bem sucedida como um sinal para a volta de Cristo. Cristo voltará mas não necessariamente estes episódios terão que anteceder sua volta.


[1] CLOUSE, Robert G. Milênio - significado e interpretações. Trad. Glauber
     Meyer Pinto Ribeiro. Campinas: Luz Para o Caminho, 202p.

[2] ERICKSON. Millard J. Opções contemporâneas na escatologia - um estudo do 
    milênio. Trad. Gordon Chown. São Paulo: Edições Vida Nova, 1991. 170p.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

SERMÃO EM EFÉSIOS 3.14-21


INTRODUÇÃO: Um dos ministérios mais negligenciado pela igreja de senhor tem sido o ministério de intercessão. Hoje, a maioria dos teólogos tem abandonado a trincheira da oração. Separamos a academia da piedade, a pregação da oração. Precisamos retornar às origens. A igreja de atos dos apóstolos 2.42 era uma igreja perseverante na oração.

ELUCIDAÇÃO: A primeira oração de Paulo, nessa carta, enfatiza a necessidade de iluminação; ela enfatiza a capacitação. A ênfase agora não é no conhecer, mas no ser.
Essa oração é geralmente considerada a mais sublime, a de mais longo alcance e a mais nobre de todas as orações das epistolas paulinas. Essa oração é o ponto culminante da teologia de Paulo. É considerada a oração mais ousada da história. Paulo está preso, algemado, na antessala da morte, no corredor do martírio, com o pé na sepultura e com a cabeça próxima da guilhotina da Roma. Ele tem muitas necessidades físicas e materiais imediatas e urgentes, porém não faz nenhuma espécie de pedido a Deus com relação à essas necessidades.
Os homens podem colocar Paulo atrás das grades, mas não podem enjaular sua alma. Eles podem algemar suas mãos e pés, mas não podem algemar seus lábios. Podem impedir Paulo de viajar, visitar e pregar nas igrejas, mas não podem impedir Paulo de orar pelas igrejas.
Paulo estava na prisão, mas não inativo. Ele estava realizando um poderoso ministério na prisão: o ministério da intercessão.


PAULO ORA EM FAVOR DA IGREJA DE ÉFESO

O que podemos aprender com a oração de Paulo?

1.    ATITUDES DE PAULO NA ORAÇÃO (vv.14,15)
No preâmbulo: John Stott diz que o prelúdio indispensável a toda petição é a revelação da vontade de Deus. Não temos autorização alguma para orar por qualquer coisa que Deus não revelou ser sua vontade. (leitura da Bíblia e oração).
O que aprendemos nessa introdução com o apóstolo Paulo? Três coisas:
a)   Postura de reverência (v. 14). Dobro meus joelhos perante o Pai. Os judeus normalmente oravam em pé, mas Paulo se põe de joelhos. Essa postura só era usada em ocasiões especiais ou em circunstâncias excepcionais (Lc 22.41; At 7.60). (Jesus e Estevão). A posição em si não diz nada, mas sim quem ora de joelhos e a quem. Um santo de joelho enxerga mais longe do que um filósofo na ponta dos pés. “Quando um homem trabalha, o homem trabalha; mas quando o homem ora, Deus trabalha”. (citação do rev. Hernandes Dias).
b)    Motivação de exultação pela obra de Deus na igreja (vv. 14,15). “De quem toma o nome toda família, nos céus e na terra”.
1.    Paulo fala da gloriosa reconciliação (gentios + Deus + judeus = uma igreja, o corpo de Cristo). (Ver Hb 12.22,23).
2.    Paulo se dirige a Deus como nosso Pai = confiança + Intimidade + ousadia + acesso confiante. Russel Shedd diz que “toda a ideia de paternidade se manifesta, tanto no céu como na terra, referindo-se à figura original da paternidade de Deus”. Deus como o Criador de todos. Um Pai nosso o Céu.
c)    Audácia confiante (v. 16). Paulo manifesta o desejo de que Deus atenda às suas súplicas “segundo as riquezas da sua glória” (v. 16). “A glória de Deus não é um atributo de deus, mas o fulgor pleno de todos os atributos de Deus”. Cutis Vaughan diz que o apóstolo tinha em mente os ilimitados recursos que estão disponíveis a Deus. Seus recursos são inesgotáveis.

   2.    O CONTEÚDO DE PAULO NA ORAÇÃO (3.16-19).
As petições de Paulo são como degraus de escada, cada uma delas subindo mais, porém, baseadas todas no que veio antes. O ponto culminante dessa oração está nas palavras do versículo 19: “para que sejais preenchidos de toda a plenitude de Deus. O que Paulo pede a Deus?
a)    Poder interior (vv. 1,17) “... que sejais fortalecidos com o poder do Espírito Santo. E que habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor”. A preocupação de Paulo não é com coisas materiais, mas com as espirituais. Diferente do que vemos na TV e nos shows gospel.
A presença do Espírito na vida é evidência da salvação (Rm 8.9), mas o poder do Espírito é a evidência da capacitação para a vida (At 1.8). Precisamos ser fortalecidos com o poder do Espírito porque somos fracos, porque o diabo é astucioso, porque nosso homem interior (mente, coração, vontade) depende do poder do alto para viver em santidade. Poder do Espírito Santo nos é dado conforme as riquezas da sua glória.
Habitação de Cristo – o cristão é templo do Espírito Santo para que Cristo habite intensamente na sua vida. A palavra grega Katoikéo significa tomar conta de toda a casa, tendo procuração ou autorização completa, de forma a poder fazer limpeza nas despensas se quiser, mudar a mobília como quiser, jogar fora o que quiser. Ele é o dono. (Russell Shedd, em “Tão grande salvação”). Também tem o sentido de sentir-se bem ou sentir-se em casa. Cristo sente-se bem em nosso coração? O coração do crente é o lugar da habitação de Cristo, onde ele quer está presente para reinar.

b)    Fundamentado no amor fraterno (3.17b, 18,19). “arraigados e alicerçados em amor”. O crente precisa ser fortalecido para amar. O amor é uma virtude da nova comunidade que Deus está formando. Para vencermos as diferenças raciais e culturais, precisamos do poder do Espírito para amar com profundidade (1Co 13.1-3). O amor evidencia nosso discipulado (Jo 13.34,35). O amor é o cumprimento da lei (1Co 10.4).

c)    Compreensão do amor de Cristo (3.18,19). A ideia central provém de duas palavras: compreender e conhecer – o amor de Cristo. A primeira sugere compreensão intelectual e a segunda refere-se a um conhecimento alcançado pela experiência. Compreender o amor de Cristo em suas dimensões (3.18) juntamente com todos os santos – largura + comprimento + altura + profundidade.

d)    Toda a Plenitude de Deus (v. 19b). Devemos ser cheios da plenitude de Cristo (1.23), do Pai (3.19) e do Espírito Santo (5.18). Devemos ser santos como Deus é santo e perfeito como Deus é perfeito (1Pe 1.16; Mt 5.48). Assim, seremos cheios até o limite, até aquela plenitude de Deus que os seres humanos são capazes de receber sem deixar de permanecer humanos. Ser semelhante a Cristo (Rm 8.29; 2Co 3.18). Como orou Jesus: a fim de que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles esteja”. (Jo 17:26). “Quando tivermos alcançado a plenitude de Cristo, então, teremos chegado ao limite” (Rev. Hernandes Dias Lopes).

    3.    A CONCLUSÃO DE PAULO NA ORAÇÃO (3.2,21).
Paulo conclui essa oração com dois pontos muito importantes para a vida da Igreja:
1ª.  A capacidade de Deus de responder às orações (3.20). “Àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós”. Deus é poderoso para responder, pois:
    a)    Ele não está ocioso, inativo ou morto;
    b)   Escuta a oração e responde;
    c)    Pois Ele lê nossos pensamentos;
    d)   Sabe tudo e tudo pode realizar;
    e)    Pode fazer muito mais do que pedimos ou pensamos (graça abundante);
    f )     Coforme o seu poder que opera em nós – Deus da superabundância.

2ª. A doxologia Exalta o Deus que responde às orações (3.21). “A ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém.”
a)    A Deus toda glória. Ele é o único que tem o poder para ressuscitar e fazer que nossos anseios se torne realidade – o poder vem dEle e a glória é dele.
b)   A Igreja deve glorificar a Deus – na igreja a glória de Deus se manifesta com maior intensidade. Assim, Deus é glorificado no corpo e na cabeça, na comunidade da paz e no Pacificador por todas as gerações (na História), para todo o sempre (na eternidade). Vaughan diz que “nada podemos acrescentar à imagem inerente da glória de Deus, mas podemos viver de tal modo que nossa vida contribua para que outros também possam contemplar a sua glória”.

APLICAÇÕES:
     1.    Orar com Reverência e de joelhos perante Deus;
     2.    Orar pedindo, dentro da vontade de Deus;
     3.    Orar sempre glorificando a Deus.

CONCLUSÃO (William Hendriksen)
O verdadeiro idealismo que sempre se esforça “para encher-se de toda a plenitude de Deus” é, às vezes, a coisa mais prática da terra. Quanto mais o crente é “radicado e fundamentado em amor”,... tanto mais serão também plenificados do ardente desejo de falar disso a todo mundo. Assim os pecadores serão ganhos para Cristo e o Deus Triúno será glorificado.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

CASAMENTO, UM COMPROMISSO SÉRIO (parte 1)


Não existe casamento tão ruim que não possa ser consertado. Não existe casamento tão bom que não possa ser melhorado. 

Introdução: o casamento nasceu no Éden. Deus instituiu e celebrou as núpcias do primeiro casal. O noivo eufórico e radiante exclamou: “esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne” (Gênesis 2.23). A harmonia entre o casal era completa: os dois era uma só carne! 
Mas o pecado entrou na história do casal. Os dois foram expulsos do Éden. A harmonia acabou, a paz desapareceu, a felicidade evaporou... As acusações mútuas, os ressentimentos e outras formas de sofrimento se instalaram junto ao casal. Sobrou a insegurança, o medo, o desespero. 
A história de Adão e Eva tem muita coisa em comum com a história de vários casais de nossa época. Muitos começam a vida conjugal no Éden, mas depois tudo fica pálido, insípido, sem sal, sem sabor. Ou, o que é pior, turvo, ameaçador. Mas não existe casamento tão ruim, que não possa ser consertado. 
Essa palestra pretende mostrar que a felicidade daqueles primeiros dias, meses ou anos pode ser reconquistada. O sonho não acabou. É possível tornar uma família feliz.

 O COMPROMISSO
O casamento foi instituído por Deus, na Criação. “Criou Deus, pois, o homem à sua semelhança, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou, e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a” (Gn 1.27,28). “Por isso deixa o homem pai e mãe, e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gn 2.24). 
O casamento foi instituído por Deus para a felicidade do ser humano. Por intermédio dele ocorre a “propagação da raça humana por uma sucessão legítima”. Mas o seu principal objetivo é o companheirismo entre os cônjuges. A procriação é uma bênção adicional. 
O que protegia o casamento do fracasso não era ato sexual pré-nupcial, mas o compromisso. O amor que unia os cônjuges era fruto desse compromisso. O casamento de nossos dias é bem diferente. Os pretendentes têm amplas oportunidades de se conhecer antes da decisão final. Teoricamente suas possibilidades de fazer um bom casamento, de estabelecer uma união harmônica e duradoura são bem maiores. Mas isso não tem acontecido porque eles têm feito deste sentimento emocional subjetivo, denominado amor, a base do seu casamento. E um sentimento, sujeito a muitas vicissitudes, não pode garantir o êxito de uma instituição tão importante. 
Para transformar o casamento que você tem no casamento que você quer, o ponto de partida é a conscientização de que o verdadeiro fundamento do matrimonio é o compromisso. O amor é importante, mas até ele deve estar baseado no compromisso. Pois, como disse Erich Fromm: “Amar alguém não é apenas um sentimento forte. É uma decisão, um julgamento, uma promessa”. Casamento que tem como base o amor não tem futuro. A maioria dos casais tem uma compreensão do amor emocional e superficial. Eles se apaixonam, se casam, deixam de amor e pedem o divórcio.

O compromisso estabelece alvos a serem alcançados

Segundo James Hunter, de “O Monge e o Executivo”, Compromisso é Sustentar suas escolhas. Ao fazermos os votos conjugais, assumimos o compromisso de amar, honrar, cuidar e defender o nosso cônjuge e ser-lhe fiel, na saúde e na doença, na prosperidade e na adversidade, na alegria e na dor. Comprometemos também a viver ao seu lado até que a morte nos separe. E estes compromissos se tornam a nossa meta, o nosso alvo. Todo casamento está sujeito a crises, mas quando o casal leva a sério o compromisso e o seu alvo é viver juntos até que a morte os separe, torna-se mais fácil superar as crises.

O Compromisso Produz Segurança

O amor é algo sublime, mas só o compromisso produz Segurança. Todos os que estão casados, pelo menos há alguns anos, sabem que nenhuma união significativa ou duradoura pode ser construída sobre a filosofia: ‘viveremos juntos enquanto o amor durar’. O casamento só irá durar sob o compromisso. Só o compromisso é que pode dar segurança ao casamento.

Pensamento: “o cônjuge mais feliz não é aquele que se casou com a melhor pessoa, mas aquele que consegue extrair o que há de melhor na pessoa com quem se casou”.
O AMOR
O fundamento do matrimonio é o compromisso. Mas é o Amor que lhe dar alegria, romantismo, sabor. Sem amor o casamento será frio, desinteressante, monótono. Por isso o casal deve cuidar do amor, alimentar o amor, investir no amor (1Co 13.1-3). Para transformar o casamento que você tem no casamento que você quer, é necessário cultivar o amor.

FICAR MAIS TEMPO JUNTOS
“Um estudo feito por um sociólogo Húngaro, Karoly Varge, que incluiu 30.000 pessoas em onze países, destaca que a estabilidade do casamento e do lar depende do tempo gasto em conversar. Quanto mais tempo gastamos um com o outro, tanto mais desejamos a companhia recíproca”. Marido e mulher precisam ficar juntos para cultivar o amor. Ficar mais tempo juntos é importante para cultivar o amor e, também, para resolver no nascedouro os problemas que possam surgir entre os cônjuges. 
As cortesias, as amabilidades, o romantismo e o carinho do período de namoro não podem cessar após o casamento. O amor que dura não é o que nos levou ao altar, mas aquele manifestado e experimentado todos os dia. (1Co 13.4-7). E quando não existe mais amor? “A única coisa que se podem fazer é aprender a amar de novo”. Cultivar o amor faz com que ele cresça e amadureça. E ressuscite, caso tenha morrido.

Do Livro Oficina de casamento, Rev. Adão Carlos Nascimento. Editora Z3ideias.
Antes de transformar-se em livro, este material foi testado em vários cursos para casais. Muitos encontraram nestas reflexões o cominho para melhorar seu casamento. Um casal, que antes pensava em se divorciar, após fazer o curso reconquistou a harmonia, a paz e a felicidade conjugal. Outro Casal, que vivia em harmonia mas queria aprender mais para se aperfeiçoar, fez o curso. E, após concluí-lo, declarou que nem na lua-de-mel sua vida conjugal tinha sido tão feliz como estava sendo após concluir o curso.

terça-feira, 5 de junho de 2012

ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA

TÓPICO: O PROCESSO DECISÓRIO – aula no STNe em 08/11/2011


Em nossas vidas, a todo instante, estamos envolvidos em decisões. Questões pessoais, familiares, acadêmicas, profissionais e outras, fazem parte desta realidade. O processo de decisões exige equilíbrio, pois as tomadas de decisões impulsionadas por emoções ou sem uma análise criteriosa das causas podem levar a verdadeiros desastres administrativos. Aqui surge uma pergunta: Como devemos proceder para tomar decisões corretas? A Bíblia nos dá a resposta em Salmos 25.12 quando diz: “Ao homem que teme ao Senhor, ele o instruirá no caminho que deve escolher”.
Do ponto de vista secular, como também religioso, todas as pessoas que ocupam cargos de liderança, vivem envolvidas em tomadas de decisões. Um grande volume de recursos, humanos e financeiros, é investido em reuniões e análises de dados objetivando a melhor escolha ou alternativa possível. O erro é sempre uma possibilidade, que pode trazer prejuízo, em curto, médio ou longo prazo.
As tomadas de decisões passam por algumas etapas que classificam o processo decisório. As seguintes são apenas exemplos dessas etapas:
1) Identificar a situação. Este primeiro estágio procura mapear a situação. Três aspectos são aqui apresentados; definição do problema; diagnóstico das causas e identificação dos objetivos da decisão.
2) Obter informação sobre a situação. Neste estágio, o administrador ouve as pessoas, pede relatórios, observa pessoalmente, lê sobre o assunto, verificar antecedentes e fatos passados.
3) Gerar soluções ou outras alternativas de ação. As decisões programadas facilitam a criação de alternativas. Quanto menor o número de alternativas desenvolvidas, melhor. A avaliação ou verificação da viabilidade das alternativas propostas não fazem parte deste estágio.
4) Avaliar as alternativas e escolher a solução ou a ação preferida. Num processo comum, as alternativas são avaliadas e comparadas, a fim de se buscar a mais propícia à solução. A avaliação ou verificação da viabilidade das alternativas propostas são partes deste estágio. Quando se tratar, principalmente do reino de Deus, a escolha de alternativa preferida, não deve favorecer a indivíduos, e sim ao grupo maior.
5) Transformar a solução ou a ação escolhida em ação efetiva. A solução escolhida é aqui implementada. Implementar uma decisão envolve vários fatores, como por exemplo, a aquisição de recursos, elaboração de orçamentos, planos de ações, delegação de responsabilidades, relatórios de progresso são essências nesta etapa.
6) Avaliar os resultados obtidos. A avaliação ocorre quando as seguintes questões são respondidas: O que aconteceu internamente e externamente é resultado das decisões? As expectativas foram alcançadas? O problema foi resolvido parcialmente, definitivamente ou se agravou? De posse desses resultados, e se forem positivos, deve-se partir para a implementação da alternativa correta.
Desse estágio passa-se para a execução de tarefas, podendo ser distribuídas individualmente ou em grupos, conforme a decisão tomada, tenha indicado como sendo a melhor alternativa.
É importante salientar que na implementação da alternativa, aqueles que forem executar as tarefas, assumirão responsabilidades de ônus ou bônus. Ou seja, o sucesso ou fracasso na execução de tarefas dependerá do empenho e do zelo de quem as executa. 
Quando se tratar de administração cristã, o processo é diferenciado do secular, pois deve se levar em primordial consideração a vontade de Deus. O líder cristão deve buscar conhecer a vontade de Deus para executar o processo. Os seguintes pontos são fundamentais:
a) Assumir o compromisso de realizá-la (Rm 12.1-2);
b) Reconhecer que Deus tem um plano específico para o indivíduo e para a sua igreja ou instituição (Jr 29.11);
c) Reconhecer que Deus revela sua vontade e essa produz paz e o desejo de realizá-la (Fp 2.13; Sl 37.4; Is 26.3);
Por último, deve-se observar a importância de avaliarmos as decisões alternativas a partir de textos como o de Lucas 14.31-32: “Ou qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil? Caso contrário, estando o outro ainda longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições de paz” e Salmos 32.80 “Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho”.
Qualquer processo decisório, para cumprir suas finalidades, terá de ter objetivos bem definidos, organização com sequências lógicas, planejamento e avaliações em todas as etapas a fim de que as alternativas possam gerir a administração correta. Como a Igreja tem propósitos, não só para esta vida, mas também para a eternidade, exige-se, por isso, temor a Deus, amor ao próximo, dependência de Deus, dedicação e esforço dobrado, no processo decisório, até a execução do mesmo.


Do estudante de teologia: José Francisco – STNe 2008 – 2011
Professor Rev. José Alex Barreto

TEMAS FUNDAMENTAIS DA EDUCAÇÃO CRISTÃ


Robert W. Pazmiño
RESUMO
Vivemos um momento onde o tema educação está em evidência. A necessidade do saber exige talento tanto dos professores quanto dos alunos. No livro “Temas Fundamentais da Educação Cristã”, Pazmiño descreve a necessidade de se promover uma fé genuína para o mundo pós-moderno. Para que isso aconteça, o educador cristão precisa reavaliar seu pensamento e prática com relação às questões fundamentais da educação cristã. O autor trata, de forma profunda, sobre as principais correntes, teorias e práticas apresentando a visão de vários autores que estão envolvidos intrinsecamente na educação cristã. Ele defende uma educação fundamentada nas Escrituras, e afirma que o educador cristão precisa examinar com bastante cuidado esses fundamentos a fim de entender os distintivos cristãos da educação.
Os dois primeiros capítulos estão entrelaçados por tratarem dos temas basilares nesse processo educativo “os fundamentos bíblicos e os teológicos”. Segundo o autor, o educador cristão, não pode abrir mão desses dois pressupostos na tarefa da educação, pois, se por um lado, as Escritura torna-se a base indispensável para a educação cristã, por outro, os fundamentos teológicos devem ser considerados de fundamental importância, tendo em vista que só se poderá entender ás Escrituras por meio do estudo teológico da autoridade, princípios e doutrinas contidos nesses fundamentos. Portanto, é imprescindível que os educadores considerarem tais fundamentos, utilizando estudos críticos, tradições e conceitos contextuais para que possa relacionar as diretrizes bíblicas e princípios à educação cristã no mundo moderno.
O capítulo três trata do terceiro fundamento para educação, a filosofia, que, em conjunto com os dois anteriores, oferece universais transculturais para dirigir o pensamento e a prática.  O desafio para o educador cristão é tornar explícita essa filosofia da educação, coerente com uma visão cristã do mundo. Essa visão do mundo trará implicações diretas na educação. A importância deste fundamento é levar o educador ao conhecimento para analisar as variações de pensamentos modernos e de escolas filosóficas que influenciam na educação cristã. O autor apresenta alguns gráficos, facilitando o entendimento, não somente dos problemas, mas também das alternativas reformadoras e o foco da educação, para que os educadores possam identificar os principais, universais transculturais e culturais que dirigem seu pensamento e sua prática.
No capítulo quatro o autor trata dos “fundamentos históricos”. Para o autor, o educador cristão é forçado a considerar aspectos da educação olhando para história a fim de aprender lições para os dias atuais e para o futuro. Ao investigar os fundamentos históricos, o educador é forçado a considerar aspectos da educação que estejam mais sujeitos a mudanças e diversas contingências de tempos e lugares diferentes. Para o autor, os educadores não precisam “reinventar a roda”, pois eles possuem o potencial par identificar, por meio da história, os princípios, propósitos e alvos da educação que sejam imutáveis. Eles podem adaptar às realidades atuais as estratégias e metodologias educativas que foram afetivas no passado. Ao afirmar passado, ele faz algumas perguntas que os educadores ter que respondê-las.
O assunto do capítulo 5 é “Fundamentos Sociológicos”, onde autor discorre sobre o a tarefa de uma sociologia do conhecimento para analisar os processos pelos quais a realidade é socialmente construída. O educador cristão deve saber compartilhar esse conhecimento com a comunidade, pois é essencial para a construção social da realidade contextual e cultural. O autor discorre sobre obras de autores como Emile Durkheim, John Eggleston e Rolland Paulston, entre outros, que influenciam o lar, a comunidade, a igreja em geral, a economia, a mídia, corpos políticos, diversas escolas e agências sociais. O exame dos fundamentos sociológicos despertam questões que requerem atenção aos relacionamentos mais amplos da vida da comunidade e da sociedade, sem excluir a consideração das pessoas que estão sendo ensinadas.
No capítulo 6, o autor trata sobre o desafio e a importância de se integrar a psicologia e a educação. Para que isso aconteça, ele apresenta algumas razões, como a dependência de teorias psicológicas, descobertas de pesquisas e práticas voltadas para o estudo de consciência e do comportamento de pessoas no processo de aprendizado. O educador precisa fazer distinções na psicologia e a escola psicológica que inclui as diversas correntes psicológicas. Este capítulo apresenta quatro abordagens sobre a integração, considerando o entendimento de psicólogos cristãos como Lawrense Crabb. Ele ainda considera as teorias do desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget, psicossocial de Erick Erikson, moral de Lawrense Kohlberg, e desenvolvimento da fé de James Fowler. O autor também apresenta os pressupostos bíblicos e teológicos para que o educador cristão possa usá-los com discernimento, de forma responsável e sabiamente.
O capítulo 7, que trata de questões dos fundamentos curriculares, apresenta a necessidade que o educador cristão tem tomar decisões que afetem diretamente a prática da educação. Tais decisões são necessárias no planejamento, na implementação e na avaliação de um currículo. O autor destaca a importância do currículo, pois através do mesmo, o educador entende os fundamentos da educação para a integração, ligando o entendimento de diversos fundamentos. Por meio de perguntas e respostas, o autor apresenta diversas definições e conceitos que leva o leitor a refletir sobre o compromisso distinto de valores na educação. Este capítulo, segundo o autor, completa a cisão dos diversos fundamentos que o educador cristão deverá considerar em pensamento e prática.
O livro ainda trás um apêndice onde o autor trabalha questões fundamentais que surgem como desafios aos educadores cristãos em afirmar a verdade numa era pós-moderna: “como cantaremos o cântico do Senhor em tema estranha?” (Sl 137:4). Ele também analisa a luta dos cristãos em celebrar a verdade na pessoa de Jesus para um contexto adverso onde testemunhar a fé e a verdade torna-se uma obrigação missionária na vida dos cristãos contemporâneos a exemplos dos discípulos no primeiro século. Pazmiño apresenta as implicações educacionais para aqueles que ensinam e aprendem. Propondo que os mesmos precisam empenhar-se em discernir a verdade e a versão e proclamá-la de várias maneiras, e se manter atentos para a sedução do particular como verdade e a versão pós-moderna de verdade, pois o perigo é usurpar o lugar reservado somente a Deus como fonte de toda verdade.
O pósfacil propõe orientações para que os leitores usem o ensino cristão ponderando na importância que representa para a transformação da igreja e consequentemente da sociedade. O autor estimula aos alunos identificarem “o que” e o “porque” de seu trabalho, afirmando ser importante tais perguntas para que o ministério seja bem sucedido. Seu objetivo é fazer com que os alunos tirem suas próprias conclusões de forma responsável.


Trabalho apresentado ao Professor Rev. José Alex.
Do estudante em teologia José Francisco ( STNe 2008 – 2011)

sexta-feira, 1 de junho de 2012

LIVRO DEUS EM AÇÃO


RESENHA
José Francisco do Nascimento
Veith Jr., Gene Eduard. Deus em ação: A vocação cristã em todos os setores da vida. São Paulo. Cultura cristã, 2007. 127p
Gene Eduard Veith, Jr. é autor e co-autor de vários livros notáveis sobre o cristianismo e cultura, incluindo tempos pós-modernos, da cultura cristã. Também é editor de cultura da revista World, é conferencista e contribui para um grande número de periódicos.
Deus em ação enfatiza o ensino da doutrina da vocação mostrando o que Deus faz em sua soberania por meio de nosso chamado em todos os sentidos da vida. Seja nos lares, no trabalho, na igreja ou na sociedade. É um livro que leva o leitor a descobrir que Deus está agindo, e tem um propósito vocacional em todas as áreas comuns da vida do seres humanos. Conhecer a doutrina da vocação nos conduzirá a uma vida cristã mais estruturada espiritualmente no pensar e no agir.
Gene Eduard neste livro expõe a doutrina da vocação e a maneira como aplicá-la de forma prática a vida pós-moderna. A obra está distribuída em onze capítulos. Do primeiro ao quarto, ele aborda a vocação do cristão, como Deus opera o propósito da vocação e como descobrir a vocação. Do capítulo cinco até o final do livro ele trata especificamente das implicações nos diversos setores da sociedade, seja no trabalho, na família, como cidadão e na igreja. O livro faz uma abordagem do ponto de vista ético, realista e final, apontando o nosso descanso em Cristo. No capitulo introdutório Gene Edward levanta alguns questionamentos como: “Qual o objetivo da vocação, como descobrir, como Deus chama para diferentes tarefas e como ele age diariamente no que fazemos. Ele responde esses questionamentos nos próximos capítulos”. Numa perspectiva reformada, especificamente Luterana de enxergar a vocação como uma manifestação da ação de Deus no trabalhador, no cidadão ou no pai de família. O autor instiga a uma reflexão sobre o agir de Deus, por meio da providência em todos e para todos. São verdades que conduz o leitor a perceber com clareza “o propósito da vocação” nos relacionamentos, demonstrando o amor de Deus ao próximo. (Mt 25.40).
Descobrir vocação não é tarefa fácil. Porém, sabemos que todos de alguma forma têm uma vocação ou múltiplas vocações dentro da vocação. Segundo Gene Edward, “ninguém escolhe a vocação, não depende de nós, e sim de Deus (p. 41)”. Seja no âmbito secular ou religioso, somos convocados por ela. O capítulo 4 lança forte luz para o entendimento da doutrina da vocação, esclarecendo como Deus age e por quem Ele age. Os próximos capítulos (5 a 8) são mais específicos, pois trata da vocação no trabalho, na família e na igreja, numa perspectiva bíblica para a vida do cristão.

Após a queda o trabalho que era pra ser só bênção, passou ser também visto como uma maldição. Ele pode causar satisfação, mas também pode ser frustrante, inútil e exaustivo” (p. 50). “Embora o cristão esteja no mundo, não pode se comportar em conformidade com o mundo. A partir do momento em que enxergamos a presença de Deus... e percebemos que ele está agindo [...] teremos encontrado a nossa vocação” (p. 53).

Isso ajuda nos relacionamentos entre cristão e não cristão. Pois diante de Deus todos são iguais, seja senhores ou servos. Todos nascem numa família. Este princípio foi instituído por Deus em Adão e Eva. Hoje os estudos antropológicos afirmam que “A família é à base de toda a cultura”. Portanto a vocação familiar dá sustentação às demais vocações, pois ela se entrelaça entre os membros da família: no pai, na mãe e nos filhos, cada um com sua função distinta. O apóstolo Paulo compreendeu e ensinou essa doutrina muito bem, comparando com a união de Cristo e sua igreja (Ef 5 28-33). O autor uma colocação interessante quando diz: “Embora a autoridade dentro da família e em outras vocações seja real, esse não é o objetivo da vocação” (p. 71). Outro assunto abordado que é relevante, é o nosso comportamento como cidadão diante do estado. Como cristãos precisamos refletir e compreender a dimensão da submissão às autoridades constituídas por Deus (Rm. 13). Em um sistema democrático o cristão tem oportunidade de governar mesmo sem assumir cargos políticos. Podendo fazer isso obedecendo e lutando por justiça para todos. Na igreja, a vocação se restringe mais para o campo espiritual. Embora todos tenham dons, “Cristo age de maneira poderosa na vocação do pastor”. Tudo isso está dentro do propósito e da providência de Deus. O chamado na igreja tem algumas implicações, pois exige deixar o mundo do pecado, para fazer parte da comunidade santa, embora cheia de diversidades é um organismo vivo; pois é o corpo de Cristo. Os três últimos capítulos, A ética da vocação.
Conhecer a ética vocacional é viver na luz, pois em todos os aspectos da vida reflete a doutrina da vocação. Ela abrange todas as áreas da vida, seja âmbito espiritual ou material. O autor frisa que “A reforma colocou a doutrina da vocação bem no centro do ensino”. (p.104). O pecado da falta de amor ao próximo, do orgulho, da ganância, do egoísmo, etc., vida a vocação. Essa forma que tudo que fizermos e que dá contra os princípios da palavra de Deus é pecado e assim fere a vocação. Outro aspecto importante é a autoridade para exercer vocação dentro das normas legalmente e estabelecidas o que concede tanto responsabilidade, privilégios quantos limites e liberdade então quando alguém tenta fazer algo que é da sua área vocacional, está ferindo e agindo fora da vocação. Graças a Deus que apesar de nós ele cumpre seu propósito em nós e através. Neste livro fica claro que seguir uma vocação não é tarefa fácil. Mas através das provações, tribulações, e nos fracassos, o cristão está consciente da sua dependência de \Deus. Porém nós só reconhecemos essa dependência quando oramos e nos submetemos a sua vontade de fato a oração é um caminho a ser trilhado pela vocação, em busca da resposta de Deus, seja para aprovação ou não. Neste capitulo dez ele cita Lutero, inclusive enfatizando a importância da oração para ele. Ele une dois elementos importantes para a vida dos cristãos “a oração e a fé” esses dois são inseparáveis, aqui está à diferença em o que serve a Deus e o que não serve.
Finalmente na conclusão ele aborda sobre como podemos descansar na vocação. O trabalho é bíblico, nele nós desenvolvemos nossas vocações. O descanso vem depois do trabalho. Na vocação quando ficamos atribulados por causa da tarefa diária, podemos ter certeza que encontramos refrigério e descansamos em Cristo. A pergunta final é: “como o cristão poder influenciar na cultura novamente a doutrina da vocação como foi na reforma”. O chamado da vocação não exige, necessariamente troca de funções no trabalho na verdade ele nos guia a desenvolve tudo para a gloria de Deus que é quem nos chama.