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quinta-feira, 15 de abril de 2010

Breve Estudo Sobre COSMOVISÃO

Objetivo:

1) Definir o que é cosmovisão

2) Como se dar a formação de cosmovisão

3) Teste de cosmovisão

4) Mudança da cosmovisão

5) Quais elementos essenciais da cosmovisão


Conceito

1) A cosmovisão é o modo de ver o mundo! É a interpretação que fazemos da realidade derradeira. É o sistema de pressupostos que usamos para organizar e interpretar nossa experiência da vida. É literalmente nossa visão do Cosmo.

2) Uma cosmovisão “é um conjunto de pressuposições (hipóteses que podem ser verdadeiras, parcialmente verdadeiras ou inteiramente falsas) que sustentamos (conscientes ou inconscientemente, consistente ou inconsistentemente) sobre a formação básica do nosso mundo. (James W, Sire “O Universo ao Lado” p. 16).

Como se dar a formação de cosmovisão

a) Por meio dos elementos formadores de uma cosmovisão: Família, Cultura, Formação acadêmica, Relações sociais e Igreja.

b) Por meio de pressuposições básicas, crenças e ações coerentes sobre os assuntos mais importantes da vida. Avaliando as crenças sobre Deus, a realidade, o conhecimento, a moralidade e humanidade. Interpretando o mundo, legitimando as normas culturais, conceitos de justiça, de pecado e como lidar com este e as escolhas morais.

Teste de cosmovisão

Toda cosmovisão não somente pode como deve ser avaliada. A avaliação revelará os princípios e as possíveis incoerências.

1) Teste da Razão

a) O teste da lógica ou da não contradição. Esta lei da não-contradição estabelece que A não pode ser tanto B como não - B ao mesmo tempo e o no mesmo sentido. (o que é, é; Verdade é Verdade e não pode ser mentira e verdade ao mesmo tempo).

b) A presença de uma contradição lógica é sinal de erro. Há de ser uma coerência se nãohouver uma  incoerência nas suas preposições básicas e no todo.

c)  O teste da consistência lógica alerta quando à presença de erro; a ausência de contradição não garante a presença da verdade.

2) Teste da experiência exterior

a) Este aponta para o que o homem sabe do mundo e sobre si mesmo.

b) Uma pessoa age quando objetiva à reivindicação de uma cosmovisão que conflita com aquilo que sabemos ser verdadeiro acerca do universo.

c) Este teste mostra se uma cosmovisão é capaz  de fornecer ajuda para entender o que percebemos.

3) Teste da experiência interior

a) Muitos desprezam a avaliação interior por dizer-se muito subjetiva (a lei de Deus gravada no coração).

b) Aspectos subjetivos: pensar, esperar, prazer, dor, crê, desejo, consciência moral, culpa ante o erro, pensar no que não existe etc. (cosmovisão que não considera estas questões plenamente não deve ser desconsiderada).

4) Teste da prática

a) Deve ser testada não somente na filosofia, mas também no Laboratório da vida. Uma coisa é uma cosmovisão passar por certos testes teóricos (razão e experiência); e outra é uma cosmovisão também passar num teste prático importante, a saber: uma pessoa que professa essa cosmovisão, pode viver conscistentemente em harmonia com o sistema que professa?Ou descobrimos que ela é forçada a viver de acordo com crenças emprestadas de um sistema concorrente? Tal descoberta deve produzir mais do que um embaraço. 

Mudanças da cosmovisão

Acontecem no tempo quando surgem dúvidas sobre os elementos chaves da cosmovisão. E ainda quando a mudança parece ter sido súbita, ela é precedida de um período de crescentes incertezas e dúvidas.
Pessoas mudam seus pontos de vista a respeito de temas importantes por desconcertantes variedades de razões. Muitas são influenciadas por correntes de pensamentos filosóficos e religiosos. Também idéias se ajustam a cultura absorvendo ou rejeitando-a.
Embora todos nós possamos conviver com algum nível de incoerência, quando as contradições internas se tornam muito grandes, procuramos maneiras de reduzir essa tensão. Algumas vezes, as contradições são tantas que nossa cosmovisão não atende mais às nossas necessidades básicas. Se uma visão mais adequada não nos for apresentada, podemos rejeitar a velha cosmovisão e adotar uma nova. Estas mudanças de cosmovisão estão no âmago do que os cristãos chamam de conversão.
*Afirmamos que existe ma Escritura (Bíblia Sagrada) uma cosmovisão e que esta é verdadeira em todas as suas partes. Porém nem tudo sobre o universo é revelado na Bíblia. As tentativas humanas de compreender a verdade sempre têm limitações.

Elementos essenciais da cosmovisão

1) Deus: o elemento crucial. É aquilo que se diz ou não sobre Deus. Ele existe? Sua natureza (quem é Deus)? É pessoal? É uma força ou poder impessoal?
O Teísmo diz: Deus é infinito e pessoal Trino), transcedente e imanente, onisciente, soberano e bom. (*O universo ao lado, p. 27).

2) Metafísica = teoria da existência. Qual a relação entre Deus e o universo? É a existência do universo um fato bruto (fruto do acaso)? É o universo eterno? É mecânico ou possui propósito? Milagres são possíveis?
*Deus criou o universo como uma uniformidade  de causa e efeito em um sistema aberto.

3) A Epistemologia = teoria do conhecimento. Esta distingue entre o verdadeiro e o falso. Há possibilidade de se obter algum conhecimento? Podemos confiar nos sentidos? Qual o papel da razão? Fé ou razão? É melhor dizer fé e razão. A verdade é absoluta ou relativa? Tudo isso se encaixa no campo da epistemologia. Esta, dentro da teologia, é relevante para a discussão da natureza da revelação da Bíblia e de sua interpretação.
*Como Deus, possuimos personalidade, autotrascedencia, inteligência (capacidade da razão e do conhecimento) etc.

4) Ética = teoria do valor. Crenças determinam ações, reações etc. A ética está preocupada com o porquê das ações. Refletem no sentimento, na palavra, nas ações etc. Como as pessoas devem se comportar? Como distinguir entre o bem e ou mal? O que devo valorizar? O que é o sumo bem?  Para a teologia, a questão é: qual é a explicação correta da doutrina na vida do cristão? A ética se preocupa em avaliar e determinar o que deve ser feito com o universo.
*A ética cristã é transcedente e alicerçada no caráter de Deus como bom (santo e amoroso).

5) Antropologia. A natureza dos seres humanos são livres ou meros penhores de forças determinantes? Qual a relação da mente com o corpo? Qual o propósito da vida?E a morte?
*Os seres humanos foram criados bons, porém, devido à queda a imagem de deus tornou-se desfigurada... através da obra de Cristo, Deus redimiu a humanidade e começou um processo de restaurar a bondade.

É necessário que se saiba que existe conflitos dentro de uma mesma cosmovisão. Porém toda cosmovisão funciona como esquema conceitual interpretativo para explicar porque vemos o mundo como vemos.
O cristão tem a tarefa de desconstruir, pela fé e a razão, a cosmovisão do não-cristão e revelar os seus absurdos.
Quando confrotamos com a necessidade de fazer uma escolha entre proposições fundamentais de diferentes csmovisões concorrentes, deveríamos escolher aquela que, quando aplicada ao todo da realidade, nos dê o quadro mais coerente do mundo.


*Zé Francisco é Seminarista do 3º ano do curso de teologia no STNe em Teresina - Pi

RESENHA DO LIVRO "IDE E FAZEI DISCÍPULOS"

RESENHA

José Francisco do Nascimento

GREENWAY, Roger S. Ide e fazei discípulos – Uma introdução às missões cristãs. São Paulo: Cultura Cristã, 2001. 207 p.


Embora a ordem “Ide fazei discípulos”, seja do primeiro século da era cristã, hoje o desafio continua o mesmo para os discípulos de Jesus. Em um mundo cada vez mais cético, os que abraçaram a fé em Jesus Cristo devem proclamar as verdades do evangelho constantemente. Embora o “ide” seja para todos, os missionários e evangelistas têm maior responsabilidade, pois eles têm chamados especiais que visam alcançar todas as nações. Na igreja da era pós-moderna o desafio para cumprir a tarefa de evangelizar o mundo é bem maior do que no principio. Hoje, o índice populacional a nível mundial, cresce assustadoramente. Enquanto que o número de missionários e evangelistas para cumprir a missão dada pelo Mestre não acompanha o mesmo ritmo. Outro problema é de ordem financeira, no preparo dos missionários; Há pouco investimento nesta obra grandiosa.

Roger S. Greenway, (B. D. Th. M., Calvin Theological Seminary) é professor de Missiologia no Calvin Seminary e autor de vários livros, inclusive Ide e Fazei Discípulos.

O livro “Ide fazei discípulos”, apresenta seis verdades sobre missões que desafiam o leitor:

1) Jesus ordenou que seus discípulos levassem o evangelho ao mundo todo;

2) O Espírito Santo desperta missionários de todas as nações, raças e povos;

3) A Bíblia é a autoridade máxima para se fazer missões;

4) Missões exigem conhecimento e preparo para o ministério missionário;

5) O cristão deve ensinar o que aprende na bíblia sobre missões;

6) No coração do cristão deve haver um desejo ardente em obediência a Deus, para que Ele seja adorado em todo lugar.

A obra está dividida em três partes. A primeira com três capítulos abordando o tema: “O mundo para o qual Cristo nos envia”. No primeiro ele fala de desafios e dificuldades que enfrentam aqueles que fazem missões como:

a) o crescimento da população mundial;

b) as migrações para as cidades e

c) as barreiras culturais entre outras.

Para ele, os missionários são cooperadores na obra de Deus e co-participantes no testemunho com Espírito. Em seguida, Roger apresenta alguns motivos errados e outros certos para se fazer missões. Dentre os errados, alguns são mais perigosos como: a busca da auto-satisfação, o egoísmo, e a promoção pelo trabalho que realiza. Entre os certos cita a obediência ao chamado visando à glorificação daquele que o chamou. Ele chama a atenção para o sentimento que deve arder no coração do missionário apontando o alvo da motivação para cumprir os propósitos de Deus.

Na segunda parte do livro, que vai do capítulo quatro a onze, Roger apresenta a base bíblica para se fazer missões. Nesta o autor trata da importância de se fundamentar o trabalho de missões nos princípios bíblicos. Primeiro aponta as base no Antigo Testamento numa perspectiva da distinção entre a religião bíblica e todas as demais religiões. Depois no Novo Testamento numa visão cosmológica abordando questões como a natureza de Deus versos natureza dos seres humanos. Ainda trata sobre o povo escolhido para testemunhar e cumprir o propósito divino. Em seguida, ele fala de “Missões nos quatros evangelhos” colocando Jesus no centro dos escritos e do ensino missionário. Fala do contexto social de Atos vivido por aqueles que foram os primeiros missionários focalizando a oposição sofrida por eles, a forma como era anunciada a palavra, os meios que os primeiros missionários usavam e os lugares onde pregavam. Sobre o ministério do “Espírito Santo” o autor aponta qual seu papel em missões, e a importância de se possuir os dons para o ministério missionário. Depois trata especificamente dos métodos que o apostolo Paulo usou para anunciar a palavra do evangelho; confronta o evangelho de Jesus Cristo com os ensinos brilhantes e vitoriosos de outras religiões pagãs, onde há sinceridade, mas em coisas falsas e vãs. A verdade bíblica coloca Cristo como único e suficiente para salvar os seus de todas as raças, tribos e povos. Conclui a segunda parte focalizando algo muito importante e imprescindível para que a obra missionária alcance bons resultados: “A oração, que é a nossa arma poderosa em Deus para vencer obstáculos”. (Cl 4:3-4; 2Ts 3:1-2).

A terceira parte vai do capítulo doze até o vinte e aborda especificamente as questões que envolvem missões. Nesta, o autor trata de um tema polêmico em nossos dias e principalmente em algumas igrejas tradicionais: “os ministérios de oração, a cura e exorcismo”. O assunto apesar de ser polêmico é pertinente, pois quem quer fazer missões mundiais precisa no mínimo, conhecer sobre o assunto. Em seguida trata sobre da organização, do crescimento equilibrado da igreja e da formação de líderes capacitados. Cita o apóstolo Paulo como exemplo excelente em treinar líderes, e aponta algumas qualidades especiais concedida pelo Espírito Santo que os líderes devem possuir (At 18.18). Nos capítulos seguintes o autor apresenta de alguns desafios urbanos como: Pobreza, diversidade social, étnica cultural, pluralismo religioso, etc. E algumas diretrizes para se obter sucesso no envolvimento com missões urbanas; “Pela praticidade de palavras e ações”. Apresenta sete conselhos práticos e diz que o trabalho de missões inclui uma serie de fatores como o preparo contínuo do agente missionário. Para Roger, “o trabalho de missões numa igreja pode até ser feito sem o pastor, mas se o pastor for comprometido com missões tudo será diferente”. O pastor deve ser preparado e dá o exemplo na evangelização ensinando e pregando, como também direcionando os membros a fazer o mesmo. Ele aborda outro assunto que mexe com toda estrutura da igreja: dinheiro para missões. Porém não haverá trabalho missionário se não houver sustento. Ele diz que “os sistemas de sustento” podem diferir de igreja para igreja, mas a responsabilidade é uma só em todo o mundo. - sustentar o missionário que é ao mesmo tempo, investir no reino de Deus (Fp 4.17).

Nos três capítulos finais, ele trata da ética dos que evangelizam e fazem missões apontando pontos positivos e outros negativos e formas que devem ser evitadas na evangelização; sugere algumas normas que facilitam a comunicação do evangelho e coloca sobre os missionários a responsabilidade de ser pacificadores mundiais. De forma peculiar trata fala dos conflitos entre os cristãos de todo mundos dizendo que tais conflitos só causam danos ao trabalho missionário. Finalmente enfatiza a importância do preparo missionário apontando as ferramentas necessárias e diz que o chamado é para todos os cristãos, mas do missionário é especial, pois este deve sentir profundo entusiasmo e um fogo ardente do Senhor. Antes de finalizar o livro ele põe um apêndice com sugestões evangelísticas.

Ide e fazei discípulos é obra simples, de fácil compreensão e de grande utilidade para grupos de estudos, seminarista e missionários que desejam aprender algo simples com profundidade. Em algumas colocações o autor foi infeliz; o leitor deve analisá-las a luz da fé reformada. Citamos como exemplo: a ênfase dada ao termo “batismo com Espírito Santo e chamar o Espírito Santo de arrombador de portas”. (cap. 7).

Recomendamos o livro “Ide e Fazei Discípulos” aos leitores e estudantes de missões e evangelismo, e a aqueles que desejam conhecer um assunto tão relevante em nossos dias. O seu conteúdo acrescentará conhecimento amplo àqueles que realmente se interessam pela obra missionária, a fim de cumprirem a ordem do Mestre. Certamente, ele servirá no mínimo, como um introdução ou guia sobre o assunto. Portanto, desejamos boa leitura.


*Jose Francisco é Seminarista do 3º ano de teologia nos STNe - Teresina - Pi.